Origem: Revista O Cristão – Deus Nosso Pai
Cristo, Aquele que Revela o Pai
Deus teve o prazer de Se revelar de várias maneiras e sob diferentes características em cada época e todas dispensações. Antes da cruz Ele havia Se dado a conhecer a Adão, aos patriarcas e ao Seu povo Israel, mas não foi até que Cristo veio e glorificou a Deus sobre a Terra e completou a obra que Lhe foi dada para fazer que tudo foi contado – que Deus pode ser conhecido pelo nome de Pai. Antes disso, nuvens e escuridão estavam ao redor d’Ele, mas assim que a expiação foi feita pela morte de Cristo na cruz, o véu foi rasgado, e os crentes puderam depois ser colocados na luz como Deus está na luz. Toda a distância e ocultação foram abolidas, e tudo o que Deus é, juntamente com o nome de Pai, foi totalmente manifestado. O próprio Cristo, como o Verbo que Se fez carne e habitou entre nós (Jo 1:14), era Ele mesmo a revelação do Pai. Mas até a descida do Espírito Santo havia pouco ou nenhum poder para apreender sobre isso da parte daqueles diante de quem a revelação estava passando.
Nenhum conhecimento até…
Praticamente não havia conhecimento de Deus como Pai até depois do Pentecostes. Isso ficará claro se traçarmos as sucessivas revelações de Deus feitas ao Seu povo no Velho Testamento. Para Abraão, Deus disse: “Eu Sou o Deus Todo-poderoso; anda em Minha presença e sê perfeito” (Gn 17:1); a Moisés: “EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós” (Êx 3:14). E quando Ele entrou em relacionamento distinto com o Seu povo escolhido, foi sob o nome de Jeová e esse foi sempre o nome do concerto com Israel. Pesquise todas as Escrituras do Velho Testamento e nem mesmo a palavra “pai” será encontrada mais do que cinco ou seis vezes, sendo aplicada a Deus, e na maioria desses casos é usada mais como indicadora da fonte da existência do que como implicando algum relacionamento.
Os santos do Velho Testamento, sem dúvida, nasceram de novo. Devemos insistir nisso, pois sem uma nova vida e uma nova natureza eles não teriam sido capazes de conversar com Deus, mas é igualmente verdade que eles nunca conheceram Deus como Pai e, portanto, que eles não poderiam desfrutar deste relacionamento.
O Filho revela o Pai
Deus não foi revelado como Pai antes de Cristo vir. O próprio Cristo foi o Revelador do Pai. No Evangelho de João, Ele nos é apresentado nesse caráter. No primeiro capítulo deste Evangelho é dito: “Deus nunca foi visto por alguém. O Filho unigênito, que está no seio do Pai, este O fez conhecer” (v. 18). Nenhum outro, a não ser Ele mesmo, poderia ter feito isso, e isso é devido à posição que Ele sempre ocupou – o lugar de intimidade e comunhão que Ele sempre teve, e somente Ele, desfrutado, marcado pelas palavras “no seio do Pai”. Ele nunca saiu deste lugar. É uma expressão moral. Ele estava nele tanto quando era o Homem de dores e experimentado nos sofrimentos (AIBB) como quando possuía a glória que tinha com o Pai antes que o mundo existisse, e na própria cruz Ele ainda estava lá, pois Ele mesmo disse: “Por isso, o Pai Me ama, porque dou a Minha vida para tornar a tomá-la” (Jo 10:17) – Sua morte foi em obediência ao mandamento que Ele havia recebido, fornecendo, por assim dizer, um novo motivo para a expressão do amor de Seu Pai.
Mais tarde no Evangelho, encontramos um dos Seus discípulos autorizados a deitar no Seu seio, e este mesmo discípulo foi o vaso escolhido para revelar no seu Evangelho a filiação eterna de Cristo, e isso em certa medida pode nos ajudar a entender que ninguém senão Aquele que sempre esteve no seio do Pai pôde revelá-Lo neste caráter e relacionamento. Nas coisas divinas, é sempre verdade, como princípio permanente, que só podemos dizer aos outros aquilo que nós mesmos conhecemos em nossa própria alma. Se não estamos no poder da coisa de que falamos, nossas palavras, claras como podem parecer, terão pouco significado. O próprio Senhor estabeleceu este princípio quando disse: “Te digo que nós dizemos o que sabemos e testificamos o que vimos” (Jo 3:11).
Como Ele O revela
Vamos então perguntar de que maneira o Senhor revelou o Pai. Ele mesmo respondeu à pergunta. “Disse-lhe Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai; o que nos basta. Disse-lhe Jesus: Estou há tanto tempo convosco, e não Me tendes conhecido, Filipe? Quem Me vê a Mim vê o Pai; e como dizes tu: Mostra-nos o Pai? Não crês tu que Eu estou no Pai e que o Pai está em Mim? As palavras que Eu vos digo, não as digo de Mim mesmo, mas o Pai, que está em Mim, é Quem faz as obras. Crede-Me que estou no Pai, e o Pai, em Mim; crede-Me, ao menos, por causa das mesmas obras” (Jo 14:8-11).
O próprio Cristo então, em tudo o que Ele era, na vida que Ele viveu quando estava aqui embaixo, foi a revelação do Pai; isto é, Ele era a apresentação moral perfeita do Pai, em tudo o que Ele é, para todos os que tinham olhos para perceber isso. Como Ele disse, “Eu lhes fiz conhecer o Teu nome” (Jo 17:26) – ‘nome’ na Escritura é a expressão da verdade do que uma pessoa é, e significa, neste contexto, a verdade do Pai. Assim, à medida que Cristo passou por essa cena, todas as características, todos os traços morais, todas as perfeições da mente, do coração e do caráter do Pai foram totalmente exibidas. Aos olhos naturais Ele era apenas Jesus de Nazaré, o filho do carpinteiro, mas os olhos abertos pelo Espírito Santo viram n’Ele “a glória do unigênito do Pai” e, como tal, Aquele que declarava o Pai.
Por palavras e obras
Suas palavras foram tão perfeitas quanto Suas obras e, portanto, quando os judeus perguntaram: “Quem és Tu?” Ele respondeu: “Tudo o que Eu também disse a vós” (Jo 8:25 – JND). Como alguém disse, “Sua fala apresentava a Si mesmo, sendo a verdade”. Nossas palavras frequentemente transmitem mais do que a verdade ou menos do que ela, e frequentemente nos sentimos humilhados com a descoberta de que não conseguimos expressar bem nem o que desejamos, e às vezes porque deixamos para trás uma impressão errada, senão falsa, pela imperfeição de nossas palavras. Com Ele, por outro lado, toda palavra era perfeita e, portanto, um raio de Sua própria glória, bem como uma manifestação do Pai. Assim, encontramos em João 14 que Ele identifica Suas palavras com Suas obras. “As palavras”, diz Ele, “que Eu vos digo, não as digo de Mim mesmo, mas o Pai, que está em Mim, é Quem faz as obras” (v. 10). As palavras eram tão perfeitas quanto as obras e ambas eram a revelação do Pai.
Como ter um conhecimento mais completo
A pergunta pode ser feita: “Onde, então, podemos obter um conhecimento mais completo de Cristo para conhecer mais perfeitamente o Pai?” A resposta a esta pergunta é de toda importância. É somente na Escritura que podemos aprender o que Cristo é. Pode haver meditação sobre Ele, indubitavelmente, mas se formos preservados das armadilhas do misticismo e da imaginação, a Palavra de Deus deve ser a base de nossas contemplações.
Lembrar-se disso incentivará ao estudo da Escritura em um tal espírito que será uma ocasião para adorar e para gratos louvores.
The Child of God, (adaptado)
