Origem: Revista O Cristão – Deus Nosso Pai
“Vede que Grande Amor”
1 João 3:1
Que belo é ouvir essas palavras de alguém que conheceu esse amor por tanto tempo e tão bem! O apóstolo havia acabado de dizer: “Se sabeis que Ele é justo, sabeis que todo aquele que pratica a justiça é nascido d’Ele”. Que pensamento! É isto que faz com que o apóstolo exclame: “Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto de sermos chamados filhos de Deus” (ARA). Isto dá um caráter e um relacionamento do qual o mundo não conhece nada a respeito. Aquele que era o Filho de Deus, o Unigênito, não era conhecido pelo mundo. Ele “estava no mundo, e o mundo foi feito por Ele e o mundo não O conheceu” (Jo 1:10).
Nós temos o relacionamento de Cristo com o Pai, e nós temos o Seu lugar como desconhecido aqui na Terra. “Por isso, o mundo não nos conhece, porque não conhece a Ele” (1 Jo 3:1). Nós sofremos com Ele aqui; Nós seremos glorificados com Ele lá. Aqui é sofrimento com Cristo em uma cena onde o pecado tem seu domínio, mas, sendo filhos de Deus, esperamos pelo lugar dos filhos em glória. Como Seus coerdeiros, então, possuiremos a herança com Ele e reinaremos com Ele, tendo sido glorificados com Ele. Então, podemos suportar bem ser desconhecidos em um mundo que não O conheceu. Enquanto isso, precisamos de paciência e confiança em Deus, “Porque ainda um poucochinho de tempo, e O que há de vir virá e não tardará” (Hb 10:37). É algo abençoado esperar pela Sua vinda, mas agora devemos estar contentes em sermos desconhecidos no mundo.
Um relacionamento presente e conhecido
No entanto, enquanto esperamos por Ele, temos um relacionamento atual e conhecido com o Pai – não esperamos por isso! Somos nascidos de Deus agora e somos filhos e herdeiros de Deus agora. É um relacionamento presente que conhecemos pela Palavra de Deus e que temos a consciência dela pelo Espírito em nós. Quão muito mais abençoado é isso do que qualquer coisa que possa ser conhecida por esse pobre mundo! Neste mundo é maravilhoso ser filho de um rei, mas o que é isto comparado a serem herdeiros de Deus e coerdeiros com Cristo? Esta é a dignidade do mais humilde e pobre crente em Cristo. Como isso deve elevar nosso coração acima de toda a glória vazia deste mundo!
Objetos do amor do Pai
Mas isso não é tudo. No relacionamento que temos com o Pai, por meio de Cristo, somos os objetos do Seu amor – imensurável, ilimitado, eterno. Quem pode medir esse amor? Somente na cruz do Calvário podemos ver a medida desse amor. Mas o preço foi pago e agora temos o mesmo lugar no amor do Pai como tem o próprio Cristo. O dia da glória manifestará isto até para o mundo – “para que o mundo conheça que Tu Me enviaste a Mim e que tens amado a eles como Me tens amado a Mim” (Jo 17:23). Temos o privilégio de beber neste oceano a plenitude de amor mesmo agora!
No dia de glória vindouro, não apenas desfrutaremos desse amor por toda a eternidade, mas seremos moldados à semelhança do Primogênito glorificado. Disto podemos dizer com confiança: “Sabemos”, embora hoje não seja uma questão de manifestação pública. Vamos vê-Lo como Ele é? Aqui não é a futura glória como Messias que está em vista. Certamente, nós O veremos e estaremos com Ele em Sua glória messiânica, pois “quando Cristo, que é a nossa vida, Se manifestar, então, também vós vos manifestareis com Ele em glória” (Cl 3:4). Todo o mundo O verá então como Filho do Homem, publicamente manifestado. Mas nós O veremos como Ele é agora na glória da presença de Seu Pai. Este é o desejo expresso do próprio Senhor: “Pai, aqueles que Me deste quero que, onde Eu estiver, também eles estejam Comigo, para que vejam a Minha glória que Me deste; porque Tu Me hás amado antes da criação do mundo” (Jo 17:24). Aquele que foi amado antes da fundação do mundo é o objeto do deleite imutável do Pai. Tendo glorificado a Deus como Homem aqui na Terra, Ele foi glorificado como Homem no alto com a glória que Ele tinha com o Pai antes do mundo existir. Este é Aquele a Quem veremos como Ele é! Que visão será essa! O louvor fluirá de nós quando virmos Aquele que uma vez foi crucificado, mas agora o Salvador glorificado!
Como Ele em deslumbrante glória
Como nossos olhos mortais poderiam olhar para Ele, naquela glória deslumbrante? A resposta é simples – nós seremos como Ele! Nossos corpos, humilhados pelo pecado, serão transformados em um corpo de glória, à semelhança do corpo de glória de Cristo. E isto não é meramente no corpo, mas também no espírito, de modo que nos uniremos de todas as maneiras à gloriosa esfera onde Ele habita.
Que efeito presente tudo isso tem em você e em mim? “E qualquer que n’Ele tem esta esperança purifica-se a si mesmo, como também Ele é puro” (1 Jo 3:3). Esperamos ser como Ele naquele dia? Então vale a pena ser como Ele agora – em pureza de coração, em espírito e em nossos caminhos, exalando a doce fragrância de Sua vida ao longo do caminho aqui.
Que possamos continuar nos purificando como Ele é puro até que Ele venha e complete isto em glória!
Things New and Old, vol. 31, pág. 29 (adaptado)
