Origem: Revista O Cristão – Direção para um Dia de Ruína
Somos Um Remanescente?
“Nós” não somos um remanescente, exceto no sentido em que o caráter de um “remanescente” moralmente deve caracterizar cada um de nós individualmente. Mas é a verdade que devemos testemunhar, e Deus nos permitirá fazer isso em graça até que Cristo venha. Nosso lugar é o de Daniel na Babilônia, orando com a janela aberta para Jerusalém. Não podemos sair da ruína, mas temos que dar testemunho em nosso coração e em nossa vida daquilo que não está arruinado, e o poder para isso está em se ocupar com as coisas acima de onde Cristo está. Sinto cada vez mais que o que Satanás vem atacando é a presença do próprio Senhor no meio de “dois ou três”, e o efeito que Sua presença deveria ter sobre nossa alma. É a Sua presença que torna a reunião real. Mas, então, se Ele está lá, todo coração que O reconhece deve estar sujeito e, consequentemente, também estar sujeito um ao outro “no temor de Cristo”. Isso aumenta os afetos e produz um exercício de consciência, que nada mais pode fazer da mesma maneira, e um respeito pela consciência dos outros, que é inseparável de uma caminhada no temor de Deus. Isso mantém a alma em paz e quietude também, na presença de todos os problemas que surgem, pois nossa confiança está no “Deus vivo”.
Outro dia fiquei muito impressionado com o contraste em 2 Reis 6 – o profeta e o rei, Dotã e Samaria. Exteriormente quem era o que se lamentava? Hoje em dia se fala muito sobre humilhação. Mas aqui vemos que o homem que vestia pano de saco estava em inimizade contra Deus e mostrava a profundidade de sua degradação moral ao buscar a vida do profeta. Isso foi realmente privar-se do único elo existente entre ele e Deus em graça, pois Deus estava agindo em graça, por meio de Eliseu, e vinha fazendo isso o tempo todo. Mas o que fez do rei um verdadeiro queixoso era a ação de Deus em favor do povo. Isso é profundamente solene e explica, acredito, muito do que encontramos hoje em dia.
Não é certamente um momento de alegria exuberante, mas devemos nos regozijar no Senhor e andar com Deus na percepção da Sua graça, esperando ver o bem de Sua mão. Isso é o que Eliseu sempre fazia, e ele não estava desapontado. Deus usou a ocasião de fraqueza, tristeza e angústia para mostrar à Sua própria glória, os recursos de Sua graça, e Eliseu foi feito o instrumento abençoado dela. O que fez o rei usar pano de saco só levantou os olhos de Eliseu para onde ele sabia que os carros de fogo e os cavalos de fogo sempre eram encontrados: “Mais são os que estão conosco do que os que estão com eles”. Será encontrado o mesmo nestes dias. As trevas de Satanás se estabelecem moralmente naqueles que esquecem de pensar nas coisas que estão acima, onde Cristo está assentado. Se o luto do rei fosse verdadeiro, ele teria pensado primeiramente em se livrar de seus falsos deuses e em se voltar de coração para o Senhor. Mas ele não acreditava no poder de Deus ou na Sua vontade de ajudar, e era obrigado a confessar, em desespero, sua própria impotência. É uma imagem triste do homem longe de Deus.
(extraído de uma carta)
