Origem: Revista O Cristão – Discipulado

Discipulado e Amor

Todo verdadeiro crente ama o Senhor. Pedro, falando do Senhor aos crentes, disse: “não O havendo visto, amais”. Na presença do fariseu orgulhoso, o Senhor pôde dizer da mulher que beijou Seus pés: “porque [ela] muito amou”. No entanto, a Escritura reconhece que o amor ao Senhor pode ser encontrado em medidas muito variadas em diferentes discípulos e em diferentes ocasiões. O amor de Maria de Betânia, que ungiu o Senhor com o “unguento de grande valor”, foi certamente maior do que o dos discípulos que estavam indignados, e disseram: “Por que este desperdício?” O amor de Maria Madalena, que “estava chorando fora, junto ao sepulcro”, excedeu, naquela ocasião, o amor dos discípulos, pois está escrito que “Tornaram, pois, os discípulos para casa”. Embora o amor ao Senhor seja muito precioso à Sua vista e seja apreciado e desejado pelo crente, ainda assim, é claro, não podemos confiar em um amor que esteja tão sujeito a mudanças. O único amor em que podemos descansar deve ser o amor que não conhece mudança – o amor que permanece – o amor de Cristo pelos que são d’Ele.

Nosso amor ou Seu amor? 

É somente quando entendemos e desfrutamos do amor de Cristo, que o nosso amor por Ele desperta. “Nós O amamos”, diz o apóstolo, “porque Ele nos amou primeiro”. Portanto, nosso amor a Cristo será de acordo com a medida que percebemos Seu amor por nós. Nós então amaríamos o Senhor com mais singeleza de coração? Então, não nos voltemos ao nosso próprio coração e pensemos em nosso amor por Ele, mas procuremos deleitar nossa alma em Seu amor por nós.

O efeito da alma, que assim se deleita no amor de Cristo, é benditamente demonstrado em conexão com o apóstolo João, nas cenas finais da vida do Senhor. Em contraste, as mesmas cenas retratam os tristes efeitos e a confiança no nosso próprio amor pelo Senhor, no caso do apóstolo Pedro. Os dois discípulos amam o Senhor com afetos verdadeiros e profundos mais do que os demais, pois isso os guiou a deixar tudo para traz e segui-Lo. Um discípulo, porém, confiava em seu amor ao Senhor, enquanto o outro descansava no amor do Senhor por ele.

Com genuíno amor ao Senhor, Pedro pôde dizer: “Senhor, estou pronto a ir Contigo até à prisão e à morte”, e novamente: “Ainda que todos se escandalizem em Ti, eu nunca me escandalizarei”. Por palavras e ações, ele parece dizer: “Eu sou o homem que ama o Senhor”. Em contraste com Pedro, o apóstolo João diz, por assim dizer: “Eu sou o homem a quem o Senhor ama”. João se deleitava nesse amor maravilhoso, e nesse amor ilimitado ele descansou.

Cinco lições no discipulado 

A primeira ocasião em que João é chamado de discípulo “a quem Jesus amava” é no cenáculo, como descrito em João 13. Que grande cena é esta para ser contemplada pelo coração! João está ali se deleitando no amor de Cristo, repousando a cabeça no seio de Jesus, como o discípulo a quem Jesus amava. Pedro está lá com amor real e ardente pelo Senhor, mas confiando em seu próprio amor ao Senhor, em vez de descansar no amor do Senhor por ele. Pedro não estava perto o suficiente do Senhor para aprender sobre Sua mente, e então ele teve que pedir a João para perguntar quem era o traidor. Assim, aprendemos que a proximidade e a intimidade com o Senhor são a feliz porção daquele que repousa no amor do Senhor.

A segunda ocasião em que João é descrito como o discípulo a quem Jesus amava nos traz à cruz. E qual é o resultado? Ele se torna um vaso adequado e útil para uso do Mestre. Foi dado a ele a função de cuidar da mãe de Jesus. Descansar no amor do Senhor nos torna aptos ao serviço.

Na manhã da ressurreição, os dois discípulos foram rapidamente ao túmulo. Pedro corre na frente no início, mas no final, João vai à frente. Podemos aprender que, embora o homem de natureza ardente possa muitas vezes assumir a liderança em algum empreendimento espiritual, é o homem que está apoiado no amor do Senhor, que finalmente assume a liderança.

Mais tarde no mar de Tiberíades, Pedro, que era impulsivo e energético, novamente toma a liderança e volta a sua antiga função de pescador. Quando chega a manhã “Jesus Se apresentou na praia, mas os discípulos não conheceram que era Jesus”. Tendo mostrado a ele o quão inútil é trabalhar sem a direção d’Ele, Ele mostra agora o quão rico são os resultados quando eles agem debaixo de Sua direção. Imediatamente João percebe, “É o Senhor”! O discípulo que confiava no amor do Senhor é aquele que tem a percepção espiritual mais rápida.

Na praia, vemos os tratos carinhosos do Senhor para com Pedro, o homem que confiou em seu próprio amor. Pedro não está mais dizendo ao Senhor com autoconfiança o que ele está pronto para fazer, mas é o Senhor, em infinita graça, que diz a Seu discípulo restaurado o que Ele permitirá que ele faça. Você pensou em se glorificar acima dos outros pela prisão e pela morte, agora, então, vá até a prisão e a morte para glorificar a Deus. Mas e João? “E Pedro, voltando-se, viu que o seguia aquele discípulo a quem Jesus amava”. O homem que confiava em seu próprio amor e não tinha sido bem sucedido, precisava da graça restauradora e da exortação: “Segue-Me”. Não foi o que aconteceu com aquele que estava descansando no amor do Senhor, pois ele já estava “seguindo”.

Lembre-se destes resultados 

Assim, no discípulo a quem Jesus amava, vemos os benditos resultados que se seguem para aqueles que descansam no amor do Senhor, tais como:

  • habitará em proximidade e intimidade com o Senhor;
  • estará pronto para ser usado no serviço do Senhor;
  • fará progresso espiritual;
  • terá discernimento espiritual; e
  • seguirá de perto o Senhor.

Se podemos falar pouco do nosso amor por Ele, podemos com certeza nos gabar do Seu amor por nós. É o privilégio dos jovens Cristãos dizer “eu sou um discípulo a quem Jesus ama”, e o discípulo mais velho não pode dizer algo mais profundo que isso, pois todas as bênção são encontradas no Seu amor que abarca todas as coisas.

Adaptado de The Disciple Whom Jesus Loved

H. Smith

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