Origem: Revista O Cristão – Discipulado
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Em Mateus 8, temos três casos, um com propósito de seguir o Senhor, um de voltar atrás, e um de um genuíno discipulado.
Antigamente grandes multidões haviam seguido o Senhor, atraídos por Seus ensinamentos e milagres. Agora, depois que a multidão curiosa ter sido dispersada, o Senhor lida com os mais verdadeiros. Para ser um verdadeiro seguidor, era preciso deixar a multidão e procurar a Pessoa que ele desejava seguir.
Propondo-se a seguir
No primeiro caso, lemos: “E, aproximando-se dele um escriba, disse: Mestre, aonde quer que fores, eu Te seguirei” (Mt 8:19). Estas são palavras ousadas e confiantes, mas como o Senhor lhe responde? Ele não rejeita sua oferta nem o aceita imediatamente como Seu seguidor. Em vez disso, em palavras de infinita sabedoria, Ele responde com palavras que se adequam ao caso do escriba. Ele o lembra que “As raposas têm covis, e as aves do céu têm ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça” (Mt 8:20). O Senhor quer seguidores e convida amorosamente as almas a segui-Lo, mas ao mesmo tempo lhes diz quanto custa tal discipulado.
E assim acontece hoje. Podemos tomar o nosso lugar com Alguém como Este? Será que vemos tal beleza n’Ele que nos faz compartilhar voluntariamente de Sua rejeição? Há um momento chegando quando Ele será manifestado em glória, mas por enquanto devemos nos contentar em nos identificar com Aquele que foi rejeitado por este mundo.
Recuando
No próximo caso, se chega a Ele um que evidentemente já era um seguidor do Senhor, pois a Escritura o chama de “outro de Seus discípulos”. Ele faz o que parece ser uma proposta razoável: “Senhor, permite-me que, primeiramente, vá sepultar meu pai” (v. 21). Por que então o Senhor lhe responde: “Segue-Me e deixa aos mortos sepultar os seus mortos” (v. 22)? Era como se o homem tivesse dito: “Senhor, deixa-me esperar até que meu pai esteja morto – até que tudo o que me vincula com a Terra desapareça – e então eu Te seguirei”. Mas tudo o que nos liga a esta pobre Terra foi cortado pela morte do Salvador. Somos chamados a mostrar aos outros que somos do céu.
O mundo ao nosso redor está morto em ofensas e pecados, de acordo com Efésios 2:1. Nós também estávamos mortos antes, mas por meio da graça nos foi dada a vida. Não devemos procurar um lugar entre os mortos. Não pensemos que o Senhor Jesus estava defendendo a negligência aos pais. Não, pois Ele falou fortemente contra essa má prática em outros lugares. É correto cuidar de nossas responsabilidades em relação às coisas desta vida, mas com esse homem o Senhor percebeu mais do que meramente um cuidado por seu pai. Pelo contrário, era um vínculo com o mundo, uma desculpa para não dar ao Senhor o primeiro lugar em sua vida. É contra isso que devemos nos proteger e lidar em nossas vidas.
O discipulado genuíno
Finalmente, o Senhor lidera o caminho para um barco e Seus discípulos O seguem. Este é o verdadeiro discipulado, pois devemos seguir uma Pessoa divina – Cristo, não nossas próprias inclinações. Ao segui-Lo ao barco, eles tomaram sobre si todas as consequências de estar com Ele. Todos sabemos o que aconteceu. Uma grande tempestade começou. O barco estava sendo coberto pelas ondas, mas o Senhor estava dormindo! Alarmados, Seus discípulos O acordam e clamam: “Senhor, salva-nos, que perecemos” (v. 25). Então Ele, o Filho de Deus, Se levantou e repreendeu os ventos e o mar, e houve uma grande bonança.
A fidelidade a Cristo envolverá ondas tempestuosas e ventos fortes. Devemos lembrar que, embora Ele pareça estar dormindo, Ele está no mesmo barco conosco! Nós não somos deixados sozinhos, e se nós afundássemos, Ele afundaria junto! Que segurança Sua presença nos dá!
Vemos neste capítulo o Senhor apresentado como um Objeto a ser seguido e como Filho do Homem, sujeito a toda circunstância hostil. Além disso, nós O vemos como Filho de Deus, superior a todas as circunstâncias. Quão abençoado somos por conhecê-Lo em cada um desses caráteres! Vemos uma Pessoa a Quem todas as influências neste mundo se opõem e, ao mesmo tempo, Aquele que tem controle total sobre todas as circunstâncias. Ele nos chama para segui-Lo. Como estamos respondendo ao Seu chamado? Que Ele possa nos dizer naquele dia: “Bem está, bom e fiel servo” (Mt 25:23).
E. V. G., adaptado de Things New and Old, vol. 25, pág. 38
