Origem: Revista O Cristão – Fracasso no Testemunho

O Discurso de Despedida de Paulo

Agora, o querido apóstolo Paulo se aproxima do fim de seu discurso aos anciãos, em Atos 20. Sem dúvida, as lágrimas corriam por seu rosto enquanto ele lhes contava a triste notícia do que aconteceria depois que ele não estivesse mais entre eles. Satanás estava ele próprio ocupado em dividi-los e espalhá-los. Essa dispersão ocorreria de duas maneiras. Primeiro, mestres malignos, como o Juiz Rutherford das Testemunhas de Jeová, Joseph Smith do Mormonismo e seus semelhantes, se levantariam como lobos cruéis e despedaçariam o rebanho, se possível. Mas o segundo perigo do qual o apóstolo os advertiu era mais sério que o primeiro. A segunda dispersão seria aqueles dentre eles que formariam partidos e dividiriam o rebanho. “E que, dentre vós mesmos, se levantarão homens que falarão coisas perversas, para atraírem os discípulos após si” (At 20:30). Ah, foi o que fez Paulo chorar. Foi a razão pela qual ele disse: “Portanto, vigiai, lembrando-vos de que, durante três anos, não cessei, noite e dia, de admoestar, com lágrimas, a cada um de vós” (v. 31). Oh, como é triste quando um irmão assume a responsabilidade de dividir os santos de Deus. Eles falam coisas perversas, coisas obstinadas, coisas voluntariosas. Para quê? “Para atraírem os discípulos após si.” A Igreja de Deus tem sofrido sob esse flagelo ao longo de toda sua história. O espírito da coisa já estava em circulação nos dias de Paulo, tanto que alguns diziam, “Eu sou de Paulo, e eu, de Apolo, e eu, de Cefas, e eu, de Cristo” (1 Co 1:12). Mas isso é tão hediondo aos olhos de Deus hoje como era então. A avaliação de Deus não mudou em nada.

Pastores auxiliares[2] 

Uma das mais tristes tragédias que podem acontecer na vida de um servo do Senhor é a de ser culpado de afastar de Cristo, o Centro, uma porção da Igreja de Deus. Quão contrário ao coração de Cristo é que alguém busque seguidores após si! O Bom Pastor deseja ver o rebanho mantido junto; Ele os ama a cada um. Um irmão mais velho costumava dizer, “Lembrem-se, nosso Senhor Jesus tem pastores auxiliares que cuidam do rebanho, mas Ele não tem nenhum cão de guarda”. Em que espírito anseio eu por aqueles a quem vejo se desviando? O meu interesse é um interesse de justiça própria, farisaico, ou tenho eu o coração de Cristo, o Pastor Principal? É meu desejo ver essas ovelhas dispersas reunidas de volta a Cristo, o Centro, para que possam novamente ser felizes em Sua presença?

Encomendando a Deus 

“Agora, pois, irmãos, encomendo-vos a Deus e à palavra da Sua graça” (At 20:32). Observe que Paulo não disse, “encomendo-vos aos anciãos” ou “aos diáconos”. Ele não os encomendou a nenhuma autoridade terrenal. Ele os encomendou a dois imutáveis e inalteráveis objetos – Deus e a Palavra. Pode Deus mudar? Não. Pode a Palavra mudar? Não. “Para sempre, ó SENHOR, a Tua palavra permanece no céu” (Sl 119:89). Ele os encomendou “a Deus e à palavra da Sua graça; a Ele, que é poderoso para vos edificar e dar herança entre todos os santificados”. Tal é o desejo de Deus para todos nós hoje, que sejamos edificados na fé – que sejamos preparados para a grande herança que nos aguarda. O povo de Deus é um povo santificado, um povo separado, um povo reunido. Paulo sabia que a vontade de Deus expressada em Sua Palavra seria realizada no meio de um povo separado e santo. Quando vemos santos de Deus procurando misturar as coisas santas de Deus com o lixo do mundo, que insulto isso é ao bendito Senhor! O espírito da mistura entre o santo e o profano está em toda a nossa volta hoje. Vamos evitá-lo como evitaríamos uma praga. Oh, amados, vamos acordar! Lembremo-nos de quão perto estamos do fim. Nossas associações são aqueles a quem Deus pode chamar de santificados? O que fazemos para relaxar de vez em quando são atividades santificadas? Deus não tem nenhuma objeção a nos retirarmos para descansar e relaxar, mas será que tais períodos estão em harmonia com a vontade d’Ele para nós?

A oração 

Agora, o versículo 36: “E, havendo dito isto, pôs-se de joelhos e orou com todos eles”. Orou com eles, não para eles, nem sobre eles. Todos juntos se ajoelharam, e ele orou com todos eles. “Levantou-se um grande pranto entre todos e, lançando-se ao pescoço de Paulo, o beijavam”. Que belas são as afeições do povo de Deus! Jamais tente buscar algo semelhante no mundo, pois você nunca encontrará. Essa maravilhosa comunhão para a qual você e eu fomos trazidos é o fruto do Calvário. Ela vem de cima, do Cabeça da Igreja. “[…] lançando-se ao pescoço de Paulo, o beijavam”. Como eles o amavam! Era ele um pastor infiel? Ele sempre lhes falou coisas suaves? Estava sempre tentando conformá-los ao seu conforto pessoal? Absolutamente, não! Mas, na hora da despedida, o coração e consciência deles lhes disseram que este querido homem de Deus lhes havia dito a verdade. E o Espírito de Deus fez com que suas lágrimas e as dele se misturassem, no momento em que se separavam pela última vez na Terra.

“[Eles] não veriam mais o seu rosto. E acompanharam-no até ao navio.” Eles o observaram embarcar no barco, e posso vê-los acenando o seu adeus enquanto o navio vai embora. Como me lembro bem da despedida de um velho e querido servo do Senhor há cerca de 50 anos. Conforme nosso barco deixava o cais, esse velho servo veterano ficou na margem e, enquanto conseguimos vê-lo, ele acenava com o lenço para nós. Aquela foi a última vez em que o vimos neste mundo. Nosso próximo encontro será aquele “nos ares”, quando o Senhor vier para a Sua Igreja. Oh, amados, quão reais são as afeições de Cristo! Não as traiamos. Não procuremos um substituto. Vamos nos aproximar. Precisamos uns dos outros. Eu preciso do seu encorajamento e adoraria ser um pouco de encorajamento para você, enquanto juntos aguardamos a Sua vinda.

C. H. Brown (adaptado)

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