Origem: Revista O Cristão – Os Dons
Um Caminho Ainda Mais Excelente
Sempre que falamos de dons, devemos nos lembrar do perigo de serem usados de maneira errada. Isso certamente aconteceu em Corinto, uma assembleia na qual o apóstolo poderia dizer: “nenhum dom vos falta” (1 Co 1:7). No entanto, seu uso dos dons, tão amplamente dados a eles, era frequentemente, e evidentemente, para promover o “eu” e não para a edificação dos santos ou a bênção das almas em geral. “Porque os dons e a vocação de Deus são sem arrependimento” (Rm 11:29), e assim Deus não remove um dom, mesmo que seja usado indevidamente. Deus pode permitir que alguém continue exercendo um dom de maneira errada, embora Ele possa lidar governamentalmente com o tal como fez com os coríntios. Além disso, devemos lembrar que os dons, embora sejam uma grande ajuda na obra do Senhor e para serem muito desejados, por si mesmos não conferem piedade.
Os dons e o amor
O apóstolo Paulo, depois de detalhar os dons e o poder do Espírito ao usá-los em 1 Coríntios 12, nos mostra “um caminho ainda mais excelente” no capítulo 13. É o amor que dá caráter aos dons, e não são os dons que dão caráter ao amor. O amor tem falado por seus dons, e é o amor de um Cristo ressurreto em glória que deu os dons, a fim de que Seus santos – Sua noiva – possam ser edificados e consolados. Este é o amor divino, um amor que se expressou pela grandeza de seus dons. Os pensamentos de Deus para conosco são de amor, e o propósito do dom é nos expressar a natureza do pensamento por trás do dom. É o pensamento que dá o maior caráter ao dom, pois o pensamento permanece para nosso desfrute, mesmo que o dom não esteja mais presente.
Muitas vezes nos envolvemos com os dons – a expressão desse amor – e, no entanto, deixamos de desfrutar desse amor como deveríamos. Ele Se regozija em dar, e Seus dons me falam de Seu amor no mais alto nível. Aprendemos a extensão do coração de Deus no maior de todos os dons – o dom do Seu amado Filho. Mas, em outro sentido, não aprendemos o amor d’Ele com Seus dons para a Igreja, pois, como já observamos, é antes o Seu amor que dá caráter aos dons. Talvez Seu maior dom agora seja o privilégio de conhecer a Cristo e servi-Lo, e é o desfrutar do Seu amor em nosso coração que nos motivará a querer saber sobre Ele e servi-Lo. Dons são uma grande ajuda em tal serviço, mas eles não são o motivo para isso.
A força motriz
Assim, em 1 Coríntios 13, descobrimos que o amor deve ser a força motriz do exercício de todo dom, ou não será nada. Um homem pode possuir o dom mais brilhante, mas, se não for usado em amor, não terá proveito algum. Alguém pode conhecer “todos os mistérios”, ter “toda a ciência” e ter “toda a fé” (v. 2), mas sem amor ele não é nada. Mesmo que alguém se torne um mártir por Cristo, não servirá de nada, se o amor não estiver nele. Isto é algo que sonda a todos nós. Em qualquer serviço para o Senhor, sempre nos perguntemos: “É o amor que me coloca em movimento?” Antes de mais nada, deve haver amor a Cristo, esse amor em nós que responde ao Seu amor, mas depois o amor aos outros – aos pecadores que precisam de salvação e aos santos que precisam de encorajamento. O amor não tem nada a ganhar além do bem para os outros.
Que possamos continuar a procurando “com zelo os melhores dons” (1 Co 12:31), mas lembre-se de que o amor deve ser a força motriz por trás do uso dos dons e deve ser aquilo que lhes confere caráter.
