Origem: Revista O Cristão – Os Dons
O Dom do Espírito Santo
O que desejo enfatizar em particular é a grande verdade do dom do Espírito Santo, e isso se distingue de qualquer obra de Seu poder por parte de membros específicos. Esses dons diferem, mas o dom em si é e deve ser o mesmo Espírito Santo. Aqui falamos de uma Pessoa divina, que vem morar em cada Cristão e na Igreja. É evidentemente algo que corrompe a verdade se alguém falar de diferenças n’Ele. Pode haver uma variedade de formas e medidas nas quais o Seu poder é exibido; pode haver e existem diferentes graus pelos quais adentramos no gozo de Sua presença, mas o Espírito Santo habita em todos os crentes que agora repousam na redenção consumada em Cristo Jesus.
O sinal duplo
Além disso, há também a circunstância de Ele estar não apenas em nós, mas também conosco. Assim, descobrimos que, enquanto as línguas de fogo repousavam sobre cada um deles, havia também um vento impetuoso que enchia toda a casa. Havia, portanto, o que pode ser chamado de duplo sinal da presença do Espírito de Deus – o que habitava cada pessoa individualmente, mas também o que, de maneira geral, enchia a casa onde estavam assentados. Podemos ver no livro de Atos que o Espírito Santo estava entre eles bem como em cada um deles.
Fazemos bem em dar atenção especial ao relato inspirado de Deus do dia de Pentecostes. Jesus sendo “exaltado pela destra de Deus e tendo recebido do Pai a promessa do Espírito Santo, derramou isto que vós agora vedes e ouvis”. Isto é, havia sinais palpáveis diante deles e evidenciados por eles do cumprimento da promessa do Pai. O Espírito Santo prometido não era em si uma coisa para ser sentido, mas, no entanto, havia poder exterior que o acompanhava. É muito importante distinguir isto, porque de outra maneira os homens estão em perigo, em consequência da ausência destes sinais exterior, de negligenciar e negar aquele dom incomparável que sempre esteve acima de seus efeitos. Qualquer que fosse a importância desses sinais, eles eram apenas a comprovação para o homem quanto ao dom e presença do Espírito como algo novo sobre a Terra.
Outras obras do Espírito Santo
Quando o apóstolo os exortou a se arrependerem e serem batizados cada um deles em nome de Jesus Cristo para a remissão de pecados, você notará o seguinte: “E recebereis o dom do Espírito Santo”. Certamente, quando eles se arrependeram, não foi sem o Espírito Santo. Quando eles receberam o nome do Senhor Jesus Cristo, encontraram n’Ele a remissão, e foram batizados, não há dúvida de que o Espírito Santo deve ter dado a eles o arrependimento e a fé em Seu nome. Por isso, é evidente que a recepção do Espírito Santo, como é dito aqui, não tem nada a ver com fazer com que os homens creiam e se arrependam. É uma operação subsequente, uma bênção adicional distinta, e um privilégio fundado na fé que já trabalha ativamente no coração.
“O Dom” e os dons
“O dom do Espírito Santo” nunca significa os dons. Há muitos que confundem o dom com os dons. Eles nunca estão misturados na Palavra de Deus, pois não transmitem o mesmo pensamento. Existe até uma palavra diferente – não em nossa língua, mas naquela que o Espírito Santo empregou[1]. As duas coisas são invariavelmente distintas. Ambas podem, é claro, ser dadas na mesma ocasião. Um homem pode ter o dom e desfrutar da presença do Espírito de Deus em sua alma. Ele também pode ser capacitado pelo Espírito para levar o evangelho ao mundo, ou ser feito mestre ou pastor na assembleia. Ainda assim, o dom do Espírito Santo é outro privilégio. É o próprio Espírito Santo que nos é dado, e não apenas o poder com o qual Ele investe uma pessoa para propósitos especiais. O dom do Espírito Santo foi aquela bênção comum que foi conferida a toda alma que se arrependeu e foi batizada.
[1]  N. do T.: “Dorea” (G1431) é a palavra grega para “dom” e “carisma”  (G5486) é a para “dons”. ↑
Adaptado de Lectures on the New Testament – Doctrine of the Holy Spirit
