Origem: Revista O Cristão – O Lar, Um Santuário
“E Me Farão um Santuário”
Quando os filhos de Israel foram libertados do Egito e de tudo o que o caracterizava, o desejo imediato de Deus era: “E Me farão um santuário, e habitarei no meio deles” (Êx 25:8). Os israelitas estiveram no Egito por muitos anos, e Deus os multiplicou grandemente, mas nunca em toda a história deles Deus lhes pediu que fizessem um santuário para Ele. Não, o Egito é um tipo do mundo e, infelizmente, eles aprenderam lá como adorar ídolos (veja Josué 24:14). O Egito não era um lugar onde pudessem servir corretamente a Deus, ou onde pudessem construir um santuário para Ele.
No entanto, uma vez que eles estavam no deserto e livres do domínio de Faraó, como um povo redimido, eles estavam aptos para construir um lugar onde Jeová pudesse habitar entre eles. O desejo de Deus sempre foi o de habitar entre Seu povo, e embora Israel não pudesse se aproximar de Deus com a mesma proximidade que desfrutamos neste tempo de Sua graça, ainda assim Ele queria habitar entre eles. O tabernáculo e mais tarde o templo permitiram a Deus fazer isso, até que Israel O desonrou de tal maneira que, para Sua própria glória, Deus foi obrigado a permitir que fossem levados ao cativeiro. Aquele belo templo que Salomão construiu também foi destruído.
O lar
Hoje, neste tempo da graça de Deus, sabemos que “Deus… não habita em templos feitos por mãos de homens; Nem tampouco é servido por mãos de homens” (At 17:24-25). Pelo contrário, a assembleia, como a casa de Deus, é a “morada de Deus no Espírito” (Ef 2:22). O Senhor Jesus disse, “Pois onde estiverem dois ou três reunidos em Meu nome, aí estou Eu no meio deles” (Mt 18:20). Nossa casa não é mencionada da mesma maneira, mas acredito que quando consideramos nossa casa, temos o direito de fazer uma aplicação do que o Senhor disse a Moisés: “E Me farão um santuário, para que Eu possa habitar no meio deles” (Êx 25:8).
Durante nossa vida conjugal, minha esposa e eu construímos duas casas: ou seja, as casas foram construídas de acordo com os planos que submetemos ao construtor. Não só tivemos que criar os planos, mas tínhamos muitas outras escolhas a fazer – como que tipo de pisos teríamos, que tipo de luminárias e material hidráulico usaríamos e que cores pintaríamos as paredes. Mesmo que as pessoas comprem uma casa que já esteja construída, muitas vezes fazem algumas modificações nela ou fazem algumas reformas. Todos nós temos as nossas próprias ideias sobre o que gostaríamos de ter em casa.
A atmosfera do lar
No entanto, o Senhor não está preocupado se a nossa casa neste mundo é grande ou pequena, ou se é mobiliada de uma determinada maneira. Não, é a atmosfera do nosso lar que faz a diferença para Ele. Quando nosso Senhor estava aqui na Terra, o lar de Maria, Marta e Lázaro em Betânia era evidentemente um lugar onde Ele Se sentia em casa. Nada é dito na Palavra de Deus sobre o tamanho dessa casa ou seus móveis. Em vez disso, aqueles que viviam lá criaram uma atmosfera onde nosso Senhor poderia estar confortável e relaxado. É significativo que Ele tenha ido para lá pouco antes de ir para a cruz, pois era um refúgio onde Ele poderia estar longe de tudo o que estava sendo tramado contra Ele em Jerusalém.
Acho que, da mesma forma, o Senhor procura um santuário onde possa encontrar descanso, num mundo que O rejeitou e crucificou. A casa de Deus deveria ser, e ainda é, a habitação de Deus em Espírito. No entanto, na triste história da Cristandade, tornou-se agora uma “grande casa”, na qual há muita atividade vazia, bem como a realidade descrita em 2 Timóteo 2:20. Um crente fiel não pode deixar a grande casa, mas ele é obrigado a se separar do que desonra o Senhor nessa casa.
Um lugar para o Senhor
Podemos falar de um lar que é um santuário para nós e nossos filhos, longe da influência deste mundo, mas para que isso aconteça, nosso lar deve ser um lugar onde o próprio Senhor possa encontrar descanso e paz. Ele deve ter a preeminência, pois onde Ele pode Se sentir em casa, devemos nos sentir em casa também. Em meio à desordem e confusão na grande casa, o Senhor procura lares Cristãos onde Sua Palavra seja honrada, lida e praticada, e onde Ele também possa encontrar descanso.
Na casa de Maria, Marta e Lázaro, lemos em João 12:2 que “fizeram-Lhe, pois, ali uma ceia”. Não foi apenas que eles fizeram a ceia, e depois convidaram o Senhor. Não, parece que a ceia foi feita expressamente para Ele, enquanto todos os outros participaram dela também. Isso está dando a Ele a preeminência, pois era a Sua ceia. Eu percebo que este incidente é uma figura do que deve ser a lembrança do Senhor, mas deve ser assim em nosso lar também. Sim, há certas coisas que fazemos para o nosso próprio conforto, e não há nada de errado com isso. Ontem, minha esposa e eu saímos e compramos um colchão novo para a nossa cama, já que o antigo está um pouco afundado. Mas no reino moral e espiritual, Cristo deve estar diante de nós, e não apenas o nosso próprio conforto, mesmo nas coisas divinas. Se fizermos do nosso lar um santuário para Ele, Ele desejará habitar entre nós. Então não só ganharemos imensuravelmente com isso, mas nosso Senhor Jesus Cristo será glorificado.