Origem: Revista O Cristão – O Cordeiro de Deus
“Eis o Cordeiro de Deus”
Tendo assim desvendado a exaltação e glória vindouras de Cristo, João Batista novamente O apresenta como o Cordeiro de Deus. “No dia seguinte João estava outra vez ali, na companhia de dois dos seus discípulos. E, vendo passar a Jesus, disse: Eis aqui o Cordeiro de Deus” (Jo 1:35-36). Na primeira passagem (Jo 1:29), era Cristo em Seu caráter sacrificial – a Vítima mansa e gentil – oferecendo-Se pelo pecado do mundo. Nesta passagem é a exibição do que Ele é em Si mesmo que desperta a admiração de Seu mensageiro. Olhando para Jesus, enquanto Ele andava, seu coração se encheu de adoração, e ele diz: “Eis o Cordeiro de Deus”, olhem para Ele, a beleza de Seus caminhos, a perfeição de Sua caminhada, o desdobramento de uma vida divina e humana, que era em si uma completa e perfeita apresentação moral de Deus ao homem. Era, de fato, um objeto que poderia prender o olhar de todos os observadores. Pois aquele Homem humilde, a Quem João assim designou, era o Único na Terra que respondia plenamente aos desejos do coração de Deus, o Único em Quem Ele podia olhar e em Quem podia descansar com complacência e deleite. João, portanto, estava na corrente dos próprios pensamentos de Deus quando apontou seus discípulos para este belo Cordeiro de Deus.
Isso, ao mesmo tempo, nos ajuda a entender o significado desse segundo clamor de João Batista. O próprio João foi cativado ao olhar para Jesus enquanto caminhava, e no completo esquecimento de si mesmo, sabendo que sua luz que era menor que a d’Ele deveria desaparecer e ser extinta por esse luminar celestial, ele deseja que seus próprios discípulos se ocupem com o objeto que atraiu e absorveu suas próprias afeições. Ele primeiro o proclamou como Sacrifício pelo pecado, pois nunca podemos conhecer a Pessoa de Cristo até que a questão do pecado tenha sido resolvida, e então ele O apontou para seus discípulos como o Objeto para o coração deles, como Aquele que tinha direito, em virtude de Seu sacrifício e o que consumou, de reivindicar a lealdade e afeição deles. E é para todos nós algo muito bendito quando as reivindicações de Cristo são plenamente reconhecidas. Sob a pressão do nosso pecado e culpa todos nós estamos dispostos, ou melhor, motivados, a procurar alívio por meio do Seu sangue, mas nosso perigo é, quando se obtém o alívio, esquecer que Aquele que carregou nossos pecados em Seu próprio corpo no madeiro tem, por esse mesmo fato, o direito a tudo o que temos e somos. Tem o direito? Sim, exatamente isso, o direito! Mas como isso evidencia a debilidade de nossas concepções do que Ele é e do que Ele fez, quando temos que argumentar e aplicá-lo. Quem falaria de uma mãe tendo o direito ao amor de seu filho? De maneira semelhante, falar de Cristo tendo o direito ao nosso amor é apenas a prova da dureza do nosso coração. Contemplá-Lo como Aquele que tirou o nosso pecado deve ser algo suficiente para nos ligar eternamente ao Seu serviço, para nos manter a Seus pés como Seus servos dispostos, para fundir nosso coração à gratidão e ao louvor.
