Origem: Revista O Cristão – O Cordeiro de Deus
“Eis o Cordeiro de Deus”
O testemunho de João alcança muito além do Messias em Israel, e vemos agora o efeito de seu ministério. “No dia seguinte João estava outra vez ali, na companhia de dois dos seus discípulos. E, vendo passar a Jesus, disse: Eis aqui o Cordeiro de Deus. E os dois discípulos ouviram-no dizer isso e seguiram a Jesus” (Jo 1:35-37). Nem sempre a declaração mais clara da verdade é a que mais age sobre os outros, pois nada fala tão poderosamente quanto a expressão do deleite do coração em um objeto que é digno. Assim foi agora. O maior dos que nasceram de mulher reconhece o Salvador por meio de genuína adoração, e seus próprios discípulos que o ouviam falar começam a seguir Jesus. “É necessário que Ele cresça e que eu diminua” (Jo 3:30). E assim deveria ser. Não João, mas Jesus é o Centro: um Homem, mas também Deus, pois nenhum outro poderia ser assim, sem diminuir a glória divina. Jesus mantém essa glória, mas isso também como Homem. Que verdade maravilhosa! João era o servo do propósito de Deus, e sua missão foi executada da melhor forma quando seus discípulos seguiram a Jesus. Ele deve ser o único centro de atração para todos que O conhecem, e a obra de João era preparar o caminho diante d’Ele. Então, aqui, seu ministério reúne para Jesus.
Onde Ele morava
Mas se no Evangelho de Mateus o Senhor tem uma cidade (que podemos nomear), se não um lar, aqui no Livro de João não é dito onde Ele morava. Os discípulos ouviram a Sua voz, vieram e viram onde Ele morava e permaneceram com Ele naquele dia, mas para outros Ele permanece anônimo e desconhecido. Podemos entender que assim deveria ser com Aquele que não era apenas Deus como Homem na Terra, mas também totalmente rejeitado do mundo. E assim é com aqueles que são Seus: “Por isso, o mundo não nos conhece, porque não conhece a Ele” (1 Jo 3:1).
Nem a obra para aqui ou ali. “Era André, irmão de Simão Pedro, um dos dois que ouviram aquilo de João e o haviam seguido. Este achou primeiro a seu irmão Simão e disse-lhe: Achamos o Messias (que, traduzido, é o Cristo). E levou-o a Jesus. E, olhando Jesus para ele, disse: Tu és Simão, filho de Jonas; tu serás chamado Cefas (que quer dizer Pedro)” (Jo 1:40-42). Profundamente interessantes são esses vislumbres da primeira introdução a Jesus daquelas almas que, recebendo-O, encontraram a vida eterna n’Ele e foram chamadas posteriormente a ser o fundamento daquele edifício que seria a morada de Deus no Espírito. Mas tudo aqui se concentra na Pessoa de Jesus, a Quem Simão é trazido por seu irmão, um dos dois primeiros que tiveram sua alma atraídas a Ele, embora pouco apreciassem Sua glória. No entanto, foi uma obra divina, e a vinda de Simão foi respondida com um conhecimento do passado, presente e futuro, que dizia Quem e o que Ele era, e que agora falava ao homem na Terra em graça.
O centro reconhecido
Aqui o mesmo princípio reaparece. Jesus, a imagem do Deus invisível, a única perfeita manifestação de Deus, é o Centro reconhecido além de toda rivalidade. Ele deveria morrer, como este Evangelho relata (João 11), para reunir em um os filhos de Deus que estavam dispersos, como Ele irá reunir todas as coisas no Céu e todas as coisas na Terra sob Sua liderança (Efésios 1). Mas então Sua Pessoa não podia deixar de ser o único Centro de atração para todos que viam por fé, como deveria ser com toda criatura. Ele veio não apenas para declarar Deus e nos mostrar o Pai em Si mesmo, o Filho, mas para tomar tudo com base em Sua morte e ressurreição, tendo glorificado perfeitamente a Deus em relação com o pecado que tinha arruinado tudo, e assim tomar Seu lugar no céu, a Cabeça glorificada sobre todas as coisas para a Igreja, Seu corpo na Terra, como sabemos agora. Sobre isso, entretanto, eu não falarei da revelação que envolve os conselhos de Deus e os mistérios ocultos às gerações e eras passadas, pois isso nos levaria às cartas de Paulo, o vaso escolhido para descortinar essas maravilhas celestiais.
Nosso assunto agora é João, que nos faz ver o Senhor na Terra, um Homem, mas que também é Deus, e que está atraindo para Si o coração de todos os que são ensinados por Deus. Se Ele não fosse Deus, tudo havia sido roubo não apenas de Deus, mas também do homem. Esse não foi o caso. Toda a plenitude habitava n’Ele – habitava n’Ele corporalmente. Ele foi, portanto, desde o princípio o Centro divino para os santos na Terra, como depois, quando Ele Se tornou o Homem exaltado, Se tornou o centro no alto, a Quem, como Cabeça, o Espírito os unia como membros de Seu corpo. Este último não poderia acontecer até que a redenção o tornasse possível de acordo com a graça, mas com base na justiça.
Reunidos a Ele
“No dia seguinte, quis Jesus ir à Galileia, e achou a Filipe, e disse-lhe: Segue-Me. E Filipe era de Betsaida, cidade de André e de Pedro” (Jo 1:43-44). É algo grandioso ser liberto por Jesus da vontade própria ou da prisão do coração da vontade do homem que é maior que nós mesmos – uma coisa grandiosa é conhecer que encontramos n’Ele, não meramente o Messias, mas o Centro de todas as revelações, planos e conselhos de Deus, assim estamos unidos com Ele porque estamos reunidos a Ele. Tudo o mais, seja qual for o pedido ou pretensão, é apenas dispersão e, portanto, trabalho em vão.
Mas precisamos de mais e encontrar mais em Jesus, que Se digna a ser não apenas nosso Centro, mas nosso “Caminho” na Terra, mas não do mundo, pois Ele não é do mundo, pois Ele não é nada menos que a Verdade e a Vida. Que bênção em um mundo assim! Agora é um deserto onde não há caminhos, mas Ele é o Caminho. Aqui existem armadilhas para seduzir, há perigos para se preocupar. Acima deles a voz de Jesus diz: “Segue-Me”. Nenhum outro é seguro. O melhor dos Seus servos pode errar, como todos têm errado. Mas mesmo que não fosse assim, Ele diz: “Segue-Me”. Cristãos, não hesitem mais. Sigam a Jesus. Vocês encontrarão um relacionamento melhor e mais profundo com aqueles que são d’Ele, mas isso por seguir a Ele a Quem eles também seguem. Apenas olhe bem para isto e veja se está de acordo com a Palavra, não seus próprios pensamentos e sentimentos. Sonde seus motivos de acordo com a luz por onde você anda. “Se os teus olhos forem bons (simples – TB), todo o teu corpo terá luz”. Mas a simplicidade é garantida olhando para Jesus, não para nós mesmos ou para os outros. Já vimos o suficiente de nós mesmos quando nos julgamos diante de Deus. Sigamos a Jesus. Só e completamente para Ele, uma Pessoa divina na Terra, isso é devido. É a verdadeira dignidade de um santo; é a única segurança daquele que ainda tem que vigiar contra o pecado que está nele; é o caminho da genuína humildade e do verdadeiro amor. Nisto teremos a certeza da direção do Espírito que está aqui para glorificá-Lo, tomando daquilo que é d’Ele e mostrando-o para nós.
