Origem: Revista O Cristão – Encorajamento

Força e Coragem

Força e coragem são mais necessárias em um dia de declínio do que quando tudo está indo bem. Existe um inimigo contra quem lutar, e em vez de ter o apoio de nossos irmãos, podemos nos encontrar com aquilo que estremece o coração e o enche de tristeza. Aqui o coração é testado e só Deus pode sustentá-lo.

Serviço e conflito 

Não existe apenas conflito com um inimigo comum, mas há o estado dos santos a ser suportado como um fardo para o coração. Você vai suportar este fardo? Você vai se apegar aos santos no poder do amor divino quando eles se afastarem de você como todos na Ásia fizeram com Paulo? Será que você irá procurar servi-los quando for mal entendido, mal interpretado ou mesmo difamado, como Paulo disse aos santos coríntios: “Eu, de muito boa vontade, gastarei e me deixarei gastar pelas vossas almas, ainda que, amando-vos cada vez mais, seja menos amado”? O estado dos santos com os quais temos que lidar será muitas vezes o meio de testar o estado de nosso próprio coração. É fácil amar meus irmãos quando eles me amam e amontoam seus favores sobre mim. Mas eu os amo mesmo quando eles se voltam contra mim ou me abandonam? Ainda me apego a eles quando eles desistiram de mim? Eu intercedo por eles noite e dia quando talvez eles só estejam falando mal de mim? A verdadeira questão é: Eu tenho o coração de Cristo a respeito dos santos? E vejo a glória de Cristo ligada a eles? Então eu agirei em relação a eles de acordo com Seu coração, e buscarei Sua glória em conexão com o estado deles, independentemente de direitos pessoais ou vantagem presentes.

Paulo poderia apelar para Deus como sua Testemunha, como ele ansiava por todos os santos filipenses em entranháveis afeições de Jesus Cristo. Foi devoção de todo o coração aos santos por causa de Cristo, e como tendo o coração de Cristo sobre eles. E isso também precisamos ter, mas requer força e coragem para perseverar nela, e ainda mais se os santos estiverem em um estado baixo e carnal. E precisamos ser continuamente lançados a Deus, o Único que pode dar força em meio à fraqueza e nos conduzir à vitória. A busca diligente da face e da paciência de Deus, esperando por Sua vontade, Sua ajuda e Sua direção são indispensáveis. Por que não temos força? Por que há declínio entre nós? Por que há quebra nas fileiras e dispersão dos santos? Não é porque não vivemos perto de Cristo e não seguimos em humilde dependência de Deus? E que o Cristo de Deus, a verdade de Deus e o povo de Deus não têm seu lugar de direito em nossas afeições? Temos visto alguém se tornando descuidado e outro caminhando de modo errado, e talvez tenhamos falado sobre eles e os criticado quando deveríamos estar ajoelhados intercedendo por eles?

O exemplo de Josué 

Há muitos exemplos que nos são dados na Palavra de Deus, em que vemos a demonstração desse poder e coragem em cumprir a vontade de Deus. Mas o primeiro capítulo de Josué é importante, pois nos dá as condições que governam essas coisas. Três vezes o Senhor exorta Josué nesse capítulo: “Esforça-te e tem bom ânimo”. Havia uma obra a ser executada, o princípio sobre o qual ela deveria ser feita, e a base de força e coragem para isso.

A obra 

1. A obra a ser feita era a divisão da terra entre as tribos de Israel. “Esforça-te e tem bom ânimo, porque tu farás a este povo herdar a terra que jurei a seus pais lhes daria”. A terra a ser dividida era uma terra em que havia nações mais poderosas que Israel – uma terra de “gigantes”, “carros de ferro” e cidades grandes e “muradas até o céu”. Essas nações precisavam ser vencidas para que a terra fosse dividida, para essa grande obra, esforço e bom ânimo (força e coragem) eram necessários.

O princípio 

2. A obediência era o princípio sobre o qual esta obra deveria ser realizada e a condição de sucesso. “Tão-somente esforça-te e tem mui bom ânimo para teres o cuidado de fazer conforme toda a lei que Meu servo Moisés te ordenou; dela não te desvies, nem para a direita nem para a esquerda, para que prudentemente te conduzas por onde quer que andares. Não se aparte da tua boca o livro desta Lei; antes, medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer conforme tudo quanto nele está escrito; porque, então, farás prosperar o teu caminho e, então, prudentemente te conduzirás”.

Aqui podemos ver que não havia como ter sucesso senão pela obediência. Josué não deveria se desviar da lei para a direita ou para a esquerda. As palavras da lei não deveriam se apartar de sua boca; ele deveria meditar sobre elas dia e noite, e o resultado seria um caminho próspero e um bom sucesso. Nunca vamos estimar o suficiente a importância disso. Se tivermos que tratar com Deus, Sua vontade deve ser tudo. É d’Ele o comando; e nossa parte é obedecer.

Agora Deus fez conhecida Sua vontade para nós em Sua Palavra. Sua vontade, Seus propósitos e Seus conselhos são todos revelados ali. E se quisermos conhecer a Sua vontade e ser obedientes, devemos atender a Sua Palavra. É na recepção da verdade que recebemos e desfrutamos da bênção. A Palavra de Deus é pão para a alma. É assim que crescemos espiritualmente e aprendemos a mente de Deus para que possamos fazer a Sua vontade e ter comunhão com Ele. Deste modo, a vida, os caminhos, as ações, as palavras, os motivos, os desejos e as afeições do povo de Deus são formados e, de maneira prática, se tornam um testemunho da verdade e da graça de Deus. E Deus Se manifestará com e por aqueles que são governados por Sua Palavra de maneira prática.

A base 

3. A base de esforço e bom ânimo (força e coragem) é o fato que Deus foi Quem mandou e está com aquele que obedece. “Não to mandei Eu? Esforça-te e tem bom ânimo; não pasmes, nem te espantes, porque o SENHOR, teu Deus, é contigo, por onde quer que andares” (Js 1:9).

As dificuldades poderiam ser como montanhas, o inimigo poderia ser grande e poderoso, mas Jeová era maior do que todos e estava com Seu servo obediente, de modo que ele não tinha nada a temer. Ele havia libertado Israel do Egito e o levado através do Mar Vermelho, do deserto e do Jordão, e Aquele que havia feito isso poderia levá-los à vitória. Ele poderia dar força e coragem contra as quais nenhum inimigo poderia suportar.

É dessa mesma força e coragem que precisamos. “Fortalecei-vos no Senhor e na força do Seu poder”, é dito, onde se trata do poder e das artimanhas de Satanás. E quando o Cristianismo começou a declinar e Timóteo estava perdendo o ânimo, o apóstolo Paulo o encorajou com estas palavras: “Porque Deus não nos deu o espírito de temor, mas de fortaleza, e de amor, e de moderação. Portanto, não te envergonhes do testemunho de nosso Senhor, nem de mim, que sou prisioneiro Seu; antes, participa das aflições do evangelho, segundo o poder de Deus”, e novamente, “Tu, pois, meu filho, fortifica-te na graça que há em Cristo Jesus”. Timóteo precisava desse encorajamento, e nós precisamos disso, e, mais ainda, Deus é capaz de dá-lo e o dará àqueles que prosseguem em dependente obediência à Sua vontade.

Fé em Deus 

Mas precisamos ter fé em Deus. A fé traz Deus para dentro da questão, e para o Seu poder não há limite. Hebreus 11 nos dá muitos exemplos dessa fé que agia com Deus e na qual Seu poder era manifestado. Moisés “ficou firme, como vendo o invisível”. “Pela fé” eles “venceram reinos, praticaram a justiça, alcançaram promessas, fecharam as bocas dos leões, apagaram a força do fogo, escaparam do fio da espada, da fraqueza tiraram forças, na batalha se esforçaram, puseram em fugida os exércitos dos estranhos”. Em meio à fraqueza, a fé os fortaleceu. Como Paulo também disse: “Quando estou fraco, então, sou forte”.

“Tende fé em Deus”, disse Jesus aos Seus discípulos e depois acrescentou: “em verdade vos digo que qualquer que disser a este monte: Ergue-te e lança-te no mar, e não duvidar em seu coração, mas crer que se fará aquilo que diz, tudo o que disser lhe será feito”. E como poderia ser de outra forma se existe a fé que traz Deus para dentro da questão? Aquele que criou as montanhas certamente também poderá removê-las se tiver prazer em fazê-lo. A verdadeira questão é: estamos andando com Ele? Temos o conhecimento de Sua vontade para que possamos agir com confiança? Podemos trazê-Lo ao que estamos fazendo? Estamos em pé com Ele e por Ele no cumprimento de Sua vontade e Seu propósito, para que possamos conectar Seu nome com nosso serviço? Se for assim, nenhuma dificuldade pode ser muito grande. Podemos seguir em frente no nome do Senhor com força e coragem de coração e destemido quanto a todo o poder que Satanás possa levantar contra nós.

Diligência de coração 

E aqui vamos observar que a diligência de coração é necessária, e posso acrescentar, como de igual importância, a dependência em oração. Oh, se fôssemos mais diligentes quanto à Palavra de Deus e à oração, quão diferente seria nosso estado! Que fervor de coração em todo o nosso serviço e que devoção a Cristo e a Seu povo haveria, e quão maior bênção seria desfrutada!

Quanto nos falta essa diligência de coração! Quantos momentos a cada hora, e horas todos os dias, são desperdiçadas – tempo que poderiam ser entregue à oração e meditação sobre a Palavra abençoada de Deus, na qual devemos encontrar o refrigério do Espírito Santo em nossa alma e a enchendo com aquilo que flui do coração de Cristo em glória. Quantas horas gastas em conversas tolas e fofocas ociosas, entristecendo o Espírito, atrapalhando o crescimento espiritual e secando as fontes do amor divino na alma, que poderiam ser gastas em conversas santas e edificantes sobre Cristo e Suas coisas. “A Palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda a sabedoria, ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros” (Cl 3:16). Nisto precisamos de diligência de coração para que o Senhor seja honrado e nossas bênçãos e a bênção dos outros possam ser garantidas.

Nosso próprio estado 

Mas será que agora vamos considerar o nosso próprio estado e o de nossos irmãos? Será que nós reconheceremos nossa frouxidão de alma – nosso culpado descuido – e com diligência de coração buscaremos a face de Deus e caminharemos com Ele? Então poderíamos esperar Sua bênção e o gozo de Seu favor que é melhor que a vida (Sl 63:3). “Pelo que diz: Desperta, ó tu que dormes, e levanta-te dentre os mortos, e Cristo te esclarecerá. Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, mas como sábios, remindo o tempo, porquanto os dias são maus” (Ef 5:14-16).

Que o bendito Senhor dê ao escritor e ao leitor esforço e bom ânimo (força e coragem) neste mundo mau para viver para Si e para os Seus, servindo a Ele e a eles em humilde graça, até sermos tirados do cenário de conflito e serviço para descansarmos no eterno brilho da Sua própria presença e no gozo do Seu amor imutável.

A. H. Rule (adaptado)

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