Origem: Revista O Cristão – Encorajamento
No Limite
A fé é individual
O mais rico consolo para todos os servos fiéis de Cristo é este: Em todas as eras e sob todas as dispensações de Deus, qualquer que tenha sido a condição do povo de Deus como um todo, foi o privilégio do crente individual andar por um caminho elevado e desfrutar da alta comunhão como sempre foi conhecido nos dias muito mais brilhantes da dispensação.
Em todos os casos em que o homem coletivamente foi colocado em uma posição de responsabilidade, ele fracassou completamente. Além disso, Deus nunca restaura um testemunho fracassado. Em vez disso, a fé sempre encontrou sua fonte no próprio Deus vivo, e quanto mais profunda a escuridão moral ao redor, mais brilhantes são os lampejos da fé individual. O fundo escuro da condição corporativa lançou a fé individual em brilhante alívio. Essa linha da verdade tem encantos peculiares para o meu coração, e por muitos anos tenho encontrado nela o conforto e o encorajamento. Eu acho que nunca salientaremos suficientemente o valor e importância disso.
Há uma forte tendência entre o povo de Deus de reduzir o padrão de devoção ao nível da condição geral das coisas. Isso deve ser cuidadosamente evitado, pois é destrutivo a todo serviço e testemunho. “Todavia, o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor conhece os que são Seus, E qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade” (2 Tm 2:19). Deus é fiel. Seu fundamento nunca pode ser movido, e é privilégio do crente individualmente descansar nesse fundamento e manter-se firme nesse padrão, aconteça o que acontecer. Como os Baraques, os Gideões, os Jeftes e os Sansões poderiam ter resistido se tivessem se deixado influenciar pela condição geral do povo de Deus? Seguramente, eles nunca teriam alcançado aquelas esplêndidas vitórias registradas para nosso encorajamento, se tivessem sucumbido à condição geral ao seu redor.
O bezerro de ouro
Para ilustrar esse princípio, voltemos a Êxodo 33. Naquele momento, qual era a condição de Israel? De acordo com Êxodo 32, o homem mais elevado e mais privilegiado de toda a congregação havia feito um bezerro de ouro! Que imagem do coração humano! Quem teria pensado que os adoradores na margem do Mar Vermelho chegariam a exclamar palavras como: “Faze-nos deuses que vão adiante de nós”? Aqueles que disseram em seu magnífico cântico: “Ó SENHOR, quem é como Tu entre os deuses? Quem é como Tu, glorificado em santidade, terrível em louvores, operando maravilhas?” tinham feito agora um bezerro de ouro! Não nos esqueçamos de quem foi que levou o povo a este curso de ação mais desastroso. Não era ninguém menos do que Arão – o irmão mais velho do próprio legislador. Isso nos ilustra a insensatez excessiva de se apoiar ou olhar para o mais alto e melhor dos homens. Na parte inicial do livro do Êxodo, Moisés hesitou em entrar no Egito por ordem de Deus. Mas quando ele ouviu que Arão deveria acompanhá-lo, ele estava pronto para ir. E, no entanto, esse mesmo homem foi a fonte da mais profunda tristeza que Moisés jamais provou. Este era o homem que havia feito o bezerro de ouro!
Fora do arraial
O coração de Moisés poderia afundar enquanto ele contemplava toda a congregação de Israel, com Arão, seu irmão à frente, afundado em abominável idolatria. Tudo parecia perdido. Mas “o fundamento de Deus permanece”. Esta é uma verdade grandiosa e imutável em todas as épocas. Nada pode tocar a Palavra de Deus. Ela resplandece todo o brilho de entre as sombras mais escuras em que o homem é capaz de afundar. Nós podemos formar apenas uma pequena ideia do que o coração de Moisés passou quando ele viu o seu Senhor trocado por um bezerro de ouro. Mas ele podia contar com Deus, e ele também poderia agir por Deus. As duas coisas sempre andam juntas. “Qualquer que profere o nome de Cristo [do Senhor – ARA] aparte-se da iniquidade” (2 Tm 2:19). Veja como este princípio prático foi abençoadamente aplicado por Moisés, o homem de Deus – um princípio tão verdadeiro entre as terríveis ruínas da Cristandade como no dia do bezerro de ouro. “E tomou Moisés a tenda, e a estendeu para si fora do arraial, desviada longe do arraial, e chamou-lhe a tenda da congregação; e aconteceu que todo aquele que buscava o SENHOR saía à tenda da congregação, que estava fora do arraial” (Êx 33:7).
Aqui temos um ato ousado e magnífico. Moisés sentiu que Jeová e um bezerro de ouro não poderiam estar juntos e, portanto, se um bezerro estivesse no arraial, Jeová deveria estar do lado de fora. Tal foi o simples raciocínio da fé; a fé sempre raciocina corretamente. Quando o corpo público está todo errado, o caminho da fé individual está fora dele. Nunca pode estar certo e, graças a Deus, nunca é necessário continuar com a iniquidade. Quando a iniquidade é estabelecida naquilo que se supõe ser a testemunha de Deus sobre a Terra, “Aparte-se” é o lema da alma fiel. Custe o que custar, nós devemos nos apartar. “Todo aquele que buscava o SENHOR” teve que sair do local contaminado para encontrá-Lo, e mesmo assim aquele lugar não era outro senão o acampamento de Israel, onde Jeová havia Se estabelecido.
Assim, vemos que Moisés nesta ocasião foi preeminentemente um homem para a crise. Ele agiu por Deus, e ele foi o honrado instrumento de abrir um caminho para o povo de Deus por meio do qual eles poderiam escapar da contaminação e desfrutar do privilégio de comunhão com Deus em um dia mau. E quanto a ele, aprendemos o que ele ganhou com essa transação maravilhosa do seguinte registro: “E falava o SENHOR a Moisés face a face, como qualquer fala com o seu amigo” (Êx 33:11). Assim, em nossos dias, não importa qual seja a condição exterior do povo de Deus, aqueles que desejam ser fiéis são encorajados a se apartar da iniquidade e depois desfrutar de tanta comunhão com Deus quanto nos dias mais brilhantes da dispensação.
