Origem: Revista O Cristão – Juventude

Uma Entrada Abundante

2 Pedro 1:2-11 

Gostaria de considerar como temos uma entrada abundante no reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Vir arrastado para o céu – apenas se espremendo – não é característico do Cristianismo, pois, em vez de o amor divino estar ali, há mais o medo do julgamento. Deus nos deu uma natureza que só pode ficar satisfeita com a glória divina, e todo Cristão vai “chegar ao porto”. Mas que tipo de entrada teremos? Confio que todos desejamos ter uma “entrada abundante” e temos a receita para isso aqui neste capítulo.

Ser feito “participante da natureza divina” aqui, não é tanto o novo nascimento, mas o resultado prático dele. Entendemos isso na primeira parte do quarto versículo, pois se a alma se apegar a essas promessas que pertencem a ela, vivendo no gozo delas, o resultado será a manifestação da natureza divina.

Quando chegar à hora de deixar este mundo, o tipo de entrada que ele terá no final dependerá em grande parte do tipo de entrada que ele teve durante sua vida – a experiência Cristã que ele estava desfrutando. A maneira de olhar adiante com confiança para essa mudança deve estar operando na alma essas virtudes mencionadas nos versículos intermediários de nosso capítulo (vs. 3-10).

Posse das promessas 

O terceiro versículo diz: “Visto como o seu divino poder nos deu tudo o que diz respeito à vida e piedade, pelo conhecimento dAquele que nos chamou por sua glória e virtude”. Como jovens Cristãos, às vezes inventamos desculpas para a nossa superficialidade, alegando que nossas circunstâncias não são vantajosas para o tipo de vida que gostaríamos de viver. Você pode ter meditado e pensado que seria diferente se você estivesse vivendo de outra forma. Mas aqui não falta nada; nós temos um equipamento completo. Deus não vai pedir para vivermos para Ele e depois nos colocar em uma posição em que não podemos cumpri-la. Não! Bem, em nossa posição atual Deus nos deu todos os recursos para viver para Ele. Não precisamos esperar até ficarmos mais velhos ou conhecer melhor nossas Bíblias antes de começarmos a viver para Ele.

Como essas “grandíssimas e preciosas promessas” excedentes nos tornam “participantes da natureza divina”? É a entrada para desfrutar dessas promessas como realidades. O resultado é que estou tão sob o poder delas que outras coisas perdem o encanto. Quando realmente nos apegamos às promessas que são nossas, essa esperança funciona em nossas vidas de uma maneira prática, e somos vistos como “participantes da natureza divina”.

Escapando da corrupção 

A última parte desse versículo diz: “havendo escapado da corrupção, que, pela concupiscência, há no mundo”. Como jovens, não podemos valorizar muito isso. Se isso era verdade nos dias de Pedro, como é duas vezes mais verdadeiro hoje. O que é concupiscência? São desejos insatisfeitos e este mundo é uma sucessão constante de novos desejos. Quão diferente é com aqueles que conhecem o Senhor Jesus Cristo! As realidades divinas dão paz e calma a alma. Eu me entristeço ao ver o caminho do jovem neste mundo – a falta de vergonha que existe nesta idade, sem restrição; eles se tornam propensos a se fartarem com o que este mundo tem para oferecer. Nós fomos graciosamente tirados disso, como tal Objeto valioso que temos encontrado não pode ser diferente, mas tem um efeito tremendo em nossa vida. Quanto devemos valorizar o lugar bendito em que nos encontramos agora! Poderíamos pensar em um lugar mais abençoado do que este de estarmos associados àqueles que amam a Ele em sinceridade e verdade? Este é um privilégio maravilhoso.

Diligência 

Nos versículos 5-7, nos é dito: “vós também, pondo nisto mesmo toda a diligência, acrescentai à vossa fé a virtude, e à virtude, a ciência, e à ciência, a temperança, e à temperança, a paciência, e à paciência, a piedade, e à piedade, o amor fraternal, e ao amor fraternal, a caridade”. Nenhum de nós deseja obter a reputação de ser preguiçoso nas coisas materiais, mas há muitas coisas nas Escrituras sobre ser diligente nas coisas divinas. Portanto, este versículo diz: “pondo nisto mesmo toda a diligência”. Deve haver um propósito no coração. Isso é verdade com qualquer coisa neste mundo em que as pessoas tenham sucesso; as pessoas não tropeçam no sucesso. É uma questão de trabalho duro, de ter um propósito e deixar esse propósito formar e controlar a alma.

Agora, o versículo 8: “Porque, se em vós houver e aumentarem estas coisas, não vos deixarão ociosos nem estéreis no conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo”. Eu sei que o Senhor não nos ocupa com os frutos ou falta deles nas nossas vidas, mas nenhum de nós quer ser infrutífero. Aqui está o caminho para dar frutos, ser um ramo frutífero para o Senhor Jesus.

Suponha que nos falte essas coisas? “Pois aquele em quem não há estas coisas é cego, nada vendo ao longe, havendo-se esquecido da purificação dos seus antigos pecados” (v. 9). Existe um governo de Deus operando entre Seu povo, e se um Cristão se torna indiferente e mundano, deixa as coisas divinas escorregarem e se envolverem com este mundo, na medida correspondente, ele perde a consciência da bem-aventurança que há em Cristo. Ele não perde a bem-aventurança, mas a consciência dela. É possível que um Cristão esqueça que foi expurgado. E nem saber se é ou não filho de Deus. Queremos escapar disso, não é? Queremos ter a garantia constante na alma de que estamos indo para a glória. Aqui está a nossa maneira de obtê-la: “Porque, se em vós houver e aumentarem estas coisas, não vos deixarão ociosos nem estéreis no conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo”.

Nunca caia 

“Portanto, irmãos, procurai fazer cada vez mais firme a vossa vocação e eleição; porque, fazendo isto, nunca jamais tropeçareis” (v. 10). Deus sabe que estaremos lá, mas é assim que temos constantemente renovado em nossas almas a certeza disso – para garantir isso a nós mesmos. Tão certo quanto somos descuidados e nos envolvemos neste mundo, perdemos essa segurança e, talvez, até chegamos a um estado em que esquecemos que fomos purgados de nossos pecados. Não temos que cair. A nossa queda não traz nenhuma glória ao Senhor Jesus. Traz desonra a Ele, à verdade e à Igreja de Deus.

“Porque, fazendo isto, nunca jamais tropeçareis. Porque assim vos será amplamente concedida a entrada no Reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo”. Não é uma entrada gloriosa? Esse é o privilégio de todo Cristão. Não é uma questão de doação, dom ou habilidade, mas de o coração estar ocupado com Cristo – vivendo no desfrute do que temos como povo de Deus. Cada um de nós aqui tem o privilégio de ter uma entrada abundante. É posto em nossas próprias mãos, mas ao mesmo tempo todos sabemos que a capacitação deve vir d’Ele. É uma questão de graça, do começo ao fim, e nenhum de nós aceitará o crédito, mas será que não devemos reivindicar a graça que Ele dá com tanto prazer, para que possamos ter a alegria de uma entrada abundante “no Reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo”.

C. H. Brown (Conferência em Chicago de 1927 – adaptado)

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