Origem: Revista O Cristão – Nuvens

Entrando na Nuvem

No relato de Lucas sobre a transfiguração, lemos: “E eis que estavam falando com Ele dois varões, que eram Moisés e Elias, os quais apareceram com glória e falavam da Sua morte, a qual havia de cumprir-se em Jerusalém” (Lc 9:30-31). Poderia alguma coisa ser mais maravilhosa? Eles estavam conversando com o Senhor sobre Sua morte. Que tema notável naquele monte de glória! Aqueles dois homens estavam conversando com Jesus sobre a Sua morte, quando num momento O viram glorificado. Mistério maravilhoso! Ele disse a eles, como havia dito a Seus discípulos alguns dias antes, que Ele deveria morrer, porque não há caminho para você e eu entrarmos na presença de Deus, exceto por meio de Sua morte. Não há vida para você e para mim, exceto pela morte – a morte de Alguém sobre quem a morte não tinha direito. E Moisés e Elias estavam conversando com Ele sobre Sua morte.

Redenção por meio da morte 

Qual é o cântico de Apocalipse? “Digno és de tomar o livro e de abrir os seus selos, porque foste morto e com o Teu sangue compraste para Deus homens de toda tribo, e língua, e povo, e nação” (Ap 5:9). Cântico eterno de louvor dos redimidos! O amor de Cristo irá evocá-lo, pois embora Ele tenha dito: “Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a sua vida pelos seus amigos” (Jo 15:13), ainda assim, Cristo deu a Sua vida por nós quando nós não éramos Seus amigos, mas quando estávamos em plena oposição a Ele, e quando não O amávamos. É por Sua morte que nossa redenção é garantida. É por Sua morte que o pecado é eliminado. É por Sua morte que o poder de Satanás é quebrado, e por meio dela você e eu somos levados a Deus.

E então, nos é dito que, naquele momento, Pedro, Tiago e João acordaram, pois “estavam carregados de sono e, quando despertaram, viram a Sua glória e aqueles dois varões que estavam com Ele” (Lc 9:32). Haverá reconhecimento na casa do Pai. Os discípulos conheciam Moisés e conheciam Elias. Não acho que quando, em breve, passarmos para a eternidade, deixaremos de nos reconhecer, pois o reconhecimento após a ressurreição é claramente visto aqui. Os relacionamentos da vida são temporários, mas a individualidade é claramente mantida por toda a eternidade, e é uma coisa muito abençoada para nós que assim seja. Pedro, sempre impetuoso e movido por esta visão maravilhosa, mas sem saber o que dizer, exclamou: “Mestre, bom é que estejamos aqui”. Isso era absolutamente verdadeiro. Foi muito bom para ele ver a glória do Senhor.

A nuvem os envolveu 

O coração de Pedro começou a esquentar. Ele viu o Messias, o legislador e o reformador juntos e ficou encantado. Em Moisés ele considerou o legislador; ao seu lado estava Elias, o profeta e reformador; e, acima de todos, então, ele enxerga o Messias, e para sua mente judaica a cena era tão bela que ele queria perpetuá-la. Ele falou precipitadamente enquanto Moisés e Elias saiam de cena. Mateus e Marcos não observam esta circunstância, mas Lucas registra quando Pedro disse estas palavras tolas: “E aconteceu que, quando aqueles se apartaram d’Ele, disse Pedro a Jesus: Mestre, bom é que nós estejamos aqui e façamos três tendas, uma para Ti, uma para Moisés e uma para Elias, não sabendo o que dizia” (v. 33). E o que ele tinha dito? Ele tinha colocado o Filho de Deus, o Messias, Moisés, o legislador, e Elias, o reformador, no mesmo nível; Ele os tinha igualado. Ele achava que aquela cena deveria ser perpetuada e, para mantê-los, daria a eles um tabernáculo para cada um. Mas, “dizendo ele isso, veio uma nuvem que os cobriu com a sua sombra; e, entrando eles na nuvem, temeram”. Pedro, Tiago e João estavam com medo. E o que foi a nuvem? A Shekinah – a glória de Deus. A nuvem que havia habitado com Israel nos dias do deserto, reaparece para guardar a Pessoa do Filho de Deus. Essa nuvem falava da presença imediata do Pai e era, de fato, a expressão da casa do Pai, e para ela vão Moisés e Elias. Graças a Deus, é para lá que você e eu, irmãos Cristãos, estamos indo, e não precisamos ter medo de ir para lá. Se você tem os pensamentos do Pai sobre o Filho, está tudo bem. Moisés e Elias tiveram os pensamentos do Pai sobre o Filho. Pobre Pedro! “Façamos três tendas; uma para Ti, uma para Moisés e uma para Elias”, foi sua estimativa do valor comparativo de seu Mestre. Você entenderá que o Pai não poderia tolerar esse insulto a Seu Filho. E imediatamente saiu da nuvem esta voz: “Este é meu Filho amado; a Ele ouvi” (v. 35). Ah! Ouça-O! Ouça Moisés? Não! Seu dia se foi. Nem Elias? Não! Seu dia também se foi. Ouça Jesus, e somente Jesus. Este é o dia de Jesus.

W. T. P. Wolston (adaptado)

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