Origem: Revista O Cristão – Nazireado
O Equilíbrio entre Acessibilidade e Separação
O Senhor Jesus combinou perfeitamente a acessibilidade ao mundo ao mesmo tempo em que manteve separação da imoralidade daqueles ao Seu redor. Seu coração não foi seduzido por nada no mundo. Isso é demonstrado no exemplo de Sua conversa com a mulher no poço de Sicar em João 4. Ali vemos uma combinação perfeita de Um que mantinha santidade enquanto alcançava aqueles ao Seu redor. Ele demonstra como vencer o pecado enquanto liberta aqueles que vivem em pecado. A história termina com a mulher sendo libertada de seus caminhos pecaminosos. Muitos outros na cidade também creram no testemunho. O final da história de outra família, onde havia uma mulher a quem Sansão amava, é muito triste. Ela e toda a sua família foram destruídas pelos filisteus como resultado das associações de Sansão com eles. A vida de Sansão contrasta com Aquele que Se assentou junto ao poço de Sicar e livrou uma mulher de sua vida de pecado. Sansão, enquanto esteve em estreita proximidade com os filisteus, renunciou seu voto de separação a Jeová. O propósito do voto nazireu era dedicar a vida inteiramente ao serviço do Senhor. Acompanhando o voto de separação estava a força, dada a Sansão para vencer todo o poder do inimigo. Isso foi dado em uma época em que a nação de Israel estava empobrecida pelos filisteus. Enquanto Sansão guardou seu voto, ele teve poder sobre os filisteus. Mas, com o passar dos dias em que Sansão viveu entre os filisteus, seu coração se sentiu atraído por uma mulher que o seduziu pouco a pouco a renunciar ao seu voto de separação. Isso resultou em Sansão perdendo seu poder e se tornando um prisioneiro.
O voto nazireu
Havia três partes no voto nazireu que Sansão foi chamado a cumprir. Ele não deveria beber vinho nem mesmo comer nada da videira. O vinho alegra o coração (Jz 9:13), mas também impede o discernimento (Pv 20:1). Viver para agradar a si mesmo foi como Sansão começou a cair. Ele disse a respeito da mulher filisteia: “Tomai-me esta, porque ela agrada aos meus olhos” (Jz 14:3). Assim, ele começou a comprometer seu chamado e a perder o bom discernimento.
O segundo requisito para o nazireu era não se contaminar com nada impuro. A aplicação disso a Sansão era por contaminação física, mas também se aplica à contaminação moral. Sansão pegou o mel de um corpo morto imundo, comeu-o e deu-o a seus pais sem que eles soubessem. Sem dúvida, eles teriam recusado se soubessem sua fonte. Os que sucumbem às tentações gostam da companhia de outros para aplacar sua consciência, mas isso não remedia a contaminação. Vemos que, quando Sansão viveu para agradar a si mesmo, isso levou à permissão da impureza também. O exemplo do Senhor Jesus enquanto conversava com a mulher em Sicar revela Sua pureza e domínio próprio. Com Ele não havia exercício de Sua própria vontade, nem qualquer compromisso com a impureza. Mais tarde, quando os discípulos Lhe trouxeram comida, Ele pôde dizer: “Uma comida tenho para comer, que vós não conheceis”. Então Ele continuou a explicar como Ele Se deleitava em obedecer. “Jesus disse-lhes: A minha comida é fazer a vontade d’Aquele que Me enviou e realizar a Sua obra” (Jo 4:32, 34). Não houve comprometimento da santidade; Seu prazer era fazer a vontade do Pai (Sl 40:8). Depois, a mulher pôde dizer d’Ele: “Vinde e vede um Homem que me disse tudo quanto tenho feito; porventura, não é Este o Cristo?” (v. 29). Todos os pecados secretos dela foram descobertos e trazidos à luz, onde o perdão é encontrado. Aquela parte da vida dela já havia passado, e ela estava ocupada com a perfeição d’Ele.
O terceiro requisito para o nazireu era não raspar a cabeça. Essa era a marca exterior de sua separação para Jeová por uma causa especial. A distinção de ter cabelos crescidos deveria ser mantida até que o voto fosse encerrado. Essa foi a última coisa de que Sansão desistiu, e, quando o fez, o Senhor Se afastou dele. O resultado foi que Sansão não tinha mais poder, e os filisteus puderam prendê-lo. Ele perdeu seu poder de separação santificador. Foi dito que o sal é uma imagem disso. Assim, a Escritura diz: “bom é o sal; mas, se o sal vier a tornar-se insípido, como lhe restaurar o sabor? Tende sal em vós mesmos” (Mc 9:50). Nesse sentido, poderíamos dizer que Sansão perdeu seu sal; ele perdeu seu poder de santidade por sua falta de separação para o Senhor.
O Senhor Jesus era o Nazireu perfeito como Aquele moralmente separado do mal. Isso permitiu que Ele estivesse perto dos pecadores fisicamente sem ser contaminado. Ele é Aquele que manteve perfeitamente o voto nazireu. Ao fazer isso, Ele mostra como a separação moral pode afetar aqueles que a veem. Esse é o estilo de vida que tem o poder de testemunhar para aqueles que estão no mundo – o estilo de vida que está próximo do mundo, mas moralmente separado dele. Em resumo, podemos dizer que o estilo de vida de Sansão é um exemplo do que acontece quando alguém professa estar separado do mundo, mas depois desiste dessa separação, enquanto o Senhor Jesus é um exemplo do que acontece quando alguém mantém a separação. Nunca é demais enfatizar a importância dessas coisas para os Cristãos hoje. Estamos no mundo, mas não somos do mundo. À medida que o mundo degenera, a impureza se torna mais pronunciada e abertamente má, mas há oportunidade de viver um estilo de vida piedoso que tem poder para vencer o mundo.