Origem: Revista O Cristão – Tristeza e Alegria
Equilíbrio entre Tristeza e Alegria
Em Filipenses 2:26, lemos, “[Epafrodito] tinha muitas saudades de vós todos”, e isso nos dá a atmosfera da epístola aos filipenses. Eles ouviram que Epafrodito estivera doente, e isso despertou suas afeições – as afeições da natureza divina.
Você vê como Deus usou essas circunstâncias: “E, de fato, esteve doente e quase à morte, mas Deus se apiedou dele” (v. 27). Por que o apóstolo não se alegrou? Alguém poderia ter dito: “Qual é o problema com você, Paulo? Na parte anterior da epístola, você disse: ‘partir e estar com Cristo, porque isto é ainda muito melhor’, e agora você está falando de ‘tristeza sobre tristeza’”. É importante manter o equilíbrio a esse respeito.
Há às vezes uma falta de se entrar nas reais circunstâncias dos santos. Julgam que é espiritual dizer, “todas as coisas contribuem juntamente para o bem”. É muito fácil dizer isso quando é outra pessoa.
Resultados divinos pretendidos
Deus pretende que essas circunstâncias produzam certos resultados, certos exercícios. Deus permitiu que esse servo devotado, Epafrodito, ficasse tão exausto com aquela jornada que ele esteve quase à morte. Por que Deus permitiu isso? Foi uma jornada empreendida em amor a Paulo, seu conservo. Isso pode ter sido permitido para que os filipenses pudessem exercer afeição – pudessem desenvolver essa graça. Havia resultados divinamente pretendidos com o apóstolo, com Epafrodito e com os filipenses.
Alguns dizem que nenhuma lágrima deveria ser derramada em um funeral, mas não há equilíbrio nisso. Quando entramos na presença da morte, há os dois lados disto, e Esdras 3:11-13 deveria ser visto em todas essas ocasiões – canto e choro se misturando. Há ambos os lados disso. Há, frequentemente, uma falta do misto da compaixão divina e humana com o povo de Deus; elas andam juntas. Quando fomos salvos, não deixamos de ser humanos. A natureza humana tem suas afeições apropriadas e seus relacionamentos apropriados.
Companheirismo
Filipenses 2:25 nos mostra os relacionamentos. Primeiro “irmão”, depois “companheiro”; essa é a próxima melhor coisa. Companheirismo é o que o coração humano valoriza e não pode viver sem. O coração que não valoriza a companhia humana, no lugar que lhe é próprio, tem algo de errado com ele. “Meu companheiro nos trabalhos” (KJV), servo, companheiro nos combates… “para prover às minhas necessidades”. Temos o Senhor dando ao Seu velho e preso servo copos de água fresca para animá-lo. Veja o contraste em 2 Timóteo 1:15. Não há muita água fresca nisso, há? Há tristeza, não refrigério. Agora veja o contraste no versículo 16: “O Senhor conceda misericórdia à casa de Onesíforo, porque muitas vezes me recreou e não se envergonhou das minhas cadeias; antes, vindo ele a Roma, com muito cuidado me procurou e me achou”. Isso é muito bonito. Presumo, a partir disso, que ele teve alguma dificuldade em achá-lo. Então, no versículo 18, temos o apóstolo apreciando isso: “O Senhor lhe conceda que, naquele Dia, ache misericórdia diante do Senhor. E, quanto me ajudou em Éfeso, melhor o sabes tu”.
Hebreus 6:10 dá uma bela palavra a respeito do amor demonstrado para com o Seu nome. Ali ele usa uma expressão notável, “Deus não é injusto para se esquecer da vossa obra, e do trabalho do amor” (ACF), e deseja que isso continue. Ali ele usa uma palavra ousada: seria injusto Deus esquecer.
É bom ver o valor que o Senhor coloca em um copo da água fresca. De uma maneira especial, o Dia de Cristo manifestará isso. É importante como encontramos o Senhor tendo prazer nas pequenas coisas e não nas grandes. Ele não fala muito sobre doações de milionários em coisas como bibliotecas e universidades. Esses têm sua recompensa neste mundo, pois é este mundo e seus benefícios que tais doadores têm diante de si; nada relacionado a Cristo.
José de Arimateia
É bom notar José de Arimateia. “Nem muitos nobres que são chamados” (1 Co 1:26) – não diz, nenhum. Ele era um discípulo, mas, por medo dos judeus, não O confessava. No final, dois homens piedosos, importantes (supomos que ambos eram membros do Sinédrio), encarregaram-se do sepultamento do Senhor. Isso os expôs. Não temos nada sobre José até que o Senhor entregou o Seu espírito, mas soubemos de Nicodemos antes. A verdade quanto à morte de Cristo testará se um homem é discípulo ou não. Esse é um dos testes, como também a verdade quanto ao caráter expiatório da morte de Cristo. Muitos reconhecerão que Ele morreu como um mártir, mas quando se trata de admitir que Sua morte foi expiatória, muito provavelmente esses mesmos se oporão e zombarão.
José teve que ir implorar pelo corpo. Ele teve que obter permissão de Pilatos. Pilatos admirou-se de que Ele já estivesse morto e não deu o corpo até saber pelo centurião que Ele estava morto. Há dignidade naqueles dois homens, mestres em Israel, encarregados do corpo de Cristo. Semana passada, alguém chamou a atenção para o fato de que eles se apresentaram depois que os outros O abandonaram. Isso foi de Deus. Aqueles outros pobres discípulos não tinham túmulo novo! Isso torna tudo ainda mais impressionante. Aqui estava alguém que tinha um túmulo já preparado.
O coração e o intelecto
Há momentos em que a confissão de Cristo e a obra expiatória de Cristo testam o coração e revelam quem é verdadeiro. Você encontra almas pobres e simples reconhecendo a Cristo como seu Salvador e que não sabem nada inteligentemente sobre Sua morte, mas quando você a traz diante delas, elas a reconhecem com gratidão. Negação e ignorância são duas coisas diferentes. Muitas almas foram trazidas à paz apenas descansando no que Deus diz, sem saber o valor da expiação ou qualquer coisa do gênero, e isso é muito importante em conexão com o evangelho. Apenas apresente isso diante das almas como a verdade de Deus na qual se pode descansar, porque Sua Palavra é a verdade. É uma experiência muito feliz conhecer o fundamento sobre o qual Deus pode salvar o pobre pecador. O intelecto pode saber tudo sobre o fundamento e nunca ter descansado nele.
“Éreis cuidadosos”
“Recebei-o, pois, no Senhor com todo o gozo, e tende-o em honra: porque, pela obra de Cristo, chegou até bem próximo da morte, não fazendo caso da vida, para suprir para comigo a falta do vosso serviço” (Fp 2:29-30). Eles não podiam ir ao correio e despachar a comunicação, enviando-a para Paulo em Roma; tinham que ter um mensageiro para carregá-la. Eu concluo, de Filipenses 4:18, que deve ter sido um pacote bem pequeno que ele teve que levar.
Parece uma pequena repreensão aos filipenses. Na parte anterior do capítulo, ele diz: “Regozijei-me grandemente no Senhor por, finalmente, o vosso cuidado por mim ter florescido novamente; porque já éreis cuidadosos, mas vos faltava oportunidade” (Fp 4:10 – KJV). Ele sentiu não ter recebido notícias deles. Não era a oferta, mas ele queria a afeição que a oferta expressava. Ele ameniza dizendo, “vos faltava oportunidade”. “Éreis cuidadosos”, mas precisavam de alguém para levá-la.