Origem: Revista O Cristão – A Escritura Sagrada
A Escritura Sagrada – A Inspiração do Espírito Santo
A Escritura Sagrada é a obra do Espírito Santo. Foi Ele Quem guiou cada escritor, seja no Velho Testamento ou no Novo, enchendo e tomando posse do vaso enquanto controlava tudo o que seria do homem, para que pudéssemos ter a mente de Deus em sua perfeição e pureza sem adulteração. Que mantenhamos isso firmemente, pois nunca Satanás esteve mais determinado a arrancar a Escritura das almas do que no tempo presente. O ritualismo, por um lado, coloca um sacerdote entre a Palavra de Deus e a alma. O racionalismo, por outro lado, lança dúvidas sobre tudo o que é revelado. Ambos os sistemas, embora de maneiras diferentes, tentam nos privar do inestimável tesouro que Deus deu.
Em 1 Coríntios 2:9 o apóstolo nos lembra da palavra de Isaías: “As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem são as que Deus preparou para os que o amam”, acrescentando: “Mas Deus no-las revelou pelo Seu Espírito”. Aqui ele afirma a revelação divina como a fonte das verdades vitais que ele ensinou. Também lemos em Efésios 3:3-5: “Este mistério… o qual, noutros séculos, não foi manifestado aos filhos dos homens, como, agora, tem sido revelado pelo Espírito aos Seus santos apóstolos e profetas”. Ninguém pode revelar as coisas de Deus, além do Espírito de Deus. O apóstolo pergunta: “Porque qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele está? Assim também ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus” (1 Co 2:11). Assim como ninguém conhece minhas coisas (pensamentos), além do meu próprio espírito, até que eu as pronuncie ou revele, também ninguém conhece as coisas de Deus além do Seu Espírito. Nada pode ser mais degradante do que a noção de que Deus não pode revelar Sua mente ao homem. A verdade é que o Espírito revelou a mente de Deus e nós a temos na Escritura. Assim, os escritos apostólicos são o padrão pelo qual a verdade e o erro podem ser testados. Como diz João, referindo-se a si mesmo e aos outros apóstolos: “Nós somos de Deus; aquele que conhece a Deus ouve-nos; aquele que não é de Deus não nos ouve. Nisto conhecemos nós o espírito da verdade e o espírito do erro” (1 Jo 4:6).
O elemento humano e o divino
Pode ser observado que a revelação não vai além da pessoa que a recebe, pois passar a verdade aos outros em sua perfeição requer inspiração divina. Assim é o homem, que mesmo os que foram favorecidos em receber as revelações divinas não podiam ter a confiança para comunicá-las a outros sem as corromper. Aqui o Espírito de Deus entra novamente. Assim Paulo nos diz: “a qual também falamos, não em palavras ensinadas pela sabedoria humana, mas com aquelas ensinadas pelo Espírito, comunicando coisas espirituais por meios espirituais” (1 Co 2:13 – JND). Isto é inspiração. Aqui também podemos ver até onde a inspiração se estende. Alguns ensinam que as doutrinas da Escritura são inspiradas por Deus, mas que foi permitido aos escritores expressá-las em sua própria linguagem, já outros ensinam que o raciocínio tantas vezes encontrado, particularmente nas epístolas, foi deixado para o escritor. Outros ainda acham que os escritores inspirados usaram suas próprias ilustrações e selecionaram as Escrituras do Velho Testamento para confirmar suas palavras. Todos esses pensamentos estão abaixo da verdade. O fato é que nada disso foi deixado para o vaso. As palavras, não meramente as verdades ou doutrinas, foram dadas pelo Espírito Santo. Se fosse diferente, não poderíamos ter certeza divina. Onde desenharíamos a linha entre o humano e o divino? Não que um elemento humano seja totalmente negado. Paulo tem seu estilo, e Pedro tem o dele, pois o Espírito usou os homens como Ele os encontrou. No entanto, toda palavra assim escrita vinha d’Ele.
Os textos originais e as traduções
Não podemos disputar sobre a inspiração de uma tradução específica. Em tais esforços pode haver (e há) defeitos, pois Deus não opera milagres perpétuos. Aqui, o estudo das línguas surge como um trabalho importante e valioso, e também cuidadoso para reproduzir o original com a maior precisão possível. Afirmamos, no entanto, que cada palavra dos escritos originais foi inspirada pelo Espírito de Deus.
Existem muitas provas bíblicas disso. Sobre o Velho Testamento, Pedro disse, “Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo” (2 Pe 1:21). Paulo diz em Atos 28:25: “Bem falou o Espírito Santo a nossos pais pelo profeta Isaías”. Em Atos 3:18, nos é dito que Deus mostrou pela boca de todos os Seus profetas que Cristo deveria sofrer.
Provas da inspiração Divina
Tanto o Novo Testamento quanto o Velho são atestados na declaração geral de 2 Timóteo 3:16: “Toda a Escritura é divinamente inspirada” (ACF). Em 2 Pedro 3:16, temos a referência aos escritos de Paulo, incluindo, e eu pessoalmente entendo que se refere especificamente, a Epístola aos Hebreus. E em 1 Timóteo 5:18, ele cita Lucas 10:7 e diz: “A Escritura diz”. Estas são apenas uma pequena parte das provas. Quanto mais profundamente o assunto é investigado, mais profunda será a confiança da alma em Deus que Ele nos deu pelo Seu Espírito Sua Palavra infalível em toda a sua plenitude e beleza.
Em conclusão, mais um pensamento permanece para ser notado em 1 Coríntios 2. Vimos que o capítulo confirma a revelação e a inspiração, também mostra que a ajuda do Espírito Santo é necessária para receber e entender as coisas que foram dadas. É por isso que os inimigos tropeçam e os poderes mentais dos homens falham. Seus poderes são inúteis, sem o Espírito Santo. “O homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente” (2 Co 2:14). A alma deve nascer de Deus e o Espírito deve ser o Instrutor, e então tudo será simples e claro. Ele desceu do alto para guiar os santos a toda a verdade, e Ele nunca desaponta ou falha a alma humilde e que espera por Ele.
