Origem: Revista O Cristão – A Escritura Sagrada
A Escritura Sagrada – Sua Inspiração e Impacto
“Toda a Escritura é divinamente inspirada” (2 Tm 3:16 – ACF).
Palavras importantes! Ah, que se elas fossem mais bem entendidas em nossos dias! É da maior importância que o povo do Senhor esteja enraizado, fundamentado e estabelecido na grande verdade da inspiração absoluta e irrestrita da Escritura Sagrada. Os homens deste mundo podem zombar da Palavra de Deus, mas ela é aquela que é “viva, e que permanece para sempre” (1 Pe 1:23). Quanto a nós, que seja o nosso profundo gozo e consolo meditar sobre a Palavra de Deus, para que possamos sempre estar descobrindo algum tesouro novo nessa mina inesgotável, algumas novas glórias morais naquela revelação celestial que nos fala com uma pungência e frescor como se fosse escrita expressamente para nós – escrita neste mesmo dia.
O livro vivo e sempre atual
Não há nada como a Escritura. Se você pudesse colocar sua mão em qualquer escrita humana de três mil anos atrás, o que você acharia? Uma curiosa relíquia da antiguidade, não tendo aplicação alguma para nós ou para o nosso tempo – um documento mofado, uma peça de escrita obsoleta, referindo-se apenas a um estado da sociedade e a uma condição de coisas há muito desaparecidas. A Bíblia, pelo contrário, é o livro para hoje. É o próprio livro de Deus, Sua perfeita revelação. É a Sua própria voz falando a cada um de nós. É um livro para todas as idades, para todas as classes, para todas as condições, altas e baixas, ricas e pobres, eruditas e ignorantes, velhas e jovens. Fala em uma linguagem tão simples que uma criança pode entendê-la e, no entanto, tão profunda que o intelecto mais gigantesco não pode esgotá-la. Além disso, fala diretamente ao coração; toca as mais profundas fontes do nosso ser moral; vai até as raízes ocultas do pensamento e do sentimento na alma; nos julga completamente. Em uma palavra, é, como o inspirado apóstolo nos diz, “eficaz, e mais penetrante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até à divisão da alma, e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração” (Hb 4:12 ).
E então observe a maravilhosa abrangência de seu alcance. Ela lida com precisão e força com os hábitos, costumes e maneiras do presente século da era Cristã, assim como com os das primeiras eras da existência humana. Ela mostra um conhecimento perfeito do homem em todas as etapas de sua história. A cultura de hoje e de três mil anos atrás são espelhadas com precisão e fidelidade em suas páginas. A vida humana em todos os estágios de seu desenvolvimento é retratada por uma mão mestra no maravilhoso volume que nosso Deus graciosamente inspirou para nosso aprendizado.
O livro fiel
Mas então este livro julga o homem – seus caminhos, seu coração. Ela diz a ele a verdade sobre si mesmo e, por essa razão, o homem não gosta do livro de Deus. Há um esforço constante para achar faltas nela. Em todas as épocas, os homens têm trabalhado arduamente para encontrar falhas e contradições na Palavra de Deus. Seus inimigos devem ser encontrados, não apenas nas fileiras do vulgar e grosseiro, mas entre os instruídos e refinados. Assim como era nos dias dos apóstolos, “alguns homens perversos, dentre os vadios” e “mulheres devotas e honradas” – duas classes distantes uma da outra, social e moralmente – encontraram um ponto em que podiam concordar voluntariamente, ou seja, a completa rejeição da Palavra de Deus e daqueles que a pregaram fielmente (Compare Atos 13:50 com Atos 17:5) Assim, sempre achamos que os homens que diferem em quase tudo, concordam em sua determinada oposição à Escritura Sagrada.
Era exatamente o mesmo que acontecia com a Palavra viva – o Filho de Deus – quando Ele estava aqui entre os homens. Os homens O odiavam porque lhes dizia a verdade. Seu ministério e, de fato, toda a Sua vida foram um testemunho permanente contra o mundo, daí a amarga e persistente oposição deles. Outros homens foram permitidos seguirem sem problemas, mas Ele foi observado a cada passo em Seu caminho. No final de Sua vida, quando Ele foi pregado na cruz entre dois ladrões, estes dois foram deixados em paz; não houve insultos amontoados sobre eles. Não – todos os insultos, toda a zombaria, toda a vulgaridade grosseira e sem coração – tudo foi amontoado sobre o Ocupante divino da cruz central.
A ligação com Deus
Graças a Deus, Ele revelou Sua mente – Ele nos deu a Escritura Sagrada. “Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça; Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra” (2 Tm 3:16-17 – ACF). Louvemos o Senhor por tais palavras! Elas nos asseguram que toda a Escritura é dada por Deus e que toda a Escritura nos foi dada. Que precioso elo entre a alma e Deus! Nada pode tocar a Palavra de Deus. “Para sempre, ó SENHOR, a Tua palavra permanece no céu” (Sl 119:89). O que resta para nós? Só isso. “Escondi a Tua Palavra no meu coração, para eu não pecar contra Ti” (Sl 119:11). Aqui está o segredo da paz. O coração está ligado ao próprio coração de Deus por meio de Sua mais preciosa Palavra, e é assim colocado em posse de uma paz que o mundo não pode dar nem tirar. A Palavra é aquela que perdura para sempre, e assim nossa salvação e nossa paz são tão estáveis quanto a Palavra na qual elas estão baseadas.
Como podemos saber que é a Palavra de Deus?
Podemos ser surpreendidos pela questão tantas vezes levantada e que tem incomodado a muitos. A pergunta é essa. “Como podemos saber que o livro que chamamos de Bíblia é a Palavra de Deus?” Nossa resposta a esta pergunta é muito simples: Aquele que nos deu graciosamente o livro abençoado pode nos dar também a certeza de que o livro é d’Ele. O mesmo Espírito que inspirou os vários escritores da Escritura Sagrada pode nos fazer saber que essas Escrituras são a própria voz de Deus falando conosco. É somente pelo Espírito que qualquer um pode discernir isso. “O homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente” (2 Co 2:14). Se o Espírito Santo não nos faz saber nem dá a certeza que a Bíblia é a Palavra de Deus, nenhum homem ou grupo de homens podem fazer isso, e, por outro lado, se Ele nos dá esta bendita certeza, não precisamos do testemunho de homens.
Suas credenciais e supremacia
Devemos manter fielmente a autoridade divina e, portanto, a supremacia absoluta e a toda-suficiência da Palavra de Deus, em todos os momentos, em todos os lugares e para todos os propósitos. Devemos sustentar que a Escritura, tendo sido dada por Deus, é completa no sentido mais pleno da palavra. Ela não precisa de nenhuma autoridade humana para credenciá-la: Ela fala por si e carrega suas credenciais com ela. Tudo o que temos a fazer é acreditar e obedecer, não raciocinar ou discutir. Deus falou: Cabe a nós ouvir e produzir uma obediência reverente e sem reservas.
Sujeição à sua autoridade
Nunca houve um momento na história da Igreja de Deus em que fosse mais necessário insistir na consciência humana sobre a necessidade de obediência implícita à Palavra de Deus como agora. Alguns crentes sentem que têm o direito de pensar por si mesmos, seguir sua própria razão, seu próprio julgamento ou sua própria consciência. Eles pensam que há algumas coisas que foram deixadas para que escolhêssemos por nós mesmos. O resultado é inúmeras seitas, partidos, credos e escolas de pensamento. Se a opinião humana é permitida, então um homem tem o mesmo direito de pensar como outro. Assim, a igreja professa se tornou um provérbio e um sinônimo de divisão.
Qual é o remédio para esta doença tão generalizada? É a absoluta e completa sujeição à autoridade da Escritura Sagrada. Não são os homens que vão à Escritura para terem suas opiniões e pontos de vista confirmados, mas vão à Escritura para obter a mente de Deus quanto a tudo. Esta é a única necessidade premente de nossos dias – reverente sujeição em todas as coisas à suprema autoridade da Palavra de Deus. Aqui está o verdadeiro segredo da segurança moral. Nosso conhecimento da Escritura pode ser muito limitado, mas se nossa reverência por ela for profunda, seremos preservados de milhares de erros, e haverá crescimento constante. Cresceremos no conhecimento de Deus, de Cristo e da Palavra escrita. Iremos desfrutar do fato que podemos extrair daquelas profundezas vivas e sem exaustão da Palavra de Deus e atravessar aqueles pastos verdes que a infinita graça abriu tão livremente ao rebanho de Cristo. Encontraremos perfeição divina na Palavra de Deus e um amplo círculo de revelação divina que tem seu centro eterno na bendita Pessoa de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
