Origem: Revista O Cristão – A Escritura Sagrada

A Escritura Sagrada – Sua Origem e Preservação

A maioria de nós não se detém a pensar na enorme quantidade de preservação e traduções que foi necessária para a Bíblia se tornar tal como a conhecemos hoje. Às vezes, no passado, ela era deliberadamente destruída e, em outras ocasiões, guardada em rolos de papiro e em manuscritos belamente ilustrados. Pessoas foram queimadas por possuírem uma Bíblia, mas hoje ela foi traduzida para mais idiomas do que qualquer outro livro e está disponível para a maioria (mas ainda não todos) que desejarem uma. Como é que isso aconteceu? A história da Bíblia é um estudo fascinante, e aquela que você tem na mão é realmente um milagre – um presente de Deus.

Sua inspiração divina 

Aqui temos um livro que se atribui de inspiração divina vinda de Deus e é endereçado com toda a autoridade de Deus para o homem. Porque vem de um Deus infinito, ela trata e comunica a verdade que também é infinita. No entanto, é dirigida ao homem que é finito em seus pensamentos e está escrita com palavras que, na medida em que são linguagem humana, podem ser lidas pelo homem. Embora ele possa ler as palavras e as entender, a verdade revelada na Bíblia está, em última instância, além do aprendizado e do entendimento do homem, pois o leva a áreas onde ele é totalmente dependente da revelação divina. No entanto, na dependência de Deus, o homem pode desfrutar e viver no bem do que é revelado em Sua Palavra. Mais do que isso, embora a Bíblia se atribua de inspiração divina, ainda assim o toque humano ainda está lá. Não apenas as personalidades dos escritores, mas também o caráter e as personalidades daqueles sobre quem eles escreveram são retratados vividamente para nós. Cada escritor tem seu próprio estilo, e alguns livros são históricos, outros poéticos, enquanto outros ainda profetizam sobre o futuro. No entanto, todos estão juntos e fluem juntos em perfeita harmonia. Não há explicação para tudo isso, exceto que ela é o que afirma ser: a Palavra de Deus!

Os primeiros cinco livros 

Antes de Moisés e do êxodo de Israel do Egito, não parece que havia alguma Palavra escrita de Deus. Sem dúvida houve comunicações orais de Deus, e estas foram provavelmente transmitidas por meio de várias gerações. Então Deus deu a Moisés a inspiração para escrever os cinco primeiros livros da Bíblia, frequentemente chamados de o Pentateuco. Outros escritores se seguiram, provavelmente quase quarenta deles, até que João escreveu o Apocalipse em aproximadamente 97 d.C. E assim, a escrita da Bíblia do ponto de vista humano levou cerca de 1.600 anos.

Os idiomas originais e as traduções 

O Velho Testamento foi originalmente escrito em hebraico, uma língua antiga que provavelmente se originou na terra de Canaã. Esta língua foi falada pela nação de Israel até o tempo do cativeiro babilônico, quando a língua mudou se misturando com as línguas da Mesopotâmia, como Caldeu e Sírio. Esta linguagem modificada foi chamada de aramaico. Quando eles voltaram do cativeiro, os Judeus continuaram a usar essa linguagem, e ela era comum quando nosso Senhor esteve na Terra. No entanto, naquela época, o grego era a língua comum em muitas partes do mundo romano, e se tornou mais e mais usada com o passar do tempo. Assim, quando o Novo Testamento veio a ser escrito, foi escrito em grego, uma língua em que seria mais lida e entendida. Por esta altura, também, o Velho Testamento tinha sido traduzido para o grego (cerca de 280 a.C). Essa tradução foi chamada de Septuaginta, assim chamada porque o trabalho supostamente foi feito por setenta eruditos. Ela foi muito usada durante o tempo de nosso Senhor, e parece que tanto Ele como os apóstolos a citavam livremente quando se referiam ao Velho Testamento. Contudo, os Judeus também continuaram a falar aramaico, especialmente aqueles que ainda viviam na terra de Israel, e os rabinos frequentemente liam o Velho Testamento em hebraico puro em suas sinagogas. Em tais casos, um intérprete estava disponível para traduzir para aqueles que conheciam apenas o aramaico.

Desde que o cânon da Escritura foi concluído, muitas traduções foram feitas – algumas boas e algumas bastante defeituosas. Por ser a Palavra de Deus, a precisão na tradução é importante, e agradecemos aqueles que, na dependência de Deus, procuraram fazer traduções que fornecessem a redação original da forma mais exata possível. Podemos ser gratos, no entanto, por cada tentativa de tornar a Palavra de Deus disponível para as pessoas em sua própria língua. Ainda mesmo traduções menos precisas (como as de Martinho Lutero, por exemplo) têm sido usadas por Deus com muitas bênçãos para as almas.

O cânon completo da Escritura 

Muitas vezes a questão foi levantada: “Como sabemos que temos o cânone exato da Escritura? Como sabemos que os livros reunidos formam a Palavra de Deus e estão completos? Como o trabalho foi feito por homens, não é possível que algum livro tenha sido inadvertidamente deixado de fora, ou possivelmente um outro foi incluído que não pertence a ele?”

Alguns dos livros, particularmente o Pentateuco, foram considerados por Israel desde o princípio como as próprias declarações de Jeová, e eles foram tratados como tais. Livros inspirados posteriores nem sempre foram reconhecidos de imediato por seu verdadeiro caráter, mas com o passar do tempo, eles acabaram se mostrando vindos de Deus. Da mesma forma, aqueles que não foram inspirados foram identificados como tal e excluídos da Palavra de Deus. Neste contexto, Martinho Lutero fez uma declaração sábia quando disse: “A igreja não pode dar mais força ou autoridade a um livro do que ele tem em si mesmo. Um Concílio não pode fazer com que ele seja uma Escritura que, em sua própria natureza, não é Escritura”. Sem dúvida, ele estava se referindo a um concílio da igreja católica romana, talvez o concílio de Trento, que se encarregou de decidir que os livros não inspirados dos Apócrifos deveriam ser incluídos no cânon da Escritura. Mas desde o início a inspiração ou não de vários escritos sempre foi decidida pelo seu testemunho interior e pelo valor intrínseco dos próprios escritos. Porque os escritos foram considerados “vivos e operantes” (Hb 4:12 – JND), eles foram reconhecidos como a Palavra do Senhor. Outros livros, mesmo aqueles escritos por escritores que foram usados por Deus para escrever alguns dos escritos inspirados, foram deixados de fora, tendo servido ao seu propósito. Até a própria Escritura se refere a alguns desses escritos, tais como “o livro de Natã, o profeta” (1 Cr 29:29 – JND) e a epístola “de Laodicéia” (Cl 4:16). Tais escritos há muito foram perdidos, mas aqueles dados por inspiração durarão para sempre.

Os diversos livros apócrifos 

Nos últimos anos tem havido um grande interesse em certos escritos supostamente inspirados. Em 1945, um arquivo de 57 escritos Cristãos foi descoberto no Egito central. Entre eles, um chamado “Evangelho de Tomé”, um “Evangelho de Maria” e um “Evangelho de Judas”. Há outros livros adicionais (como o “Evangelho para os nazarenos”) que os pais da igreja citaram ocasionalmente, mas que não estão incluídos no cânon da Escritura. Aqueles que querem desacreditar a Palavra de Deus têm dado muita importância a esses escritos. De fato, é bem possível que Dan Brown tenha sido motivado a escrever seu blasfemo romance – O Código Da Vinci, lendo este material encontrado no Egito, pois algumas de suas afirmações são encontradas em pelo menos dois desses livros apócrifos.

Vários aspectos desses escritos provam conclusivamente que eles não foram inspirados. Primeiro de tudo, os nomes que foram dados a eles são enganosos. Por exemplo, mesmo os estudiosos mais liberais admitem que o chamado “Evangelho de Judas” não tem nada a ver com Judas e não foi escrito por ele. Em segundo lugar, a sua datação é muito especulativa e o momento em que foram escritos são apenas uma conjectura. É improvável que eles tenham sido escritos antes do segundo século d.C. Terceiro e, o mais importante, seu ensino é muitas vezes blasfemo e diverge da verdade dada nos livros conhecidos como sendo a Palavra de Deus. Isso explica por que eles foram originalmente excluídos da Escritura. Por exemplo, muitos deles negam a perfeita Divindade e Humanidade do Senhor Jesus, e negam que a obra de Cristo seja necessária para a salvação.

Seja grato 

Sejamos gratos pela Palavra de Deus que mantemos em nossas mãos e que Deus preservou para nós. Certamente, Aquele que inspirou os homens a escrevê-la foi capaz de garantir que ela fosse preservada para nós, mesmo em meio às impurezas da falta de cuidado e fraqueza humana que ocasionalmente entravam em seu texto durante sua jornada através dos tempos. Várias vezes na Palavra de Deus encontramos um aviso sobre acrescentar algo a ela, e somos avisados sobre remover algo dela. Tais avisos não estariam lá se não houvesse perigo de tais coisas, mas Deus bem sabia como o coração do homem procuraria minar Sua revelação divina. Que tenhamos fé em Deus e na Sua Palavra e resistamos a todos os esforços para corrompê-la.

W. J. Prost

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