Origem: Revista O Cristão – Gideão

A Espada

É muito claro a partir da história de Gideão que Deus usou um homem que era pequeno aos seus próprios olhos. Então o Senhor o humilhou ainda mais, até o ponto em que ele teve que ouvir sendo comparado a “um pão de cevada torrado” (Jz 7:13). As lições que ele aprendeu na escola de Deus o prepararam para o serviço e, ao mesmo tempo, não exaltaram a Gideão, pois tudo era sobre o Senhor. Mas então a força e a glória do Senhor eram primordiais, a vitória foi ganha e o Senhor obteve a glória.

Nós vemos os resultados do trabalho de Deus com Gideão da maneira que ele abordou a batalha. Com apenas trezentos homens, ele não podia esperar, pela força humana, obter a vitória sobre os midianitas e os amalequitas, que estavam no vale “como gafanhotos, em multidão”. Assim, Gideão não armou seus homens da maneira normal, com armas como lanças e espadas. Não, ele reconheceu o poder do Senhor e os equipou “nas suas mãos esquerdas as tochas acesas e nas suas mãos direitas as buzinas [trombetas – ARA] (Jz 7:20). Ambas as mãos estavam ocupadas, e assim não havia mão para segurar uma arma. Então tocaram as trombetas e quebraram os jarros que cobriam suas tochas, enquanto clamavam: “Pelo SENHOR e Gideão!” (Jz 7:18). Nenhuma menção é feita à espada, pois Gideão havia aprendido que seria o Senhor Quem alcançaria a vitória. Assim foi, porque o próprio inimigo se destruiu a si mesmo. Os homens de Gideão não precisaram levantar uma arma.

Os trezentos 

Mas então, quando os trezentos homens seguiram as instruções de Gideão, nós os encontramos dizendo: “A espada do Senhor e de Gideão!” (Jz 7:20). Eu creio que há dois pensamentos aqui. Primeiro de tudo, Gideão é agora uma figura de Cristo, o Único que sempre age em perfeição. Mesmo o mais fiel dos Seus servos não age com a perfeição do seu Mestre. Os homens de Gideão, fiéis como eram e corajosos soldados, não tinham passado pelo mesmo treinamento que Gideão. Eles mencionaram a espada, embora não tivessem ordens para fazê-lo. Eles não haviam aprendido sobre o Senhor da mesma forma que Gideão aprendeu.

Mas não havia utilidade para a espada? Sim, havia de fato, pois quando a vitória foi conquistada, ainda havia inimigos com quem deveriam lidar. Ainda havia quinze mil remanescentes do exército de Midiã e outros, aos quais Gideão precisava perseguir. Os príncipes e reis de Midiã ainda estavam soltos e precisavam ser capturados e executados. Também, triste dizer, havia os de Sucote e Penuel, em Israel, que haviam recusado ajudar a Gideão quando ele estava perseguindo os reis de Midiã. Era justo que o juízo fosse executado contra eles, e assim as espadas certamente foram bem usadas em todas essas situações.

Tesouro em vasos de barro 

Tudo isso traz uma lição para nós também. A contraparte Cristã da história de Gideão é encontrada em 2 Coríntios 4:6-7: “Porque Deus, que disse que das trevas resplandecesse a luz, é Quem resplandeceu em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo. Temos, porém, esse tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós”. O tesouro é Cristo, como as luzes carregadas pelo exército de Gideão, mas é uma luz em um vaso de barro – que somos nós mesmos. Muitas vezes o Senhor precisa quebrar o vaso de barro para que a luz possa resplandecer. Não é agradável ter nosso vaso de barro quebrado, mas vale a pena, pois então Cristo brilha de forma mais vivida. Então o poder de Deus é manifestado e Ele recebe a glória.

Nossa força não é nossa, mas do Senhor, para que não consigamos a vitória por meios humanos. A luz e a trombeta (que anuncia que Deus está agindo) era tudo o que era necessário. Mas então, quando a vitória foi conquistada, temos o que a Escritura chama de “a espada do Espírito” (Ef 6:17), que é a Palavra de Deus. Mais precisamente, é a Palavra de Deus que temos lido, meditado sobre ela e andado nela. Nós a utilizamos na guerra espiritual, mas reconhecendo que a vitória já foi conquistada para nós pelo nosso Senhor e Mestre. Então, usamos a espada para manter nosso lugar de regozijo nas coisas celestiais e em conflito com as “hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais” (Ef 6:12).

W. J. Prost

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