Origem: Revista O Cristão – Paciência

Esperei Pacientemente por Jeová

No Salmo 40, temos Cristo assumindo o lugar da paciência sem falhar e, assim, fornecendo uma base para confiança, até mesmo para aqueles que falharam, ao tomar o Seu lugar junto do remanescente (que afinal eram os santos na Terra, os excelentes) em suas tristezas, e o caminho da integridade na Terra. Ele também não falha nisto ao Se colocar sob o peso do mal e dos pecados sob os quais Israel havia se colocado. Nós sabemos disso de uma maneira ainda mais profunda, a qual não é vista aqui. Mas a maneira como Cristo Se identifica com Israel, ainda que na integridade do remanescente justo, é profundamente instrutiva e nos leva a uma apreensão maravilhosa de uma parte especial de Suas dores. Sua morte, e as dores de Sua morte, não são vistas aqui como expiação ou suportando a ira, mas como tristezas, sofrimento e pesar. Aqui, Deus é visto ajudando a Cristo na dor em que Ele se encontra e na qual Ele espera em Jeová. Ela estava no remanescente, na oposição de Israel por causa de suas culpas e afastamento de Deus. Cristo, que havia sido (como Ele afirma neste salmo) fiel a Deus em tudo, entra nessa dor em graça celestial.

Não se trata do Seu próprio relacionamento com Deus, mas de Ele entrando no [relacionamento] do remanescente em conexão com Israel. O relacionamento d’Ele tinha sido perfeito; o deles, embora fundamentado na fidelidade de Jeová por um lado, era, na realidade, fruto do pecado. É mais no final de Sua vida. Está moralmente encerrado quanto ao serviço. Enquanto servia, Ele estava fazendo a vontade de Deus no corpo preparado para Ele e fielmente declarando a justiça de Deus na grande congregação, isto é, publicamente em Israel. Agora, com relação ao homem (e assim será com o remanescente – suas provações virão sobre eles dos soberbos, por causa de sua fidelidade e testemunho: só que eles terão merecido, por estarem eles mesmos envolvidos nos pecados do povo), por causa deste testemunho fiel, os males vêm sobre Ele. Assim, sabemos que foi historicamente com Cristo. Sua hora havia chegado – a hora de Seus inimigos e do poder das trevas.

É a vida perfeita de Cristo, e as dores no final dela, nas quais Ele se refere à fidelidade e à bondade de Jeová para levar Seu povo a confiar nelas, instruindo-os nisto em que Sua perfeição foi mostrada: “Esperei pacientemente por Jeová”; a paciência teve sua obra perfeita – uma lição imensa para nós.

A carne pode esperar muito, mas não até que o Senhor venha, ela não consegue esperar em perfeita submissão; e confiando apenas na força e fidelidade d’Ele para ser perfeito em obediência e na vontade de Deus. Saul esperou cerca de sete dias, mas a confiança da carne (o seu exército) estava derretendo; os filisteus, os soberbos inimigos, estavam lá. Ele não esperou até que o Senhor aparecesse com Samuel. Se tivesse obedecido e sentido que ele não podia fazer nada, tendo apenas que obedecer e esperar, ele teria dito: “eu não posso fazer nada, e eu não devo fazer nada” até que o Senhor venha por Samuel. A carne confiou em sua própria sabedoria e olhou para sua própria força, embora com formas piedosas. Tudo foi perdido. A carne foi provada e falhou. Cristo sendo provado: Ele esperou pacientemente por Jeová. Ele foi perfeito e completo em toda a vontade de Deus. E esse é o nosso caminho através da graça.

Essa é a grande instrução pessoal deste salmo. Aqui, Ele dá a Si Mesmo como padrão. “Esperei pacientemente por Jeová”, isto é, até o próprio Jeová chegar. Sua própria vontade nunca se moveu, ainda que plenamente posta à prova. Por isso, era perfeição. Ele não teria outra libertação, senão a d’Ele. Seu coração estava totalmente certo: Ele não teria uma libertação que não fosse a de Jeová. Este é um ponto muito importante quanto ao estado do coração (não teria outra senão a de Jeová). Além disso, ele sabe que não há outra, e que Jeová está perfeitamente certo quando Sua vontade moral foi perfeitamente cumprida e Sua justiça vindicada quando necessário. Há a conhecida perfeição de Sua vontade – o Seu único título, e então perfeição de submissão e o desejo somente por Ele.

Esta clara fidelidade da graça – a libertação de Deus manifestada n’Aquele que tinha ido às profundezas das provações – seria um lugar de descanso para a fé de outros, ainda mais por Ele ter entrado nela como consequência do estado do povo aos olhos de Deus. Por isso, ela é aplicada à condição do remanescente, embora igualmente verdade para todo santo que esteja em provação por causa da impiedade de outros e do poder do mal, talvez causado por ele mesmo. “Bem-aventurado o homem que põe em Jeová a sua confiança e que não respeita os soberbos”.

J. N. Darby (adaptado)

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