Origem: Revista O Cristão – O Espírito Santo

Adorar em Espírito

Cristo levou o nosso pecado, nos purificou de toda contaminação e nos tornou aptos para estarmos na presença de Deus, e para que pudéssemos desfrutar desta bendita realidade, Ele conquistou para nós, ao mesmo tempo, o dom do Espírito Santo. Quando fomos nascidos de novo, não apenas recebemos uma nova natureza, que é santa e capaz de ter sentimentos adequados à posição em que a graça nos colocou diante de Deus, mas recebemos o Espírito Santo, que nos mostra, revela e comunica coisas divinas e Aquele que desperta sentimentos tais quais deveriam ser despertados. Somos fortalecidos pelo Espírito no homem interior, a fim de que, estando enraizados e fundados em amor, Cristo habite em nosso coração pela fé, e que possamos ser capazes de compreender com todos os santos qual é a largura, o comprimento, a altura e a profundidade, e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para que possamos ser preenchidos com toda a plenitude de Deus (Ef 3:16-19).

O amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo que nos foi dado (Rm 5:5). Ele toma as coisas de Cristo e as mostra para nós, e tudo o que o Pai tem é de Cristo (Jo 16:15; 17:10). As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem – são as que Deus preparou para os que O amam – Mas Deus no-las revelou pelo Seu Espírito; porque o Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus (1 Co 2:9-10).

O Espírito Santo é a “unção” que recebemos de Deus, pela qual podemos “conhecer o que nos é dado gratuitamente por Deus” (1 Co 2:12), pela qual “sabeis tudo” (1 Jo 2:20). Ele é o selo que Deus colocou sobre nós até o dia da redenção, pois Deus estabeleceu Sua marca apropriada para aquele dia de glória naqueles que creem. O Espírito Santo é também “o penhor da nossa herança, para redenção da possessão de Deus”. Ele nos dá plena certeza da eficácia da obra de Cristo. Ele nos transmite o conhecimento da posição em que fomos colocados, purificados pelo sangue do Salvador e, portanto, sem mancha aos olhos de Deus. Pelo Espírito Santo, o amor de Deus, de onde todas essas bênçãos realizadas fluíram, é derramado em nosso coração. Ele é o originador de todos os pensamentos e afeições que respondem a esse amor.

Mas Ele faz mais – Ele é mais do que tudo isso por nós. “Mas o que se ajunta com o Senhor é um mesmo espírito” (1 Co 6:17). Isso não é meramente uma imaginação, um sentimento, isso é um fato. O mesmo Espírito, cuja plenitude está em Cristo, permanece em nós e estamos unidos a Cristo como membros de Seu corpo, de Sua carne e de Seus ossos (Ef 5:30). Em um só Espírito todos nós fomos batizados, para que pudéssemos ser um só corpo (1 Co 12:13). Ele não é somente o poder, o elo desta união, mas Ele nos dá a consciência disso. “Naquele dia, conhecereis que estou em Meu Pai, e vós, em Mim, e Eu, em vós” (Jo 14:20).

O Espírito Santo, então, nos dá antes de mais nada a certeza de nossa redenção. Onde o Espírito está, há liberdade, pois Ele nos revela a glória de Cristo, conforme apresentado na Escritura, como fez outrora a Estevão, que, cheio do Espírito Santo, contemplou a glória de Deus e o Filho do homem à destra de Deus. Além disso, Ele nos dá a consciência de nossa união com Cristo no alto. Sabemos que somos vivificados juntamente com Ele, ressuscitados juntamente e então nos fez assentar juntos nos lugares celestiais em Cristo. Além de tudo isso, Ele derrama abundantemente o amor de Deus em nosso coração, o manancial e fonte de gozo para nós, de piedade para com este pobre mundo, e de amor para com toda a família de Deus.

Outra verdade de menor importância, mas muito preciosa em seu lugar, depende dessa presença do Espírito Santo: A que somos do mesmo corpo e, portanto, “membros uns dos outro” (Rm 12: 5). Se Cristo é a Cabeça do corpo, cada Cristão é um membro dele e consequentemente é unido pelo Espírito Santo, que forma o vínculo do todo em todos os outros membros.

O mesmo Espírito habita em cada Cristão, seu corpo é o templo do Espírito Santo (1 Co 6:19). E os crentes sendo vivificados e unidos, eles, como um todo, também são Seu templo (1 Co 3:16). Deus habita ali pelo Seu Espírito de maneira menos palpável mas muito mais excelente do que no templo de Jerusalém.

A verdadeira adoração Cristã 

Agora é em sua posição, de acordo com a revelação gloriosa de Deus, e pelo Espírito que Ele nos deu, para que possamos desfrutar de todos os privilégios benditos que são nossos, que a verdadeira adoração Cristã é oferecida a Deus.

Sabendo o que Deus é, e o que Ele é por nós – contemplando a Ele, sem um véu, de acordo com a perfeição de Seu amor e Sua santidade – estando capazes de estar na luz, assim como Ele mesmo está na luz – o objeto do amor daquele que não poupou nem mesmo Seu Filho amado, para que nós possamos ser participantes disso – e tendo recebido o Seu Espírito, para que possamos compreender este amor e sermos capazes de adorá-Lo de acordo com o desejo e afeições de Seu coração por nós, rendemos adoração a Ele em resposta a revelação que Ele tem feito de Si mesmo neste mistério do amor que até mesmo os anjos desejam se atentar e pelo qual Ele fará conhecido, nos séculos vindouros, as abundantes riquezas da Sua graça em Sua benignidade para conosco em Cristo Jesus.

Mas ainda permanece um outro elemento de nosso culto racional – o caráter do “Pai”. Deus deve ser adorado em “espírito e em verdade”, pois Ele é Espírito, mas é como “Pai” que Ele “procura a tais que assim O adorem”.

Adorar “em espírito” é adorar de acordo com a verdadeira natureza de Deus e no poder dessa comunhão que o Espírito de Deus dá. A adoração espiritual está, portanto, em contraste com as formas e cerimônias e toda a religiosidade da qual a carne é capaz.

Collected Writings, Vol. 7, págs. 97-100

J. N. Darby

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