Origem: Revista O Cristão – O Espírito Santo

O Espírito de Deus na Terra

“Onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade” (2 Co 3:17).

Sabemos que toda ação de Deus é feita em Trindade, seja criação, redenção, ressurreição ou julgamento. A ordem da Escritura é – Deus Pai, Aquele que origina os propósitos; Deus o Filho, Aquele que os executa; e Deus o Espírito Santo, o poder pelo qual os propósitos são cumpridos. Isso era verdade muito antes de Deus em Seu caráter trino ser totalmente conhecido pelo homem. Mais do que isso, foi o Espírito de Deus que agiu de tempos em tempos em vários indivíduos no Velho Testamento, seja para trazer a mente de Deus oralmente ou para escrever a Palavra inspirada. No entanto, em nenhum momento antes do dia de Pentecostes o Espírito de Deus esteve presente na Terra com o caráter de habitar. Assim, a dispensação da graça é única, pois é caracterizada pela presença do Espírito de Deus neste mundo. O Espírito de Deus está aqui na Terra, habitando em cada verdadeiro crente individualmente e também habitando entre os crentes coletivamente como a casa de Deus. Esta é uma verdade maravilhosa, pois tal coisa nunca ocorreu antes do período da igreja, nem ocorrerá novamente nos tratos de Deus para com o homem na Terra. As implicações disso são importantes para todo crente perceber.

No Velho Testamento, o homem recebeu instruções de Deus quanto à sua caminhada, quer seja por Deus falar diretamente ao homem, quer por meio de Sua Palavra, pelos profetas e outros homens de Deus. Essas instruções, particularmente na lei, cobriam quase todos os aspectos da vida. Na maioria dos casos, no entanto, aqueles que receberam essas instruções tiveram que realizá-las sem entender as razões para elas existirem. Em sua maior parte, não havia espaço para exercício pessoal ou consideração da mente de Deus sobre um assunto específico – a estrita obediência era tudo o que era necessário. É verdade que homens como Abraão, Moisés e Davi (citando alguns) levantaram-se acima do dia em que viveram e andaram perto do Senhor, a ponto do Espírito de Deus dizer no Salmo 103:7: ”Fez notórios os Seus caminhos a Moisés e os seus feitos, aos filhos de Israel”. Mas a maioria dos homens não conhecia Deus de maneira íntima.

Quando o Senhor Jesus veio à Terra, Ele não apenas revelou o coração de Deus, mas revelou Deus em Trindade pela primeira vez. Ele falou abertamente de Seu Pai e também falou sobre o Espírito de Deus. Parte disso foi antecipação, mas o conhecimento do Pai e a ação do Espírito de Deus foram mencionados muitas vezes. Mais tarde, em Seu ministério, Ele predisse a vinda do Espírito Santo, para que “fique convosco para sempre” (Jo 14:16). O Espírito não viria mais sobre um profeta ou outro homem de Deus, apenas para lhe dar uma mensagem e depois sairia novamente. Não, o Espírito permaneceria com os crentes para sempre.

No dia de Pentecostes, sabemos que o Espírito desceu, não apenas para habitar cada verdadeiro crente, mas também os batizando em um só corpo (1 Co 12:13) e habitando entre eles coletivamente como a casa de Deus (1 Co 3:16). A maravilhosa verdade é que o Espírito permanecerá residindo neste mundo até que o Senhor venha! Enquanto Ele estiver aqui, Ele é Aquele que “resiste até que do meio seja tirado” (2 Ts 2:7). O Espírito de Deus neste mundo restringe o mal que de outra forma engoliria este mundo em pecado abertamente, mas quando o Senhor vier e levar Sua Igreja para casa, então o Espírito de Deus não estará mais aqui num caráter de habitar. É verdade que Ele continuará a operar, pois toda vez que uma nova vida é concedida a uma alma, é uma obra do Espírito de Deus. Se as almas forem salvas durante o período da tribulação, ouvindo o evangelho do reino, será pelo Espírito que estará usando a Palavra (João 3:5). Mas Ele não estará presente de forma permanente como Ele está durante este período da graça de Deus.

A presença do Espírito aqui na Terra tem implicações tremendas para nós, tanto positivas quanto negativas. Como alguém observou, essa preciosa verdade é ao mesmo tempo nossa maior força potencial, mas também nossa maior fraqueza potencial. Como vimos, o Velho Testamento foi caracterizado por instruções minuciosas, mas que muitas vezes tinham que ser realizadas sem inteligência quanto às razões para essas instruções terem sido dadas. O Novo Testamento é um livro de princípios, escrito para corações dispostos, e esses princípios devem ser aplicados em comunhão com o Senhor. Eles devem ser interpretados e realizados no poder do Espírito de Deus.

Quando o crente caminha com o Senhor, o Espírito de Deus está livre para trazer a Cristo diante dele, para interpretar a Palavra de Deus e para dar a orientação necessária em todas as situações. Assim, os princípios podem ser aplicados em várias situações, onde o Espírito de Deus pode conduzir de acordo com todas as circunstâncias do caso. No Cristianismo, não fazemos regras, mas tomamos decisões. O crente precisa de mais do que princípios corretos – Ele precisa do próprio Deus. Ele não segue precedentes, mas vive em dependência direta do Senhor, guiado pela Palavra de Deus.

Por outro lado, se o crente se afasta do Senhor, o Espírito nele é entristecido (Ef 4:30) e precisa fazer com que ele se ocupe com seu pecado até que ele lide com isso em arrependimento e confissão. Nesse caso, ele não pode ir ao Senhor em busca de orientação, e o Espírito não interpreta a Palavra para ele da mesma maneira. Assim, o crente descobre que ele não pode tentar obter a mente do Senhor em uma situação sem trazer seu estado de alma à cena. Se ele se recusa a julgar seu pecado, ele se vê debatendo sem orientação e sem gozo em sua alma. Em certo sentido, ele é mais fraco do que o santo do Velho Testamento, que poderia pelo menos seguir as instruções de Deus.

Que possamos apreciar mais a posição de proximidade e bênção em que a graça de Deus nos colocou e nos deleitar em andar com o Senhor no poder de um Espírito que não está entristecido. Desta forma, teremos gozo constante em nossa alma e facilmente descobriremos que, quanto às questões em nossa vida, as palavras do Senhor serão verdadeiras para nós: “Guiar-te-ei com os Meus olhos” (Sl 32:8).

W. J. Prost

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