Origem: Revista O Cristão – Nuvens

Este Mesmo Jesus

Em Atos 1:9-11, encontramos registrado, pelo Espírito Santo, um relato da ascensão de nosso Senhor Jesus Cristo ao céu. Se juntarmos essa passagem com o que lemos em Lucas 24:50-51, descobrimos que este evento ocorreu em Betânia, pois diz: “E levou-os fora, até Betânia […] e […] Se apartou deles”. Geograficamente, Betânia ficava cerca de três quilômetros a leste de Jerusalém, na encosta leste do Monte das Oliveiras, na estrada para Jericó. Quando nosso Senhor subiu de volta ao céu, lemos que “uma nuvem o recebeu, ocultando-O a seus olhos” (At 1:9). Mas então os discípulos, que estavam olhando para o céu, viram dois homens em trajes brancos (evidentemente anjos), que lhes deram uma promessa preciosa: “Este mesmo Jesus […] virá da mesma maneira que O vistes ir para o céu” (v. 11 – KJV). A qual evento isto se refere?

Na Palavra de Deus, encontramos dois outros versículos que se referem à volta de nosso Senhor, ambos usando a palavra “nuvem” ou “nuvens”. Quando essa palavra é usada na Escritura, com muita frequência, e talvez na maioria das vezes, é indicativa da presença divina. Em 1 Tessalonicenses 4:17, onde Paulo nos dá detalhes sobre o arrebatamento dos santos, somos informados que “depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor”. Então, em Apocalipse 1:7, referindo-se à volta de nosso Senhor a este mundo para julgamento, lemos: “Eis que vem com as nuvens, e todo olho o verá, até os mesmos que o traspassaram; e todas as tribos da Terra se lamentarão sobre Ele. Sim! Amém!”. Esses dois eventos são distintos e são separados por pelo menos sete anos. A qual deles o Espírito de Deus se refere em Atos 1?

O reino a Israel 

Quando nosso Senhor ressuscitou dentre os mortos, os discípulos evidentemente não tinham certeza de como os eventos neste mundo se desenvolveriam, e sendo judeus piedosos, eles perguntaram a Ele: “Senhor, restaurarás Tu neste tempo o reino a Israel?” (At 1:6). Mas a resposta de nosso Senhor foi: “Não vos pertence saber os tempos ou as estações que o Pai estabeleceu pelo Seu próprio poder” (v. 7). As palavras “tempos e estações” referem-se a eventos neste mundo, e nosso Senhor não iria revelar tudo isso aos Seus discípulos naquele momento. Deus, de fato, permitiria que o evangelho fosse pregado à nação de Israel, a partir de um Cristo ressurreto em glória, pelo poder do Espírito de Deus. Como consequência da ascensão de Cristo, o Espírito Santo desceria para habitar nos crentes na Terra, e em Seu poder mais uma oportunidade seria oferecida aos judeus. Mas o Senhor sabia muito bem que eles enviariam uma mensagem após o Senhor Jesus, no apedrejamento de Estêvão, dizendo: “Não queremos que Este reine sobre nós” (Lc 19:14). Depois que isso aconteceu, tudo estava acabado para os judeus naquele momento, embora Paulo e outros com ele continuassem a pregar para eles em primeiro lugar, dando-lhes todas as chances de crer no evangelho. Mais tarde, também, Paulo poderia dizer aos tessalonicenses: “Irmãos, dos tempos e das estações, não necessitais de que se vos escreva” (1 Ts 5:1). Àquela altura, tudo estava claro, pois Paulo deveria “completar a Palavra de Deus” (Cl 1:25 – JND). Na verdade da assembleia, que foi dada a Paulo, todos os conselhos de Deus foram revelados. Mas, antes de Paulo entrar em cena, os discípulos não estavam totalmente esclarecidos quanto a todos os eventos que aconteceriam na Terra.

Contudo, uma coisa era clara: o Senhor Jesus tinha dito a eles, em João 14 que se Ele fosse embora, Ele voltaria e os receberia para Si mesmo. No entanto, o relato em Atos 1 não corresponde exatamente à descrição de Paulo da vinda do Senhor em 1 Tessalonicenses 4. Eu sugeriria que tudo isso apenas mostra a perfeição da Palavra de Deus. A partir da descrição dada sobre a ascensão de nosso Senhor do Monte das Oliveiras, é claro que a declaração dos anjos sobre Seu retorno “da mesma maneira” refere-se ao Seu aparecimento na Terra no final da Grande Tribulação, conforme predito em Zacarias 14:4: “Naquele dia, estarão os Seus pés sobre o monte das Oliveiras, que está defronte de Jerusalém para o oriente; o monte das Oliveiras será fendido pelo meio, para o oriente e para o ocidente, e haverá um vale muito grande; metade do monte se apartará para o norte, e a outra metade, para o sul”. Depois do terrível juízo da Grande Tribulação, nosso Senhor voltará para restabelecer Sua comunhão com Seu povo terrenal e descerá no mesmo Monte das Oliveiras de onde Ele ascendeu.

A implicação moral 

Entretanto, a implicação moral daquela declaração dos anjos está certamente conectada com o arrebatamento – a vinda do Senhor para nós. Se os discípulos ficaram tristes com a partida do Senhor, eles tiveram a certeza de que Ele voltaria. Por um breve momento esperavam que o reino fosse estabelecido, e assim Pedro pôde dizer-lhes: […] e envie Ele [Deus] a Jesus Cristo, que já dantes vos foi pregado, o qual convém que o Céu contenha até aos tempos da restauração de tudo” (At 3:20-21). Mas como a nação judaica rejeitou o evangelho de um Cristo ressuscitado em glória, ficou claro que o reino seria adiado. Por fim, Deus permitiu que a cidade de Jerusalém fosse destruída pelos romanos. A verdadeira esperança de cada crente deveria ser que nosso Senhor viesse novamente, para recebê-los para Si mesmo, em um reino celestial. Verdadeiramente podemos dizer com Paulo: “Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os Seus juízos, e quão inescrutáveis, os Seus caminhos!” (Rm 11:33). De forma alguma a declaração dos anjos aos discípulos contrariou a revelação de nosso Senhor sobre o arrebatamento em João 14. Em vez disso, Israel recebeu mais um teste, com uma promessa que teria sido realizada se eles tivessem crido. “Conhecidas por Deus são todas as suas obras desde o princípio do mundo” (At 15:18 – KJV).

W. J. Prost

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