Origem: Revista O Cristão – Estrelas

Uma Estrela de Jacó

Certamente há no relato da profecia de Balaão (Nm 22-24) uma consideração muito solene para aqueles que agora são usados no serviço de Deus. Ser um servo proeminente e útil na maior de todas as obras não é prova nem mesmo de conversão. Nenhum zelo ou sucesso na pregação pode compensar a ausência de vida. Há aqueles que dirão no dia que está por vir: “Senhor, Senhor, não profetizamos nós em Teu nome? E, em Teu nome, não expulsamos demônios? E, em Teu nome, não fizemos muitas maravilhas?” (Mt 7:22). A resposta do Senhor a esses revela o triste e solene fato de que a atividade deles em tal trabalho e zelo era sem conhecer o Senhor, e sem esse conhecimento salvador, todo o seu trabalho e zelo não era nada mais do que a obra da iniquidade. “Nunca vos conheci; apartai-vos de Mim, vós que praticais a iniquidade” (Mt 7:23). Há apenas uma base para a salvação (e, de fato, para o serviço aceitável), que, como pecadores perdidos, somos salvos apenas por Cristo – pela fé n’Ele. O próprio grande apóstolo não tinha outro fundamento a não ser esse, o terreno comum de todos. “Esta é uma palavra fiel e digna de toda aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal” (1 Tm 1:15).

Com Balaão, três vezes o inimigo tentou e falhou em sua tentativa. Agora Satanás na pessoa de Balaque, rei dos moabitas, aparece em oposição mais aberta e busca como se fosse se vingar de seu servo indefeso Balaão, pois Balaque aqui é apenas o porta-voz de Satanás. Ele tinha suas recompensas para o profeta, mas elas foram oferecidas em vão. Com raiva e decepção, ele diz a Balaão para fugir para o lugar dele. “Eu tinha dito que te honraria grandemente; mas eis que o SENHOR te privou desta honra” É contra Jeová que Balaque fala; foi contra Sua vontade que o rei agora se declara abertamente.

A resposta à justiça e à graça 

Era uma questão entre justiça e graça. Satanás não ignorava as exigências da justiça e sabia que Israel merecia perder a herança prometida. Mas ele não sabia nada sobre os propósitos da graça ou como esses propósitos poderiam ser cumpridos sem deixar de lado as exigências da justiça. Ele está, por assim dizer, desafiando a Deus, se Ele pode abençoar um povo até então rebelde. E maravilhosamente a Sabedoria e o Poder (1 Co 1) enfrentaram o desafio. A grande questão está resolvida diante de Deus, embora não tenha chegado o tempo para a apresentação pública do próprio Cristo como o propiciatório pelo pecado (Rm 3:25 – JND). É em vista da cruz que Deus pode declarar Israel abençoado. O livro de figuras e sombras havia sido desenrolado diante de Israel, mas não lido por eles. A verdadeira Luz não havia iluminado a página, mas tudo estava diante de Deus, e o povo que mais merecia ser cortado é aquele a quem as maiores e maiores bênçãos (terrenais) estão asseguradas. Satanás também não podia ler o registro mais do que o homem podia; ele nunca soube disso até que o grande fato da expiação fosse realizado. Deus não fez de Satanás o depositário de Seus conselhos. Mas na cruz, Cristo foi levantado como a resposta a todas as acusações de Satanás, bem como para assegurar a cada crente, e então Satanás soube como Deus poderia ser Justo e o Justificador dos ímpios.

Satanás e a Estrela 

Agora, embora Satanás tenha sido o principal instigador na tentativa de amaldiçoar Israel, despertando o mal no coração desses dois homens para cumprir seu propósito, no entanto, no final, não era tanto o povo, mas o temor e o ódio d’Aquele que viria de Israel. Satanás sabia o significado da primeira palavra dada no Éden. O Senhor que estava por vir iria esmagar-lhe a cabeça. A palavra foi renovada a Abraão: Satanás viu que estava ligado de alguma forma a Israel. Se ele pudesse destruir Israel, a Semente prometida não poderia vir. Mas o conselho de Deus quanto ao Seu Cristo é eterno, e “diria Ele e não o faria?” (Nm 23:19). Satanás foi derrotado e desapareceu. Seus dois servos, Balaque e Balaão, cada um seguiu o seu caminho. Não, ainda não; Deus não terminou com Balaque; esta grande controvérsia não deve ser deixada assim. Deus, por assim dizer, agora toma a iniciativa, e a maldição que Balaque buscava para Israel é pronunciada sobre ele próprio. “vem, avisar-te-ei do que este povo fará ao teu povo nos últimos dias” (Nm 24:14). E agora não é Israel, mas a ESTRELA de Jacó que está diante dos olhos de Deus. É n’Ele e por Ele que as futuras vitórias e grandezas de Israel serão alcançadas. Moabe e todos os outros poderes do mundo que se levantaram contra Cristo e Seu povo serão subjugados sob a força de Seu poder. Os navios do Ocidente podem afligir a Assíria e Éber, mas seu líder perecerá. Esse é o julgamento dos vivos no final dos tempos, já naquela época assim pronunciado.

A cena se fecha; a cortina cai sobre esse acontecimento maravilhoso: Satanás está vencido para sempre e os eternos conselhos da graça permanecem firmes no poder de Deus, que ainda fará todo o bem a Israel.

Israel sabia quão maravilhosamente Deus, seu Jeová, estava mantendo sua causa, sim, Seu próprio direito soberano de graça contra o inimigo? Não, eles, inconscientes, habitavam à vontade em suas tendas, enquanto a batalha era travada e vencida nos altos de Moabe.

R. Beacon

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