Origem: Revista O Cristão – A Presença do Senhor

Evitando a Presença do Senhor

Na Palavra de Deus encontramos exemplos de incrédulos e crentes que não queriam estar na presença do Senhor. Vamos primeiro considerar os incrédulos.

Caim é o exemplo mais notável de alguém que “Retirou-se da presença do SENHOR” (Gn 4:16). Conhecemos bem a história, como ele ficou muito zangado porque seu sacrifício do “fruto da terra” (Gn 4:3) não foi aceito pelo Senhor. Como resultado, ele assassinou seu irmão, mentiu sobre isso, reclamou que sua punição era severa demais e finalmente saiu da presença do Senhor. Ele então saiu e construiu uma cidade e sua posteridade começou a se desenvolver na agricultura, indústria e entretenimento. O mundo que ele estabeleceu permanece em princípio no sistema mundial de hoje. É um mundo que não quer Deus, mas procura cercar-se do maior conforto possível em um mundo amaldiçoado pelo pecado. Suas preocupações são apenas com a vida aqui embaixo.

Afastamento do Senhor 

Nós lemos em outro lugar na Palavra de Deus que “o pendor da carne é inimizade contra Deus, pois não está sujeito à lei de Deus, nem mesmo pode estar” (Rm 8:7). Jó também resume a atitude e a vida dos ímpios: “Retira-te de nós! Não desejamos conhecer os teus caminhos” (Jó 21:14). Nosso próprio Senhor disse: “Pois todo aquele que pratica o mal aborrece a luz e não se chega para a luz, a fim de não serem arguidas as suas obras” (Jo 3:20). Mesmo que um homem viva uma vida exteriormente correta, ele evita a presença do Senhor, pois a menos que o Senhor comece uma obra em sua alma, a presença de Deus imediatamente o convence e ele percebe que, em seu estado natural, ele não está apto para estar ali. Ele não precisa ser um assassino como Caim para querer manter-se afastado da presença do Senhor.

Judas Iscariotes 

O outro exemplo proeminente de alguém que eventualmente saiu da presença do Senhor é o de Judas Iscariotes. Como Caim, ele sabia quem era o Senhor e, sem dúvida, admirava a bondade do Senhor Jesus e Sua maneira de andar entre os homens. Ele tinha um testemunho muito maior do que o de Caim, pois ele acompanhou o Filho de Deus por três anos e meio e compartilhou de Seu ministério terreno. Sem dúvida ele até mesmo pregou e fez milagres em nome do Senhor. No entanto, seu coração permaneceu intacto e, no final, ele traiu seu Senhor e Mestre por dinheiro. Em João 13, quando o Senhor lhe disse: “O que pretendes fazer, faze-o depressa”, está registrado que “Ele, tendo recebido o bocado, saiu logo. E era noite” (vs. 27, 30). Ele deixou a presença daqu’Ele que o amava e desejava ser seu Salvador, preferindo a companhia de Satanás. Seu triste final é bem conhecido, e as solenes palavras de nosso Senhor a respeito dele ressoam através dos séculos: “Melhor lhe fora não haver nascido!” (Mc 14:21).

Será um triste fim para todos os que resistem ao Senhor agora durante suas vidas, pois lemos que num dia vindouro, eles “sofrerão penalidade de eterna destruição, banidos da face do Senhor” (2 Ts 1:9). Aqueles que rejeitarem Sua presença neste mundo, serão banidos de Sua presença por toda a eternidade como resposta. O horror de tal julgamento não pode ser descrito.

Crentes Que Evitam Deus 

Mas e quanto aos crentes? Eles também podem, às vezes, desejar evitar a presença do Senhor? Sim, de fato, e temos exemplos disso nas Escrituras. Novamente, dois exemplos vêm à mente.

O primeiro é o de Adão e Eva que, quando desobedeceram a Deus, foram e “esconderam-se da presença do SENHOR Deus, o homem e sua mulher, por entre as árvores do jardim” (Gn 3:8). Eles não eram como Caim, que queria ficar permanentemente longe da presença de Deus, não, eles tinham fé, mas haviam perdido a comunhão com aqu’Ele que queria desfrutar de sua companhia. O julgamento se seguiu e eles perderam o Jardim do Éden. Mas um remédio foi providenciado. Eles estavam vestidos com casacos de pele. A morte teve que entrar, um tipo da morte de Cristo, o que providenciaria a salvação eterna. Eles foram restaurados à comunhão, e outro filho, Sete, deu início a família de fé.

Jonas Fugiu do Senhor 

Outro exemplo proeminente é o de Jonas, que “se dispôs, mas para fugir da presença do SENHOR, para Társis” (Jn 1: 3). Sua dificuldade era diferente da de Adão e Eva, mas em princípio era a mesma coisa. Ele não queria obedecer ao Senhor. Ele era um profeta e, como tal, conhecia não apenas o julgamento de Deus, mas também Sua graça. No entanto, ele não queria ver essa graça dada ao povo de Nínive. Seu orgulho levou-o para longe do Senhor, mas o trato do Senhor com ele o trouxe de volta e ensinou-lhe que a graça de Deus não era apenas para Israel, mas para todos os homens. Ele também era apenas um troféu da graça de Deus.

Nós, que conhecemos o Senhor, não fugimos de Deus porque tememos Seu julgamento sobre nossos pecados, mas pode haver a inclinação em nossos corações de fugir de Sua presença porque estamos permitindo que a carne atue em nosso coração e nossa vida. É por isso que o Cristão infiel geralmente é infeliz, ele não se sente confortável em nenhum lugar. Se ele sai ao mundo, sua consciência o incomoda. Se ele está entre os Cristãos fiéis, mais uma vez ele não se encaixa. O único remédio é voltar à presença do Senhor, confessar o pecado e se acertar com Ele. “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1 Jo 1:9).

W. J. Prost

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