Origem: Revista O Cristão – Restituição
Expiação da Culpa
Levítico 5:14-19; 6:1-7
Em Levítico 6:1-7, há outra forma de expiação da culpa ou da transgressão, que corresponde à deslealdade contra o próximo ou à mentira em relação a algo perdido. Jeová considerou isso, indiretamente, algo contra Si mesmo, visto que o primeiro caso (em Levítico 5:14-19, relativo à transgressão nas coisas sagradas do Senhor) O afetou diretamente. Ao tratar com o próximo, não se admite ignorância do pecado. É óbvio que esses sete versículos (Lv 6:1-7), embora seja um novo preceito que Jeová falou a Moisés, são a conclusão adequada do capítulo 5. (Na Bíblia hebraica, eles fazem parte do capítulo 5.)
“Falou mais o SENHOR a Moisés, dizendo: Quando alguma pessoa pecar, e transgredir contra o SENHOR, e negar ao seu próximo o que se lhe deu em guarda, ou o que depôs na sua mão, ou o roubo, ou o que retém violentamente ao seu próximo; ou que achou o perdido, e o negar com falso juramento, ou fizer alguma outra coisa de todas em que o homem costuma pecar, será, pois, que, porquanto pecou e ficou culpada, restituirá o roubo que roubou, ou o retido que retém violentamente, ou o depósito que lhe foi dado em guarda, ou o perdido que achou, ou tudo aquilo sobre que jurou falsamente; e o restituirá no seu cabedal [por inteiro – ARA] e ainda sobre isso acrescentará o quinto; àquele de quem é o dará no dia de sua expiação. E a sua expiação trará ao SENHOR um carneiro sem mancha do rebanho, conforme a tua estimação, para a expiação da culpa; trará ao sacerdote. E o sacerdote fará expiação por ela diante do SENHOR, e será perdoada de qualquer de todas as coisas que fez, sendo culpada nelas” (Lv 6:1-7).
Erros contra o próximo
Que graça da parte de Jeová, portanto, considerar os erros contra o próximo como erros contra Si mesmo também, e exigir uma reparação e uma expiação da culpa! No entanto, era devido à Sua glória e necessário ao homem que uma ordenança distinta traçasse a linha entre eles. A transgressão contra o próximo trouxe à tona um novo discurso de Jeová a Moisés.
Como era de se esperar, há uma grande variedade nesses erros que exigiam uma expiação pela transgressão. A primeira forma de culpa aqui apontada parece ser uma falha na confiança privada. Pode ser qualquer documento valioso ou não, confiado à guarda de um amigo; pode ser apenas um animal, ou um livro emprestado, um machado emprestado ou dinheiro confiado, por menor que seja. Mas Jeová tomou conhecimento e associou os direitos do israelita fiel com Seu próprio Nome. A próxima parece ser uma questão de interesse público, de permuta ou de parceria virtual, talvez nos negócios, onde o mal feito não era visto como um erro, mas como uma falha quanto à responsabilidade, por mais honesta que fosse a aparência. Aqui, a versão KJV (como a Septuaginta) traduz como “em comunhão” (v. 2), diferente do caso anterior de confiança particular. As melhores autoridades judaicas distinguem o segundo caso como um empréstimo e o primeiro como um depósito. Então temos um exercício violento de poder, seguido por um de engano como na retenção de salários, por exemplo, ambos comuns e abrangendo muitas falhas das quais Jeová Se ressentia. Em seguida, temos a descoberta do que o próximo havia perdido, e a mentira sobre o achado, chegando até ao falso juramento.
Erros contra as coisas sagradas
Em todos esses casos, Jeová exigiu uma expiação da culpa tão rigorosamente quanto em Suas coisas sagradas. Não só deve haver restituição do principal, mas um dízimo dobrado, ou quinta parte, cobrado como uma penalidade. E no que dizia respeito à Sua própria honra, no caso de fracasso em manter o santo relacionamento de Israel, um carneiro imaculado foi prescrito como a única e invariável expiação permitida pela transgressão. Por isso, e somente por isso, o sacerdote poderia fazer expiação pelo ofertante culpado, “e ele será perdoado” (TB), com o surpreendente acréscimo somente aqui “de qualquer de todas as coisas que fez, sendo culpada nelas”.
Mas é bom notar a diferença na ordem prescrita entre a culpa nas coisas sagradas de Jeová (Lv 5:14-19) e aquela incorrida nos casos do próximo (Lv 6:1-7), com a qual estamos ocupados agora. No primeiro caso, a expiação ocupava o primeiro lugar; no segundo, a reparação. Ambas eram necessárias. Jeová considerava isso como uma desonra a Si mesmo, e o carneiro era igualmente necessário, assim como a reparação com a quinta parte adicional. Mas a diferença de ordem foi feita para impressionar o coração do israelita com aquilo que tocava Jeová diretamente em comparação com o que Lhe tocava indiretamente ao defraudar o próximo. Quem, senão Deus, poderia, de forma tão santa, ter provido para Seu povo, em distinções tão apropriadas e proveitosas? Nem Moisés, nem Arão, nem Samuel, nem Davi, muito menos homens mais tarde em um estado sombrio, caído e comparativamente descuidado poderiam fazê-lo. Havia sido Jeová desde o início.
Ainda não era, nem poderia ser sob a lei, a proclamação da remissão dos pecados de forma absoluta e para sempre a todo crente. Isso aguardava o Senhor Jesus e Sua obra consumada de redenção no evangelho, pois “o sangue de Jesus Cristo, Seu Filho, nos purifica de todo pecado”. Mas Jeová, mesmo assim, deu ao israelita penitente grande conforto, quando ele se tornava consciente de ter pecado vergonhosamente e de ter profanado a santa posição de Seu povo.