Origem: Revista O Cristão – A Criação de Filhos – Parte 2
A Família
Uma palavra para os pais
Sem dúvida, todo pai Cristão sente dificuldade para criar uma família para o Senhor em dias como vivemos. Não podemos esperar que fique mais fácil à medida que a vinda do Senhor se aproxima, pois as trevas estão aumentando. Precisamos da luz e da sabedoria da Palavra de Deus e da força do alto, porque “maior é Aquele que está em vós do que aquele que está no mundo” (1 Jo 4:4 – JND). Não temos força ou sabedoria própria.
Sabedoria de Provérbios e das epístolas de João
Quanto ao ensino, correção, advertência e até disciplina de nossos filhos (quando necessário), obtemos, no livro de Provérbios, a sabedoria de Deus para isso. É muito importante que leiamos este livro cuidadosamente e com oração, pois não podemos ser mais sábios do que Deus. No entanto, acredito que haja dois lados na educação de nossos filhos. Provérbios nos dá um lado, mas creio que encontramos o outro nas epístolas de João. Temos a tendência de ser unilaterais, e a maioria de nós falha agindo dessa maneira. A Palavra de Deus nunca nos desequilibra, mas sim as nossas próprias vontades! O livro de Provérbios traz diante de nós mais particularmente a formação (ou “treinamento”) de nossos filhos. As epístolas de João são o padrão para nossa própria conduta com eles e o caráter que exibimos diante deles. Isso é muito importante, pois é nossa própria conduta que dá peso ao que dizemos a eles.
A primeira epístola de João começa com o conhecimento do Pai. Sim, Deus nosso Pai quer que O conheçamos, e o Senhor Jesus pôde dizer: “Quem Me vê a Mim vê o Pai” (Jo 14:9). Que exemplo! Vamos aplicá-lo a nós mesmos como pais. Nossos filhos realmente nos conhecem? Um pai sábio cuidará, desde o início da vida de seus filhos, para que eles o conheçam. Se falharmos nessa intimidade com nossos filhos, começamos mal. Eu acredito que há muitas crianças que não conhecem seus pais como deveriam.
Comunhão
A próxima coisa é que Deus, nosso Pai, deseja ter comunhão conosco como Seus filhos. “E a nossa comunhão é com o Pai e com Seu Filho Jesus Cristo” (1 Jo 1:3). Ele quer compartilhar Seus pensamentos conosco, e devemos compartilhar nossos pensamentos com nossos filhos. Eles devem aprender primeiro o conhecimento de Cristo como Salvador, mas à medida que ficam mais velhos, devemos compartilhar com eles todos os nossos interesses na vida. Se não o fizermos, então eles buscarão seus interesses e felicidade em outro lugar, fora de casa.
Gozo
Continuando, lemos: “E estas coisas vos escrevemos, para que a vosso gozo seja completo” (1 Jo 1:4 – KJV). Deus, nosso Pai, quer que nosso gozo seja completo, e nossos filhos devem saber que buscamos seu verdadeiro gozo e felicidade na vida. Mesmo a nossa disciplina deve ter esse fim em vista. Qualquer coisa que seja para seu benefício e acrescente à sua verdadeira felicidade, devemos nos esforçar em dar a eles, desde que isso não seja inconsistente com o caráter de Deus. Às vezes, como pais, podemos manter nossos filhos longe de tudo e não dar nada em troca. Vamos entender uma coisa: se devemos tirar algo deles para a glória de Deus, que asseguremos a eles que tal atitude é para seu próprio bem e bênção. Vamos procurar compensar de outras maneiras. O lar deve ser um lugar feliz para eles – o lugar mais feliz da sua infância.
Que instrução é para nós, como pais — primeiro, que nossos filhos devam nos conhecer; segundo, que devam conhecer nossos pensamentos; e terceiro, que devam saber que buscamos sua absoluta alegria e felicidade. Acredito que essas três coisas são de extrema importância, se quisermos começar bem com nossa família. O amor é a fonte principal, e nada dará certo se não for assim para o Cristão, toda obediência é fundada no amor. O Senhor Jesus disse: “Se Me amardes, guardareis os Meus mandamentos” (Jo 14:15). E toda a verdadeira obediência no lar Cristão, por parte dos filhos, deve ser fundada no amor também.
Luz
Agora veremos o caráter de Deus, nosso Pai, como Luz. “Deus é luz, e não há n’Ele treva nenhuma. Se dissermos que temos comunhão com Ele e andarmos em trevas, mentimos e não praticamos a verdade” (1 Jo 1:5-6). Deus, nosso Pai, quer que conheçamos Seu caráter de santidade, pois não podemos ter comunhão com Ele de nenhuma outra forma. Isso é muito importante com nossos próprios filhos também. Depois que aprenderam as três primeiras coisas que mencionamos (e eles podem aprendê-las muito cedo), devem aprender que há um certo caráter adequado para nosso lar, como lar Cristão. Pecado e felicidade não podem andar juntos em nossa vida, nem podem andar juntos em nosso lar. O caráter piedoso de nossa família deve ser cuidadosamente mantido. Muitos pais Cristãos colheram tristezas, tendo permitido coisas em seu lar, que são contrárias à Palavra de Deus. Deus, nosso Pai, nunca diminui o padrão para Sua família. Que Ele nos ajude a guardar isso em nosso lar!
Realidade
Isso nos leva ao próximo ponto. Deus quer a sinceridade. Ele diz que fingir ser o que alguém não é, é de fato mentira, e que aqueles que caminham na escuridão em trevas não podem ter comunhão com Ele. Alguns pais dirão que, se tornarmos o padrão de piedade muito alto, então nossos filhos farão as coisas proibidas secretamente. Se nossos filhos realmente conhecerem nosso coração, eles desejarão nossa comunhão acima de tudo. Sentirão que simplesmente não podem fingir ser o que não são, em nossa presença. E assim, embora a luz da presença de Deus, nosso Pai, manifeste o pecado, mesmo assim podemos estar em Sua presença, não escondendo nada. Por quê? Porque Seu amor perfeito encontrou um jeito: “O sangue de Jesus Cristo Seu Filho nos purifica de todo o pecado” (1 Jo 1:7). Que confiança isso dá!
Perdão
Depois disso, é feita provisão para o nosso fracasso como filhos de Deus. “Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1 Jo 1:9). E assim, em nosso lar, onde a luz e o amor têm seu lugar certo, tudo fica manifesto e, então, tratado na luz e com amor. Quando nossos filhos reconhecem que fizeram algo errado, então devemos perdoá-los, como Deus nosso Pai nos perdoa. O perdão está em nosso coração o tempo todo, mas, governamentalmente, não podemos mostrá-lo até que confessem seu pecado.
Este, portanto, é o segundo grupo de três coisas importantes relacionadas com a família de Deus, que gostaria de aplicar como padrão para o lar Cristão. Já comentamos sobre os três primeiros anteriormente. São eles: conhecer o Pai, ter comunhão com o Pai, e saber que Deus, nosso Pai, busca nosso gozo completo. O segundo grupo de três é: conhecer o caráter santo de Deus, nosso Pai, saber que devemos ser sinceros e não esconder nada, e então saber que foi feita provisão completa para o nosso fracasso, ou seja, o perdão manifestado quando o reconhecemos. Isso estabelece seis aspectos, e o Senhor Jesus Cristo é o centro e a perfeição de tudo isso. Tal como com o castiçal de sete hastes no tabernáculo (Êx 25:32 – ACF), havia uma no centro e três hastes de cada lado. Assim é aqui, Cristo é o centro. Ele deve ter a preeminência em tudo. Ele é o “tudo em todos” do Cristianismo, e, a menos que Ele seja o centro de toda a nossa educação familiar, ela irá sucumbir, mais cedo ou mais tarde.
“Mas esforçai-vos, e não desfaleçam as vossas mãos; porque a vossa obra tem uma recompensa” (2 Cr. 15:7).
Mães
Talvez as mães permitam algumas palavras também neste momento. Você está interessada, tanto quanto ou mais do que seu marido, em relação ao padrão de Deus para a vida no lar, pois o lar é sua esfera particular. Você é o guia nele (1 Tm 5:14). E quão importante é o plano que Deus nos deu, não para uma casa de coisas materiais, mas para um lar distinguido pela luz e pelo amor! É o caráter do lar que o torna o que ele realmente é.
E você, querida mãe Cristã, pode ser a genuína companheira de seu marido na construção deste lar de luz e amor, ou pode destruí-lo. Pode incentivar seu marido e apoiá-lo em seu amor e correção dos filhos ou pode opor-se a ele e impedi-lo. Isso é muito importante. Você exerce uma influência tremenda no lar, de muitas maneiras muito maior do que a de seu marido. Está com os filhos mais do que ele, e eles a olham. Você pode fazer mais do que ele para construir ou destruir o lar.
Seu importante lugar
“Cessa, filho meu, ouvindo a instrução, de te desviares das palavras do conhecimento” (Pv 19:27). Não dê ouvidos ao conselho do mundo, nem mesmo ao de alguns Cristãos que podem rejeitar “o conselho de Deus contra si mesmos” (Lc 7:30), porque os condena. Demonstra sabedoria o buscar graça para exercer o lugar de ajudante (não de cabeça) que Deus lhe deu no lar. Esse é um lugar maravilhoso. Mesmo que seu marido falhe em cumprir seu papel como cabeça, peça ao Senhor por graça para cumprir o seu. O fracasso dele não muda seu lugar ou responsabilidade, nem muda o dele. Ele precisa de sua ajuda e orações. Infelizmente, todos nós falhamos como maridos, mas encontrar defeitos e culpar uns aos outros não resolverá as coisas, nem ajudará a construir o lar, mas certamente ajudará a “destruí-lo”. Quanto precisamos da graça e força que vêm do alto, especialmente quando surgem dificuldades, mas não vamos nos afastar do padrão divino. Pode haver quem leia estas linhas e tenha marido incrédulo, e certamente o Senhor lhe dará graça nestas coisas, se você olhar para Ele, para que, como diz Pedro, “se algum não obedece à Palavra, pelo procedimento de sua mulher seja ganho sem palavra” (1 Pe 3:1).
Prove a bênção
Pondere bem essas coisas, querida mãe Cristã, e que Deus a abençoe e aos seus queridos filhos. Agindo de acordo com a Palavra de Deus, você pode provar a bem-aventurança de andar nos caminhos d’Ele, e seu marido e filhos dirão de você o que é dito da esposa e mãe descrita em Provérbios 31:28-29: “Levantam-se seus filhos, e chamam-na bem-aventurada; como também seu marido, que a louva, dizendo: Muitas filhas agiram virtuosamente, mas tu a todas és superior”.
Que isso seja dito a seu respeito, não só enquanto os filhos são pequenos, mas sobretudo à medida que forem crescendo, pois quanto mais amarem ao Senhor, mais amarão você! Seu trabalho, então, será recompensado mesmo aqui, e os últimos anos de vida serão felizes para você e seu marido, caso o Senhor nos deixe aqui mais um pouco.
“Mas esforçai-vos, e não desfaleçam as vossas mãos; porque a vossa obra tem uma recompensa” (2 Cr 15:7).