Origem: Revista O Cristão – Os Pés

Fazei Veredas Direitas para os Vossos Pés

“Portanto, tornai a levantar as mãos cansadas e os joelhos desconjuntados, e fazei veredas direitas para os vossos pés, para que o que manqueja se não desvie inteiramente; antes, seja sarado” (Hb 12:12-13). Que grande oportunidade temos hoje para a realização prática dessa importante pequena exortação! Por todos os lados podem ser vistas mãos cansadas, joelhos desconjuntados e peregrinos coxos espalhados na estrada para o céu.

Não é como quando em triunfo, Moisés pôde revistar seus 600.000 guerreiros, bem-dispostos sobre o Mar Vermelho, e descobrir que “entre as suas tribos não houve um só enfermo” (Sl 105:37), mas sim como quando ele os contemplou, no meio do deserto, as tristes testemunhas da desobediência e incredulidade deles, abatidas e reclamando como aqueles que “desprezaram a terra aprazível” (Sl 106:24). De fato, a fraqueza deles os marcava, e os que coxeavam eram vistos em todos os lados. Deve ter sido um triste espetáculo para seu líder, embora ele suportasse com paciência dada por Deus suas muitas rebeliões!

Assim é hoje! Quão diferente é o aspecto da Igreja do belo quadro que ela apresentou nos capítulos iniciais de Atos. Então tudo estava no frescor e no florescimento e vigor de uma fé viva, atuante e que honra a Deus. O mundo foi mantido do lado de fora pela força do fogo inerente que queimava dentro; consequentemente, eles andaram “no temor do Senhor e na consolação do Espírito Santo” (At 9:31) e “se multiplicavam”. Havia gigantes naqueles dias, gigantes na fé, devoção e poder, justamente porque o coração estava em seu frescor, aquecido e verdadeiro.

Nada para se orgulhar 

Eles não podiam se orgulhar de aprender; não, seus principais mestres, Pedro e João, eram considerados, pelos principais sacerdotes, como “homens iletrados e indoutos [ignorantes – KJV], e eram, sem dúvida, ignorantes da sabedoria deste mundo e do aprendizado escolar. Mas a falta foi maravilhosamente contrabalançada pelo conhecimento de alguns fatos eternos, tornando-os testemunhas oculares da vida e morte, ressurreição e ascensão do Senhor Jesus, mantidos em poder vivo na alma pela oração e fidelidade intransigente. O pouco que tinham foi usado corretamente e produziu um resultado esplêndido.

Graças a Deus por tal graça – um pão de cevada de Gideão ou uma funda e pedra de Davi; se apenas Deus estiver presente tudo é suficiente. Deixando de lado a armadura de Saul e tudo o que lhe pertence, quando as batalhas do Senhor devem ser travadas. Deus não quer poder ou sabedoria, a não ser os Seus, e sábios são aqueles que, mesmo neste dia tardio, acreditam e agem de acordo com eles.

Isso é poder, e Aquele que estava com o Seu povo de antigamente ainda está com o Seu povo. O florescimento pode ter desaparecido, mas Cristo permanece. As circunstâncias podem ter mudado, mas a Palavra e o Espírito permanecem. Agora, o chamado é que devemos levantar as mãos cansadas e os joelhos desconjuntados. Deus nos chama a agir em graça uns para com os outros.

As muitas necessidades e oportunidades 

Olhe em volta para a “grande multidão de pessoas impotentes” que incham as fileiras da Igreja; olhe para o campo de batalha e veja o vasto número de feridos e mutilados, e pergunte a si mesmo se este é um dia para esmurrar ou para empurrar uns aos outros para fora do caminho.

Não, devemos vigiar tão corajosamente que nossa evidente alegria e bênção possam fazer com que os fracos sintam que é também sua própria porção garantida; assim, força e cura lhes serão administradas em vez de desânimo. Mas, para fazer isso, deve haver uma ocupação pessoal com Deus. Nossa própria alma deve estar se alimentando daquilo que a eleva acima das perplexidades do dia – alimentando-se da própria Palavra de Deus e não de pensamentos humanos sobre ela. E assim, em vez de afastar as almas de sua fonte de bênção, elas serão firmadas e consoladas. É o amor que nos leva à consideração dos fracos e coxos. Tais pessoas aumentam em número por todos os lados, e isso cada vez mais.

Que nosso coração seja atraído mais para os coxos, nas entranhas de Jesus Cristo, e seja capacitado para mostrar que a Igreja é algo mais do que um campo de batalha e controvérsia, algo mais do que uma escola para a aquisição de doutrina – que ela tem a verdade como uma questão de gozo, e que existe algo como “comunhão com o Pai e com Seu Filho” – o privilégio mais rico e precioso da Terra – em si mesmo sempre um testemunho distinto de triunfo sobre o inimigo.

J. W. Smith

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