Origem: Revista O Cristão – Fé
Acreditando Numa Mentira
Desde o começo da história do homem, Satanás tentou desacreditar Deus. Ao procurar fugir de sua responsabilidade para com Deus, o homem tem sido seu aluno muito disposto. Eva escolheu acreditar em Satanás em vez do que Deus havia dito, e posteriormente seu filho mais velho, Caim, “saiu… de diante da face do SENHOR” (Gn 4:16). Ele então tentou se cercar de tudo o que poderia o deixar confortável e feliz enquanto deixava Deus de fora. O sistema mundial de hoje é simplesmente a extensão do mundo que Caim estabeleceu, e é essencialmente o mesmo em seu caráter moral.
A eternidade e o coração
No entanto, o homem foi feito para a eternidade, não apenas para o tempo. Eclesiastes 3:11 nos diz que “Ele pôs o mundo no coração deles”, e a expressão “o mundo” nesse versículo também pode ser traduzida como “o infinito” ou “o eterno”. Porque ele é feito à imagem de Deus com uma alma que nunca morre, o coração do homem não pode ser satisfeito com tudo o que há neste mundo. Mais do que isso, o homem é um ser moral e ele não pode escapar desse fato, apesar de seus esforços desesperados para tentar fazer isso. Sua consciência diz a ele que existe um Deus a Quem ele é responsável. Se ele desiste do conhecimento do verdadeiro Deus, ele é deixado com um vácuo.
Ao longo dos séculos, o homem procurou preencher esse vazio. O resultado é que ele inventou falsas religiões, sem dúvida sob a tutela de Satanás. Satanás se tornou mestre do homem, usando seus desejos e paixões para governá-lo. Falsas religiões fizeram deuses que eram o produto da própria imaginação do homem e se conformavam aos padrões humanos, não divinos. Esses sistemas falsos também davam licença ao homem para praticar suas concupiscências pecaminosas sob o disfarce de religião, assim, aliviando sua consciência quando estava praticando aquilo que uma consciência pura lhe diria que era um pecado contra Deus. Em Romanos, lemos: “porquanto, tendo conhecido a Deus, não O glorificaram como Deus, nem Lhe deram graças… E mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível… Pelo que Deus os abandonou às paixões infames” (Rm 1:21, 23, 26). Também lemos: “E, como eles se não importaram de ter conhecimento de Deus, assim Deus os entregou a um sentimento perverso, para fazerem coisas que não convém” (Rm 1:28). A história das falsas religiões por milhares de anos exemplifica essas declarações.
A religião do homem moderno
Onde tudo isso nos deixa no século XXI? O homem moderno zomba da ideia de adorar um ídolo literal e faz piada do espiritismo, do vodu ou de qualquer coisa que diga respeito ao mundo espiritual. Ao tentar negar qualquer coisa que esteja além de sua própria razão e entendimento, ele nega a existência de Satanás, preferindo não acreditar em qualquer coisa que não possa ser “cientificamente” comprovada. No entanto, ele deve ter fé em algo, e Satanás fez providência para preencher esse vácuo também. A religião do homem moderno é o humanismo secular. Essa religião rejeita um Deus sobrenatural e se apega à própria dignidade individual, valor e capacidade de auto-realização através da razão. É triste dizer que isso prevalece mais em áreas que antes gozavam de um forte testemunho Cristão e uma firme base na Bíblia. O humanismo secular não é tão diferente das falsas religiões que adoram ídolos literais, pois, em última instância, todo sistema falso concentra o homem em si mesmo e faz do homem, não de Deus, o centro de seus pensamentos.
Os resultados desse tipo de pensamento permearam os processos de pensamento do mundo moderno. Embora muitos admitam a existência de Deus, a maioria pensaria em termos de um deus que fosse pequeno o suficiente para o homem entender. Um colega médico me disse há alguns anos: “Acredito em um deus, mas duvido que ele se preocupe com o fato de eu declarar ou não meu imposto de renda”. O humanista liberal do mundo moderno formou uma religião para si mesmo, quer esteja disposto ou não a admitir isso. Ele talvez negue que seja uma religião, mas tem todos os princípios da religião e é a resposta de Satanás ao vazio que somente Deus pode preencher.
Esse pensamento gera sérios problemas. Na tentativa de negar a moralidade e, finalmente, negar a Deus, o homem deve negar o que ele é na essência do seu ser. Há alguns anos, um homem chamado J. Budziszewski foi contratado como professor pela Universidade do Texas para desenvolver um sistema de governo que não exigia moralidade. No processo, ele quase cometeu suicídio e finalmente desistiu, porque isso não pode ser feito. Como resultado da experiência, ele escreveu um livro intitulado “O que não podemos saber” [What We Can’t Not Know]. Ele foi forçado a perceber que o homem é um ser moral e, como tal, não pode conviver em um mundo moral separado de algum padrão de moralidade. Mas o homem moderno está tentando fazer exatamente isso. Onde irá acabar esta história?
Uma religião disfarçada
O humanismo secular do mundo moderno tem todos os ornamentos da religião, embora seja praticamente sem deus. Ao procurar ser não-religioso, o homem organizou um sistema de crenças que, nas palavras de outro, “tem sua própria cosmologia, seus próprios milagres, suas próprias crenças no sobrenatural, suas próprias igrejas, seus próprios sumos sacerdotes, seus próprios santos, sua própria cosmovisão total e sua própria explicação da existência do universo”. Mais do que isso, o sistema que adota essa linha de coisas está buscando forçá-lo a outros com tanto vigor quanto as religiões conhecidas deste mundo. Referências a Deus foram tiradas de escolas e outras esferas da vida pública, enquanto as crianças são frequentemente submetidas a cursos vulgares de educação sexual que são exigidos em algumas escolas públicas. Ao ensinar as crianças sobre a origem do universo, Deus não pode ser mencionado, mas a teoria da evolução é propagada como se fosse um fato. Somos bombardeados com esse pensamento amoral em grande parte da mídia, e qualquer tentativa de falar contra isso é considerado um ataque à liberdade. No ano passado, no Canadá, quando o casamento entre pessoas do mesmo sexo estava em processo de legalização, o Dr. John Patrick, médico respeitado e professor universitário, foi convidado a falar no Senado por uma hora sobre o assunto. Como seus pontos de vista não coincidiam com o pensamento daqueles Senadores, ele foi repetidamente interrompido, forçado a encurtar seu discurso e, eventualmente, parou imediatamente. Alguns senadores ficaram tão enfurecidos que mal conseguiam falar.
Onde isso irá acabar
A Palavra diz ao crente onde tudo isso terminará. Esse movimento, que está ganhando cada vez mais força, está condicionando muitas pessoas a acreditar em mentiras. Tem sido demonstrado repetidamente que os proponentes da teoria da evolução não têm qualquer escrúpulos em mentir para promover suas ideias. A imprensa liberal distorce as notícias para criar as falsas impressões desejadas, e quando os relatos são dados aos Cristãos e ao Cristianismo, as mentiras não são incomuns. Qualquer coisa que apoie Deus ou as Suas reivindicações sobre o homem é muitas vezes distorcida para dar um impressão errada sobre isso. Em um nível mais individual, mentir se tornou algo comum em nossa sociedade e agora é aceito por muitos. Satanás é o autor de tudo isso, pois “é mentiroso e pai da mentira” (Jo 8:44). No entanto, Deus “que não pode mentir” (Tt 1:2) terá a última palavra em tudo isso.
A operação do erro
Depois que o Senhor vier, sem dúvida as maiores mentiras já ouvidas neste mundo serão divulgadas, e os homens que rejeitaram o evangelho crerão nelas. Nós lemos em 2 Tessalonicenses 2:11-12: “E, por isso, Deus lhes enviará a operação do erro, para que creiam a mentira, para que sejam julgados todos os que não creram a verdade; antes, tiveram prazer na iniquidade”. Aqueles que acreditarem nessa terrível ilusão serão principalmente aqueles que viveram e ouviram a Palavra de Deus, mas a rejeitaram. Será “porque não receberam o amor da verdade para se salvarem” (2 Ts 2:10). A necessidade interior do homem pela fé em algo fora de si mesmo culminará em sua crença naquilo que Deus chama de “a operação do erro”.
Que nós, que conhecemos o Senhor, evitemos cuidadosamente ter qualquer parte neste pensamento. Enquanto vivemos e nos movemos em um mundo que é cada vez mais caracterizado pelo humanismo e um foco no homem pecador, é fácil para os nossos próprios valores morais se tornarem distorcidos. Nosso único recurso é a Palavra de Deus, que nos dá a verdade e a sabedoria para cada situação que podemos encontrar. Por outro lado, nosso coração possa ir em direção àqueles que, presos na teia de Satanás, estão indo para o seu terrível destino. Que possamos usar todas as oportunidades para trazer Cristo diante deles e apontá-los para o único que é digno de nossa fé.
