Origem: Revista O Cristão – Fé
O Autor e Consumador da Fé
Todas as testemunhas de Deus mencionadas em Hebreus 11 são para obtermos encorajamento no caminho da fé, mas há uma diferença entre elas e Jesus. De acordo com isso, o apóstolo aqui O destaca de todos. Se eu olho para Abraão, que pela fé peregrinou na terra da promessa como em um país estranho, ou Isaque que abençoou a Jacó e Esaú a respeito das coisas futuras, ou a Jacó em seu leito de bênçãos e adoração, todos eles correram a sua carreira antes. Em Jesus temos um testemunho muito mais elevado, e n’Ele há também a graça de nos sustentar na carreira.
Um motivo e fonte de força
Ao olhar para Jesus, temos um motivo e uma fonte inesgotável de força. Vemos em Jesus o amor que O levou a tomar este lugar por nós, que “quando tira para fora as suas ovelhas, vai adiante delas”. Se uma carreira deve ser feita, precisamos de um que vá na frente. Em Jesus temos um que correu diante de nós e se tornou o Autor e Consumador da fé. Ao olhar para Jesus, atraímos forças para nossa alma. Enquanto Abraão e os demais preencheram seus vários lugares em sua pequena medida, Cristo preencheu todo o curso da fé. Não há posição em que possa estar, nenhuma provação seja o que for que eu possa suportar, além das que Cristo passou e venceu. Assim, tenho Alguém que Se apresenta no caráter que preciso, e encontro n’Ele Alguém que sabe o que é necessário e que suprirá a necessidade. Ele venceu e disse para mim: “Tende bom ânimo; Eu venci o mundo” (Jo 16:33). Ele não disse: “Você vencerá”, mas “Eu venci”. Foi assim no caso do cego (Jo 9:34-41) que foi expulso da sinagoga. Por que ele foi expulso? Porque Jesus tinha sido expulso antes dele. Agora aprendemos que, por mais dura que possa ser a tempestade, ela apenas nos lança mais profundamente em Cristo, e assim, o que teria sido uma dolorosa prova, apenas nos leva para mais perto d’Ele.
O que quer que desvie nossos olhos de Cristo, é apenas um obstáculo para a nossa carreira que está diante de nós. Se Cristo Se tornou o Objeto da alma, deixemos de lado todo embaraço ou peso. Se eu estou numa corrida, um casaco, por mais confortável que seja, só atrapalharia e deveria ser eliminado; é um peso que me atrapalharia durante minha corrida. Eu não quero que nada prenda meus pés. Se estou olhando para Jesus na carreira proposta, devo colocar o casaco de lado; do contrário, pareceria estranho jogar fora uma roupa tão útil. Mas há um lado positivo e negativo em tudo isso. Se há algo a ser deixado de lado, há Alguém a Quem procurar. Embora haja muito encorajamento na história das testemunhas fiéis em Hebreus 11, nossos olhos devem estar fixados em Jesus, o Verdadeiro e Fiel. Não há uma provação ou dificuldade pela qual Ele não passou antes de mim e encontrou Seus recursos em Deus, o Pai. Ele fornecerá a graça necessária ao meu coração.
Dependência e afeição indivisa
Havia essas duas características na vida de Cristo aqui embaixo. Primeiro, Ele exerceu dependência constante de Seu Pai, como Ele disse: “Eu vivo pelo Pai”. O novo homem é sempre um homem dependente. No momento em que saímos da dependência, entramos na carne. Não é pela nossa própria vida (pois, na verdade, temos apenas a morte) que realmente vivemos, mas por Cristo, por nos alimentarmos d’Ele. No sentido mais elevado possível, Ele caminhou em dependência do Pai, e pelo gozo que foi proposto diante d’Ele, suportou a cruz, desprezando a vergonha. Em segundo lugar, suas afeições foram indivisas. Você nunca encontra Cristo tendo qualquer novo objeto revelado a Ele, de modo a induzi-Lo a seguir em Seu caminho de fidelidade. Paulo e Estêvão, por outro lado, tiveram a glória revelada a eles, o que lhes permitiu suportar. Quando o céu foi aberto para Estêvão, o Senhor apareceu em glória para ele, como depois para Saulo de Tarso. Mas quando os céus se abriram sobre Jesus, não havia nenhum objeto apresentado a Ele, mas, pelo contrário, Ele era o Objeto do céu; o Espírito Santo desce sobre Ele, e a voz do Pai declara: “Este é o Meu Filho amado em Quem Me comprazo”. Assim, a Pessoa divina do Senhor está sempre sendo testemunhada. O apóstolo aqui se apega à preciosidade de Cristo na humildade para a qual Ele veio, mas ele nunca perde de vista a glória d’Aquele que de lá veio.
Adaptado de Collected Writings, vol. 16: 277-278
