Origem: Revista O Cristão – Eva, Sara e Rebeca

A Fé de Eva

Quando Eva é mencionada nos círculos Cristãos, é bastante comum encontrar o nome dela associado ao seu ato de ouvir Satanás na forma de uma serpente e depois ser tentada a desconfiar de Deus e acreditar em sua mentira. Sem dúvida, isso é verdade, pois Eva foi enganada pelo diabo, não Adão. Foi ela quem olhou pela primeira vez o fruto proibido, observando que “era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento” (Gn 3:6). Foi ela quem primeiro comeu e depois deu ao marido. Em tudo isso, ela deve assumir a sua parte da culpa pelo estrago que se seguiu, e a dor que logo em seguida foi pronunciada sobre ela pelo Senhor reflete isso. Milhares de anos depois, Paulo pôde lembrar aos coríntios da sutileza de Satanás e adverti-los de como ele havia enganado Eva. Pode ser fácil para nós apontar o dedo para Eva por ter sido enganada por Satanás, mas quem de nós também não foi enganado pelas sutilezas de Satanás?

A promessa do Senhor 

No entanto, é importante notar também que ela era de fato uma mulher de fé, apesar de seu fracasso. Antes que o Senhor pronunciasse as consequências sobre Eva e Adão pelos seus pecados, Ele não apenas lançou uma maldição sobre a serpente, mas também declarou a eventual vitória da Semente da mulher sobre ele. A princípio, pode parecer que Satanás seria vitorioso, pois não apenas ele havia conseguido trazer o pecado ao mundo, com a tristeza e morte, mas o Senhor previu que machucaria o calcanhar da Semente da mulher. Sem dúvida, isso aconteceu na cruz, mas antes que o Senhor mencionasse isso, Ele declara que “a sua [da mulher] semente; esta te ferirá [ou machucará] a cabeça” (Gn 3:15). A Semente da mulher, que é Cristo, é claramente identificada como tal em Gálatas 3:16: “E à tua posteridade, que é Cristo”. Isso, é claro, foi dito a Abraão, de cuja família Cristo, como homem, surgiria. Deus terá a vitória em Cristo, quando a cabeça da serpente for finalmente esmagada e ele for lançado no lago de fogo (Ap 20:10). Isso é mencionado primeiro, antes mesmo da declaração de que a serpente machucaria o calcanhar da Semente da mulher e antes que as consequências de seus pecados fossem pronunciadas a Eva e Adão.

Parece que Eva, juntamente com Adão, se apegou totalmente a essa declaração clara e, pela fé, prosseguiram com Deus, mesmo em uma terra que, a partir de então, seria caracterizada por pecado, doença, angústia e morte. Adão, em um mundo de morte, podia contar com Deus a ponto de chamar sua esposa Eva de “a mãe de todos os viventes” (Gn 3:20). Eva, por sua vez, também acreditava que Deus cumpriria Sua Palavra a eles ao providenciar um Redentor através dela, e quando Caim nasceu, ela pôde dizer: “Alcancei do SENHOR um varão” (Gn 4:1). Mas ela deveria colher tristeza e mágoa deste filho primogênito, pois “o primeiro homem, da terra, é terreno” (1 Co 15:47), e ele deveria demonstrar tanto a violência quanto a corrupção que o pecado trouxe ao mundo. Restou a um segundo filho, Abel, mostrar o que era agradável a Deus, pois “o segundo homem, o Senhor, é do céu” (1 Co 15:47).

A recompensa do Senhor 

Não lemos muito mais sobre Eva, pois o nome dela é mencionado apenas quatro vezes na Palavra de Deus. No entanto, é importante reconhecer que sua fé era real, e o Senhor a recompensou, mesmo durante sua vida. Ela não viu a verdadeira Semente que esmagaria a cabeça da serpente, mas seu terceiro filho, Sete, era um homem de Deus, e Eva novamente reconheceu que o Senhor o havia dado a ela em lugar de Abel, a quem Caim havia matado. E quando Sete, por sua vez, teve um filho, Enos (que significa homem em sua fraqueza e mortalidade), temos a palavra encorajadora: “então, se começou a invocar o nome do SENHOR” (Gn 4:26). Parece que Sete, no meio de um sistema mundial que seu irmão Caim havia criado, reconheceu o que o homem havia se tornado como resultado do pecado, e ele começou a invocar o nome do Senhor. Assim começou a família da fé – uma família que acabou produzindo Noé e depois a linhagem abraâmica. Não nos é dito quantos anos Eva viveu, mas há todas as razões para acreditar que ela viveu uma vida longa, assim como o marido e outras pessoas daquela época. Sabemos que Adão viveu 800 anos após o nascimento de Sete, e ele “gerou filhos e filhas” (Gn 5:4). Sem dúvida, ela teria visto seu neto Enos nascer e experimentado a alegria de ver sua família invocar o nome do Senhor.

W. J. Prost

Compartilhar
Rolar para cima