Origem: Revista O Cristão – As Semelhanças do Reino – Parte 1
Fermento na Farinha
“O Reino dos céus é semelhante ao fermento que uma mulher toma e introduz em três medidas de farinha, até que tudo esteja levedado” (Mt 13:33). É o processo de fermentação que se destaca aqui, resultando em uma massa levedada. O Senhor já havia dado a razão de Seu ensino dessa maneira. “Por isso, lhes falo por parábolas, porque eles, vendo, não veem; e, ouvindo, não ouvem, nem compreendem” (Mt 13:13). A verdade oculta sob a parábola será extraída apenas pelo espiritual, e as conclusões da postura moral mais oposta serão extraídas da mesma parábola pela sensibilidade do intelecto e pela mente espiritual. A mesma parábola é como a coluna de nuvem durante a noite: escuridão para os egípcios e luz para Israel. Ela cega o mais aguçado intelecto, mas dá profunda instrução aos humildes, que dependem do ensino do Espírito Santo.
Diante de nossos olhos, a Cristandade se destaca como uma massa levedada. O processo de fermentação continuou e ainda está acontecendo; um resultado foi produzido, e esse resultado é, de comum acordo, chamado de Cristianismo. Existem dois modos principais de corrupção rastreáveis tanto na história de Israel quanto na da Igreja. Ambos envolviam o mesmo princípio – a perda de sua separação, que era, de fato, sua glória e sua força. Israel queria ser como as nações, quando o fato de que ele “habitará só e entre as nações não será contado” era sua verdadeira glória. Israel se apoiou em um braço de carne, no Egito ou na Assíria, sua casa de escravidão ou prisão, quando o braço do Senhor era sua força e salvação. Assim também Israel trocou sua glória por aquela que não lhe servia, adotando a idolatria das nações na adoração do verdadeiro Deus. “Espantai-vos disto, ó céus, e horrorizai-vos! Ficai verdadeiramente desolados, diz o SENHOR, porque o Meu povo fez duas maldades: a Mim Me deixaram, o manancial de águas vivas, e cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retêm as águas” (Jr 2:12-13). Na prática, pode ser difícil separar os dois males um do outro, seja no caso de Israel ou no que diz respeito à Igreja. Há uma distinção proposital na figura da mulher colocando fermento na massa e a prostituta com o “cálice de ouro cheio das abominações e da imundícia da sua prostituição” (Ap 17:4). É a diferença entre o que a mulher faz com o que lhe é confiado e o que a mulher recebe pelos favores que concede, pois ela dá “presentes a todos os teus amantes” (Ez 16:33). Tanto a mulher quanto a prostituta ajudam no crescimento da Babilônia, mas de maneiras diferentes; o jeito tranquilo e plausível da mulher é menos suspeito, mas não menos perigoso, do que o mal descarado da prostituta. Em palavras simples, a maneira gradual pela qual a Igreja se insinuou ao mundo não é tão transparentemente má quanto à maneira aberta pela qual a Igreja recebeu o mundo em si.