Origem: Revista O Cristão – Ezequias
A Fidelidade de Ezequias
Por toda a Palavra de Deus, o Espírito de Deus tem o cuidado de registrar a fidelidade e os fracassos do povo de Deus. Em nenhum lugar isso é mais evidente do que na vida de Ezequias, um dos reis piedosos de Judá. Tal como acontece com vários outros reis piedosos, ele não tinha um pai piedoso, mas tanto seu avô (Jotão) quanto seu bisavô (Uzias, ou Azarias), estavam entre aqueles dos quais está registrado que eles “fizeram o que era reto aos olhos do SENHOR”. Mas Ezequias se sobressaiu e por isso está escrito dele: “Confiou em Jeová Deus de Israel, de modo que depois dele não houve dentre todos os reis de Judá quem lhe fosse semelhante, nem entre os que foram antes dele” (2 Rs 18:5 – TB). Sem dúvida, este comentário inclui apenas os reis que reinaram em Judá depois que o reino foi dividido e, portanto, a parte “nem entre os que foram antes dele” não inclui Davi ou Salomão. A Palavra de Deus indica quatro coisas boas que Ezequias fez, cada uma delas tem uma lição para nós em nossos dias.
A casa do Senhor
Em primeiro lugar, está registrado em 2 Crônicas 29:3 que “Ele, no ano primeiro do seu reinado, no mês primeiro, abriu as portas da Casa do SENHOR e as reparou”. O relato continua mostrando como ele limpou o templo de toda a imundícia acumulada ali, reinstituiu os sacrifícios de Jeová e, mais uma vez, estabeleceu os turnos dos levitas, como Davi, Gade e Natã haviam ordenado. Isto foi um bom começo, pois nada pode estar correto até que o Senhor tenha a Sua porção. Assim é também nas nossas vidas: Quando nos afastamos do Senhor, devemos reconhecer onde estamos e buscar, antes de qualquer coisa, honrar a Sua Palavra e mais uma vez procurar adorá-Lo “em espírito e em verdade” (Jo 4:23). O que é devido ao Senhor deve sempre vir antes do que é devido ao homem.
Mais do que isso, Ezequias reconheceu que o Senhor olhava para Israel como um – todas as doze tribos. O fracasso do homem trouxe a divisão, mas Deus ainda considerava Israel como sendo um só povo, mesmo que a maioria tivesse abandonado de Seu centro. (Como resultado, provavelmente por volta do ano 721 a.C, Deus permitiu que os assírios levassem as dez tribos cativas, deixando uma mistura de povos na terra). Nessa época, Ezequias realizou uma Páscoa maravilhosa e chamou não apenas o povo de Judá, mas também enviou mensageiros por todo o Israel, convidando todos a vir e celebrar a Páscoa em Jerusalém. É um pouco incerto se esta Páscoa foi realizada antes ou depois do cativeiro das dez tribos, mas sabemos que o reino do norte foi feito subordinado à Assíria alguns anos antes de serem finalmente levados ao cativeiro.
As doze tribos
Era impossível unir Israel novamente em um único reino, mas era possível agir sob os pensamentos de Deus sobre o Seu povo e chamá-los, como uma nação, para se encontrarem no centro de Deus. E assim acontece hoje. É impossível reunir a Cristandade, mas podemos agir de acordo com a verdade do um só corpo e convidar os crentes a se reunirem nessa base – a mesma base sobre a qual eles se reuniram no princípio. Muitos zombaram do convite de Ezequias, mas alguns responderam a ele, se humilhando e vindo a Jerusalém. A Escritura registra que nenhum tempo de gozo e bênção como aquele ocorreu desde a época de Salomão.
O resultado abençoado dessa obediência foi triplo. Primeiro, mais ídolos foram destruídos, não apenas em Judá, mas também em outras partes de Israel. Em segundo lugar, outras melhorias foram feitas no estabelecimento da ordem dos sacerdotes e levitas, bem como os sacrifícios diários e outras ofertas ao Senhor. E em terceiro, o povo foi encorajado a trazerem seus dízimos, e muitos bens foram trazidos para manter os sacerdotes e os levitas. Em tudo isso, é dito que “E em toda obra que [Ezequias] começou […] com todo o seu coração o fez e prosperou” (2 Cr 31:21).
A recusa em servir aos assírios
Outra coisa que podemos notar a respeito de Ezequias é que ele se recusou a servir aos assírios (2 Rs 18:7). Seu pai Acaz havia se rendido a Tiglate-Pileser e pagou-lhe uma grande soma para ajudá-lo contra os Sírios. Ezequias com razão rejeitou essa ajuda e recusou aliar-se à Assíria. Ele confiava apenas no Senhor. Novamente, esta é uma lição para nós hoje, pois às vezes é tentador buscar ajuda do mundo quando surgem dificuldades, em vez de confiar apenas no Senhor. Por exemplo, eu já vi um crente com problemas financeiros pedindo dinheiro a um incrédulo rico, em vez de se ajoelhar e orar sobre isso e pedir a ajuda do Senhor. Entretanto o Senhor quer nossa confiança.
Os filisteus
A terceira coisa que notamos sobre Ezequias é que ele feriu os filisteus (2 Rs 18:8). Os filisteus tinham sido um espinho constante ao lado de Israel, desde os dias dos juízes. Eles nunca foram totalmente derrotados ou expulsos da terra de Israel, e eles ainda são um problema aqui nos dias de Ezequias. No tempo de seu pai Acaz, eles invadiram e tomaram várias cidades de Judá (2 Cr 28:18). Espiritualmente, eles falam do homem na carne, energizado por Satanás, intrometendo-se nas coisas de Deus. Em figura, eles ilustram o seu poder assediando o Cristãos e estragando tanto o seu desfrute de Cristo quanto o seu testemunho. Ezequias sabiamente os feriu e foi bem sucedido.
Confie no Senhor
Finalmente, encontramos Ezequias fazendo aquilo pelo qual a Escritura o elogia de maneira especial – confiar no Senhor em face do que parecia ser uma ameaça impossível. Na época do reinado de Ezequias, a Assíria era o império mais forte do mundo, e assim o foi por mais de 150 anos. Eles conquistaram muitos países e foram conhecidos por sua crueldade e brutalidade. Além disso, parece que foi exatamente nessa época que a grave doença de Ezequias apareceu, um evento que o enfraqueceria ainda mais, e como ele viu a maioria das cidades de Judá cair nas mãos de Senaqueribe, sua fé inicialmente falhou, e ele se rendeu, assim como seu pai Acaz tinha feito. Ele admitiu sua ofensa em se rebelar contra ele e tentou subornar os assírios, dando-lhes até mesmo prata e ouro da casa do Senhor. Mas o Senhor não ia deixar que este acordo acontecesse, pois parece que Senaqueribe queria não apenas prata e ouro, mas o mesmo tipo de controle total que ele já tinha sobre o reino do norte. Assim, Senaqueribe lançou um cerco traiçoeiro e arrogante contra Jerusalém e convocou Ezequias a se entregar completamente.
Aqui encontramos o Senhor graciosamente restaurando a fé de Ezequias, pois os emissários do rei da Assíria zombaram não apenas da força de Ezequias em resistir, mas também do poder do próprio Senhor. Como aconteceu com Golias, aconteceu aqui com Senaqueribe. O inimigo havia desafiado não apenas o povo do Senhor, mas o próprio Senhor. Aqui Ezequias fez várias coisas que são uma lição para nós. Primeiro de tudo, ele tomou as cartas de blasfêmia de Senaqueribe e “as estendeu perante o SENHOR” (2 Rs 19:14). Em segundo lugar, ele buscou conselhos do profeta Isaías (2 Rs 19:2; Is 37:2). Terceiro, ele mesmo orou ao Senhor (Is 37:15-20; 2 Rs 19:15-19). A humildade, juntamente com a dependência do Senhor, nunca ficará sem recompensa.
A promessa profética
Por meio do profeta Isaías, o Senhor respondeu com uma promessa maravilhosa de que Senaqueribe não tocaria a cidade de Jerusalém, mas também seria obrigado a recuar para seu próprio país “e fá-lo-ei cair morto à espada, na sua terra” (Is 37:7). Humanamente falando, a situação parecia impossível, pois nenhuma outra nação tinha sido capaz de permanecer diante dos assírios. No entanto, aqui estava a firme palavra do Senhor, e a Ezequias foi dada fé para crer e resistir a todas as ameaças feitas contra ele. E assim aconteceu, pois o anjo do Senhor veio e destruiu em uma noite 185.000 homens do exército assírio (2 Rs 19:35; Is 37:36), obrigando Senaqueribe a recuar em desgraça e vergonha. Mais tarde ele foi morto por seus próprios filhos.
Fé para o futuro
Mais uma vez, que lição para o crente hoje! Deus às vezes permite situações aparentemente impossíveis em nossa vida, mas apenas para encorajar e fortalecer nossa fé n’Ele e nos encorajar a confiar somente n’Ele. Ele pode, de fato, desta maneira, testar nossa fé, mas Ele nunca irá desapontar nossa fé. Ele ama a nossa total confiança, e quando estamos no caminho da Sua vontade, todo o Seu poder está do nosso lado. Mesmo todo o poder de Satanás não pode resistir a Ele; Deus nos dará a vitória.
O resultado de tudo isso foi mais uma bênção, pois a Bíblia registra que “E teve Ezequias riquezas e glória em grande abundância […] porque Deus lhe tinha dado muitíssima fazenda” (2 Cr 32:27, 29). Mais do que isso, seu exemplo de fé e de guardar os mandamentos do Senhor sem dúvida influenciou seu bisneto Josias, outro rei piedoso que reinou quase um século depois, e de quem está escrito: “E antes dele não houve rei semelhante, que se convertesse ao SENHOR com todo o seu coração […] conforme toda a Lei de Moisés” (2 Rs 23:25).
