Origem: Revista O Cristão – Leia, Raquel, Joquebede e Miriã
Os Filhos de Leia
Israel, que era a noiva de Jeová (“Teu Criador é teu marido” – Is 54:5), justa pela generosidade que Ele lhe impusera, mostra-se estéril e sem fruto para Deus, e é praticamente deixada de lado. “Lo-ammi” (isto é, “não é o Meu povo”) está escrito sobre ela. Isso é tipificado em Raquel, uma das esposas de Jacó.
Leia, a odiada, é figura da Igreja em seu aspecto de ser reunida dentre os gentios – é então trazida à bênção e fecundidade, sua reprovação é retirada, e ela que não obteve misericórdia, agora obtém misericórdia, por assim dizer. O resultado nos nomes de seus filhos conta sua própria história de graça soberana.
Rúben
Seu primogênito traz à tona uma coisa inteiramente nova nos tratos de Deus: Rúben significa “veja” ou “eis um filho”. O dia da servidão já passou, os servos não vão mais possuir a casa. “Vede quão grande caridade nos tem concedido o Pai: que fôssemos chamados filhos de Deus” (1 Jo 3:1). Os servos mataram o herdeiro, e agora o Filho havia entrado e dado a liberdade da casa, com o título e o privilégio de filhos, a todos os que O recebiam. Não temos mais “espírito de escravidão, para, outra vez, estardes em temor”, mas “o espírito de adoção de filhos” é nosso, pelo qual clamamos: “Abba, pai”. Este é o seu lugar e o meu, amado, pois a “plenitude dos tempos” chegou. Deus enviou Seu Filho, e não somos mais servos, mas filhos, e se filho, então herdeiro de Deus por meio de Cristo (Gl 4:4-7).
Simeão
Quão docemente seu próximo filho continua a história da graça e nos conta como somos levados a este lugar privilegiado. Ela teve outro filho e lhe deu o nome de Simeão que significa “ouvindo”, assim Paulo pergunta: Foi por obras da lei ou pelo ouvir da fé (Gl 3:2 – KJV) que recebestes o Espírito? Pelo “ouvir da fé”, certamente, então a fé vem pelo ouvir e o ouvir pela Palavra de Deus (Rm 10:17). “Quem ouve a Minha Palavra e crê n’Aquele que Me enviou tem a vida” (Jo 5:24). Simeão é figura do princípio de ação de Deus nesta presente dispensação – graça pelo ouvir da fé – pois “não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas, segundo a Sua misericórdia, nos salvou” (Tt 3:5).
Levi
Leia deu à luz outro filho e o chamou de Levi que significa “ “junto” – pois ela disse: “Agora, desta vez se ajuntará meu marido comigo”. Aquele que está unido ao Senhor é um Espírito – osso de Seu osso e carne de Sua carne. Somos separados de nossas conexões com o primeiro homem e unidos a um Cristo ressurreto em glória, que nos fez assentar em lugares celestiais em Cristo Jesus. Mas se as coisas velhas já passaram, todas as coisas se tornam novas. Somos da nova criação, vital e eternamente conectada ao segundo Homem, o Senhor do céu – uma união que agora pertence a todos os filhos de Deus, a ser conhecida e desfrutada como seu privilégio adequado.
Judá
Quão adequado foi o seu próximo filho, o quarto filho (completando o fruto perfeito da graça de Deus), leva o nome de Judá – “louvor!” É nosso gozo e privilégio, como aqueles que são filhos de Deus por pura e soberana graça, oferecer “sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios que confessam o Seu nome” (Hb 13:15). Sim, é certo que devemos louvar ao Senhor e invocar tudo o que está dentro de nós para bendizer Seu santo nome, pois Ele nos chamou das trevas para Sua maravilhosa luz. Ao procurar adoradores para adorá-Lo em espírito e em verdade, Ele nos procurou e nos encontrou. Não esqueçamos, portanto, que esta é nossa santa ocupação privilegiada. Se em Levi obtemos o sacerdócio, e somos – embora que segundo uma outra ordem – um sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios aceitáveis a Deus por Jesus Cristo (1 Pe 2:5), ainda mais somos um sacerdócio real (1 Pe 2:7), e o reino é nosso em herança conjunta com Cristo. Ele já em Seu sangue nos lavou dos nossos pecados e nos fez reino e sacerdotes para Deus e Seu Pai (Ap 1:5-6 – TB).
Não podemos, então, exclamar, ao entrarmos no fato abençoado de que somos filhos – e filhos por pura graça – em união com um Cristo ressuscitado, privilegiados em louvar nosso Deus enquanto esperamos que o reino se manifeste: “Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os Seus juízos, e quão inescrutáveis, os Seus caminhos! Porque d’Ele, e por Ele, e para Ele são todas as coisas; glória, pois, a Ele eternamente. Amém” (Rm 11:33-36).
Christian Truth, Vol. 5 (adaptado)