Origem: Revista O Cristão – Vestes

Folhas de Figo

Foi perguntado a um velho que havia sido salvo recentemente: “Há quanto tempo você conhece o Senhor?” Sua resposta foi: “Cerca de três semanas, mas tenho quarenta anos costurando folhas de figueira”.

Há uma informação boa expressa nessas poucas palavras, pois milhares ainda estão ocupados no mesmo assunto inútil de costurar folhas de figueira. Aqueles que procuram salvar suas almas por meio de ritos e cerimônias, ordenanças e ir a Igreja, ou que estão construindo sua salvação eterna com base em orações, jejuns e doações a instituições de caridade estão apenas costurando folhas de figueira. Todas essas coisas podem ser muito boas no lugar certo, mas não são alicerces sobre os quais devemos edificar para a eternidade.

No terceiro capítulo de Gênesis, vemos a primeira tentativa do homem de costurar folhas de figueira – a mais antiga ilustração de todo esforço humano para cobrir a nudez moral e espiritual do pecador.

Assim que o homem comeu o fruto proibido, seus olhos se abriram e ele descobriu que estava nu. Ele tornou-se possuidor de uma consciência do bem e do mal. Até então, Adão e Eva sabiam apenas o bem, mas agora tudo foi mudado.

Obras 

Como então eles agiram quando viram sua nova condição? “Coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais” (Gn 3:7). Foi obra deles, não de Deus, e isso marcou o caráter dela. Era impossível que a obra de uma criatura arruinada pudesse tirá-los da ruína em que eles haviam caído. Assim, descobrimos que quando “ouviram a voz do SENHOR Deus, que passeava no jardim pela viração do dia; e escondeu-se Adão e sua mulher da presença do SENHOR Deus, entre as árvores do jardim” (Gn 3:8). Eles não se atreveram em confiar no avental de folhas de figueira, pois os aventais sequer satisfaziam a eles mesmos. Como então eles poderiam esconder Adão e Eva do olhar de um Deus justo que tudo sonda? Adão e Eva tinham negligenciado a única coisa vital, que era humildemente reconhecer sua condição de culpa diante de Deus e admitir que a morte e o julgamento lhes eram devidos.

Casacos de peles 

“E chamou o SENHOR Deus a Adão e disse-lhe: Onde estás? E ele disse: Ouvi a Tua voz soar no jardim, e temi, porque estava nu, e escondi-me” (Gn 3:9-10). O avental era inútil, de fato, e Adão o ignorou completamente. Assim é sempre; todos os esforços humanos se provam sem valor quando chega a hora do teste. Nada ficará além da própria obra de Deus. Para possuir uma paz verdadeira, sólida e divina, a alma deve estar descansando simplesmente naquilo que é inteiramente de Deus. Deste último, temos a figura mais antiga nas túnicas de pele que o Senhor Deus fez para Adão e sua esposa. “E fez o SENHOR Deus a Adão e a sua mulher túnicas de peles [pele – JND] e os vestiu” (Gn 3:21) Isso foi graça. Para a fé, essas túnicas de pele são adoráveis, pois falam da provisão gratuita de Deus para os pecadores na morte de Cristo, “o Cordeiro de Deus” (Jo 1:29).

Havia essa diferença significativa entre o avental e a túnica: Deus nunca deu um único ponto na confecção do avental, e o homem nunca deu um único ponto na confecção da túnica. O avental era inteiramente do homem e não podia trazer proveito; a túnica era totalmente de Deus e, portanto, trazia proveito.

Aventais de folhas de figueira 

É triste dizer que a Cristandade está cravejada de uma ponta à outra com a fabricação de aventais de folhas de figueira. Esses aventais podem fazer bem até que a voz de Deus seja ouvida, e sua total inutilidade será descoberta quando for tarde demais. “Ouvi a Tua voz soar no jardim, e temi, porque estava nu, e escondi-me” (Gn 3:10).

Em quem estamos confiando – no avental do homem ou na túnica de Deus? Consequências eternas dependem de nossa resposta a essa grande pergunta. Será indescritivelmente horrível descobrir, quando já for tarde demais, que estávamos construindo sobre lixo humano, em vez de construir sobre a Rocha Eterna. “Quem n’Ela crer não será confundido” (1 Pe 2:6).

C. H. Mackintosh (adaptado)

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