Origem: Revista O Cristão – Governo

O Fracasso do Governo Hoje

Em outra parte desta edição de O Cristão, comentamos sobre o fracasso do governo nas mãos do homem ao longo dos tempos. Mas agora estamos verdadeiramente no que a Escritura chama de “últimos dias” – dias que são descritos como “tempos trabalhosos” (2 Tm 3:1). De fato, houve tempos complexos no passado, mas Deus em Sua graça permitiu restabelecimentos. No entanto, é um princípio de Deus que a luz rejeitada sempre traz um estado de coisas pior do que se a luz nunca tivesse sido dada. A luz de Deus, nesta dispensação da graça, excedeu em muito qualquer outra que já foi dada ao homem antes, e assim, quando esta luz for abandonada, a devastação resultante será pior do que qualquer coisa vista antes. A descrição dos últimos dias dada em 2 Timóteo 3:1-8 não descreve o mundo pagão; não, é a Cristandade que agora tem “uma aparência de piedade”, mas nega o poder dela. E como a Cristandade teve uma influência para o bem neste mundo, então, nestes últimos dias, seus males também afetam o mundo inteiro.

Democracia 

Isso nos traz de volta à questão do governo e seu fracasso hoje. Alguém disse com propriedade que, em uma democracia, as pessoas geralmente obtêm o caráter do governo que merecem. Há uma grande medida de verdade nessa afirmação, pois aqueles que são eleitos refletem os valores e a moral daqueles que exercem o voto. Como exemplo disso, em um país ocidental, um líder que fez campanha há alguns anos contra um governo corrupto e incompetente perdeu a eleição, não porque alguém questionasse sua competência para governar, mas por causa de seu “conservadorismo social”. Suas visões conservadoras (e bíblicas) sobre questões como aborto, homossexualismo e casamento entre pessoas do mesmo sexo, não combinavam com muitos e, portanto, ele foi rejeitado. Essa tendência tem sido geral nas democracias ocidentais, embora alguns países sejam mais afetados do que outros. Alguém escreveu o seguinte sobre os EUA:

“Os sinais mais óbvios de decadência moral na América são a prevalência de nascimentos fora do casamento, a separação de famílias, a amoralidade da educação pública e a erupção de atividades criminosas. Mas também há outros sinais: o declínio da civilidade, a falta de integridade na vida pública e privada e o crescimento do litígio como a principal forma de resolver disputas”.

O mesmo autor também escreveu o seguinte: 

“Não se pode culpar o governo por todos os males da sociedade, mas não há dúvida de que a legislação econômica e social dos últimos 50 anos teve um impacto negativo sobre a virtude. Os indivíduos perdem sua postura moral quando se tornam dependentes do bem-estar, quando são recompensados por terem filhos fora do casamento e quando não são responsabilizados por seus atos. A bússola moral interna, que normalmente orienta o comportamento individual, não funcionará mais quando o estado minar os incentivos para a conduta moral e obscurecer a distinção entre certo e errado”.

A queda do Império Romano 

Uma situação semelhante se desenvolveu na Europa. Um autor europeu, escrevendo há pouco mais de dois anos, fez uma comparação entre a queda do Império Romano e a condição atual da Europa. Ele ressaltou que o Império Romano caiu porque era corrupto; corrupção moral era o conceito essencial. Os princípios da lei foram contornados ou francamente ignorados. Todos cuidavam de seus interesses pessoais e negligenciavam totalmente o povo em geral. Ele, então, observou que os romanos daquela época não se sentiriam desorientados na atual União Europeia. Outro autor escreveu a respeito da União Europeia:

“A verdadeira educação começa com o conhecimento de Deus, mas [na Europa] isso está sendo substituído por uma agenda secular que ensina justiça social, neutralidade de gênero […] inclusão sexual, direitos LGBT, aborto sob demanda, um estado de bem-estar, direitos, reescrita da história Cristã […] e outras ideologias de esquerda.

A educação europeia rejeitou completamente os valores judaico-cristãos que lhes foram legados durante a Reforma Protestante. Os grandes princípios Cristãos da Reforma moldaram a paisagem europeia, mas os liberais modernos hoje, estão descrevendo o período da Reforma como um tempo de discriminação, ódio, racismo, escravidão, homofobia, misoginia, colonialismo, genocídio e anarquia”.

A finalidade do governo 

Poderíamos continuar, mas essas citações são suficientes para vermos para que lado as coisas estão indo. Na Palavra de Deus, lemos que o governo é um “ministro de Deus e vingador para castigar o que faz o mal” (Rm13:4). Na medida em que os governos cumprem esse mandato, podemos ser gratos, pois é o governo estabelecido por Deus que é referido em 2 Tessalonicenses 2:6: “Vós sabeis o que o detém”. Mesmo os homens maus gostariam que o mal alheio fosse controlado, deixando-os livres para praticar seus próprios erros.

As citações acima refletem a tremenda mudança nos padrões morais do mundo ocidental durante os últimos 50 anos, e isso, é claro, se refletiu no governo. No entanto, por algum tempo, os valores morais bíblicos que moldaram a cultura, a constituição e as leis do ocidente foram pelo menos “falados”, mesmo que esses valores não fossem seguidos de maneira prática na sociedade em geral. Mas nos últimos 20 anos ou mais, vimos esses velhos valores quase completamente descartados. Princípios de conduta imorais e corruptos foram consagrados na lei, e aqueles que se opõem a tudo isso são rotulados como intolerantes e culpados de “crimes de ódio”.

Em tudo isso, vemos o que pode ser chamado de círculo vicioso. À medida que a moralidade do povo declina, o mesmo acontece, inevitavelmente, com a moralidade do governo. Porém, quando o governo promulga leis adequadas às pessoas que governam, o resultado é um declínio ainda maior.

Governos dominantes 

Até este ponto, nos concentramos nas democracias ocidentais, mas também estamos vendo mudanças nos governos imperialistas ou “governos dominantes”. Apesar das tendências ateístas de muitos desses governos totalitários, como já observamos, a Cristandade teve um efeito benéfico no mundo. O homem não pode negar inteiramente sua consciência. Aqueles que defenderam com firmeza os absolutos de certo e errado impunham respeito, mesmo que não fossem imitados. Mas agora a falta de princípio entre muitos na Cristandade está tendo um efeito adverso nas nações ateístas e pagãs. A falta de retidão exibida pelo ocidente encorajou outros governos a agirem em seus próprios interesses, sem consideração pela moralidade.

Desnecessário dizer que todo o mau comportamento dos governos totalitários não pode ser atribuído ao ocidente. Os chamados “governos dominantes” sempre tenderam a agir sem levar em conta o certo e o errado, mas o declínio da Cristandade e seu efeito sobre os regimes despóticos acelerou essa tendência. A agressividade dos governos ditatoriais e o caráter degenerado das democracias, combinados com o poder terrível das armas disponíveis hoje, produziram um mundo muito perigoso e instável.

Ao falar sobre o caráter maligno dos últimos dias, Paulo escreve: “Não irão, porém, avante” (2 Tm 3:9). Deus intervirá, embora possa suportar a iniquidade por muito tempo. Mas quando isso estiver totalmente maduro [como a seara em Ap 14:15], Deus o julgará e instituirá um governo justo. Isaías profetizou: “e venho [diz o Senhor] para ajuntar todas as nações e línguas; elas virão e contemplarão a minha glória” (Is 66:18 ARA). Hoje os governos e os homens envolvidos neles buscam sua própria glória; naquele dia […] anunciarão a minha glória entre as nações” (Is 66:19).

W. J. Prost

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