Origem: Revista O Cristão – Árvores e Videiras
Frutos Bons e Maus
Recentemente, tive o privilégio de ser conduzido por meio de alguns canteiros experimentais pertencentes à Faculdade de Agricultura da Universidade da Califórnia por um membro de sua faculdade, que é um Cristão devoto. O passeio foi muito interessante e forneceu exemplos de algumas verdades bem conhecidas da Escritura, que proveram material para cuidadosa consideração.
Um canteiro era uma fileira de grandes pereiras totalmente desenvolvidas. Elas deram provas de serem bem cuidadas e sua folhagem era de boa cor verde. Em uma extremidade da linha, as árvores estavam carregadas de frutas lindas e quase perfeitas. Tais pereiras saudáveis teriam sido um trunfo no pomar de qualquer homem. No outro extremo da linha, as pereiras pareciam saudáveis e vigorosas, mas aqui o patologista de plantas Cristão parou e colheu algumas frutas; estavam imprestáveis. As frutas estavam murchas e atarracadas. Era espantoso que as árvores tão próximas umas das outras e com a mesma aparência externa, quanto à folhagem e o vigor, produzissem frutos tão diferentes. Qual foi a explicação? Poderia haver uma resposta simples para o aparente mistério?
A árvore má
O cientista explicou a razão do fruto ruim. Vamos citar suas palavras: “Essas árvores são ruins e não há nada que possa ser feito por elas; elas têm uma doença viral que os penetra desde as raízes até todas as extremidades. Eles não podem produzir bons frutos”. Juntos, falamos das palavras do Senhor: “Não pode a árvore boa dar maus frutos, nem a árvore má dar frutos bons” (Mt 7:18). Uma árvore é julgada de acordo com a qualidade de seus frutos, e assim é com os homens. João Batista provou o coração de seus futuros seguidores dizendo: “E também, agora, está posto o machado à raiz das árvores; toda árvore, pois, que não produz bom fruto é cortada e lançada no fogo” (Mt 3:10). A mera religião ou profissão não corrigirá o problema da raiz. Adão caiu e trouxe abaixo toda a sua posteridade, e todo homem a partir daquele dia nasce com uma natureza má que só pode produzir frutos maus. O que o homem precisa é de uma mudança completa, um novo nascimento, uma nova vida, para que ele possa dar fruto para Deus. Caso contrário, ele será cortado e lançado no lago de fogo.
Irremediavelmente má
Outro comentário do cientista enfatizou uma imagem da condição sem esperança do homem, a não ser por um renascimento completo. Referindo-se às árvores más, ele disse: “Nenhuma quantidade de poda, rega, pulverização ou fertilização melhorará essas árvores ou seus frutos. Dar a elas um cuidado especial apenas aumentaria os maus frutos que elas produziriam”. Aqui estava o alimento para a meditação: O homem não poderia ser melhorado pela educação? Pelo ambiente? Ou por algum dos meios tantas vezes tentados? Infelizmente não. O homem por natureza é tão irremediavelmente mau quanto aquelas árvores doentes. Ele pode realmente apresentar uma aparência externa que se compara favoravelmente com aqueles que têm uma nova vida proveniente de Deus, e ainda assim seu coração permanece inalterado; é inimizade para com Deus. Isso nos levou a refletir sobre tudo o que havia sido feito para melhorar o homem, aparte de Deus e do novo nascimento. Muitos e variados são os meios que foram tentados a elevar moralmente o mundo – para impedir coisas como vício, crime, blasfêmia, homicídio e guerra. Elas mudaram o homem? Não. De fato, pode-se dizer que o homem educado só se tornou mais fértil na produção de frutos maus. As guerras, por exemplo, já eram suficientemente más antes que os homens se tornassem tão civilizados; agora elas são terrivelmente piores. Os homens costumavam se matar por taco ou espada em combate corpo a corpo; agora, com um grau mais alto de civilização, os homens descobriram como acabar com os habitantes de uma cidade inteira com uma explosão, ou destruir todas as plantações de outro país com produtos químicos e, assim, trazer fome à população, ou espalhar as piores pragas por guerra biológica e, assim, exterminar um povo pela doença. Isso é verdade tanto para os povos altamente civilizados de meados do século XX quanto para o mundo pagão antes da vinda de Cristo – “não conheceram o caminho da paz” e “em seus caminhos há destruição e miséria” (Rm 3:7, 16).
Pecado de dentro
A doença que permeia aquelas pereiras más é como o pecado, a raiz e a natureza na humanidade caída, que em atividade produz atos perversos. “Porque do interior do coração dos homens saem os maus pensamentos, os adultérios, as prostituições, os homicídios, os furtos, a avareza, as maldades, o engano, a dissolução, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura” (Mc 7:21-22). A epístola aos Romanos distingue cuidadosamente entre pecados (os atos cometidos) e pecado (a natureza que produz frutos maus). Romanos 5:11 conclui que a parte da epístola que trata do assunto dos pecados, e o próximo versículo começa o assunto do pecado. Para os pecados Deus tem perdão para todos os que creem no Senhor Jesus, e provou-Se justo em perdoar os pecados por causa da obra de Cristo. Para o pecado, Deus tem apenas condenação; Ele “condenou o pecado na carne” (Rm 8:3). Ele trata a velha natureza como algo que não pode ser melhorado, e profere sentença sobre nela. O capítulo 7 da epístola mostra as lutas de quem tenta consertar o que é incapaz de consertar, e então aquele que se esforça encontra libertação total no último verso desse capítulo e no primeiro verso do capítulo 8: “Portanto, agora, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus”. Ele agora está em uma nova posição inteiramente – “em Cristo Jesus” – e tem poder para andar segundo o Espírito (v. 4).
A descendência
Houve outro comentário de interesse sobre as pereiras más, e foi que elas não poderiam produzir descendentes que fossem melhores. Nenhuma árvore jovem derivada daquelas más seria melhor do que a matriz. Quão verdadeiro é o padrão humano que estamos considerando! A descendência de um homem caído é também caída. O bebê inocente tem em si a matriz ruim que, na maturidade, produzirá o mesmo fruto mau.
O comentário final do patologista sobre as pereiras apontou outra semelhança com a família humana. Ele disse: “Mesmo enxertar um galho de uma árvore boa não melhorará a condição de uma árvore má”. Da mesma maneira, “O que nasce da carne é carne” (Jo 3:6); nunca pode ser outra coisa. E quando um homem se arrepende e crê no evangelho, e consequentemente recebe uma nova vida de Deus, que pode dar bons frutos, isso não melhora em nada sua velha natureza. É uma mentira do diabo dizer que a velha natureza pode ser melhorada ou que, porque alguém é salvo, a velha natureza pode ser destruída. Nós, Cristãos, temos uma vida totalmente nova, mas também carregamos a carne conosco e, se não for julgada e mantida no lugar da morte, ela produzirá o fruto detestável – o único que é capaz de produzir.