Origem: Revista O Cristão – Galardões
Galardões e Coroas
É algo maravilhoso o pensamento de que Deus tem prazer em dar galardões a nós, Seus servos. Ele já estendeu a mão em amor, para nós que éramos Seus inimigos e enviou Seu Filho para nos redimir. Então Ele nos deu o privilégio de servi-Lo e até nos deu todos os recursos e forças para fazer isso. Quão gracioso da parte de Deus, além de tudo isso, oferecer galardões pela fidelidade no serviço! Isso faz com que nosso coração seja alargado e nos encoraja no serviço por Cristo!
É importante entender que os galardões nunca são apresentados como o motivo para o serviço ao Senhor. Se o galardão se torna o motivo, então estamos fora do maravilhoso terreno da graça e recaindo sob a lei. O motivo dado na Escritura para o serviço é o amor a Cristo, pois “o amor de Cristo nos constrange” (2 Co 5:14). Isso é ilustrado na parábola em Mateus 20:1-16. Os trabalhadores que foram contratados primeiro fizeram um ajuste com o dono da vinha e, no final, receberam o salário pelo qual haviam concordado. Outros que chegaram depois não fizeram ajuste, mas, tendo confiado no Mestre, simplesmente foram trabalhar e dependeram de Sua bondade. Portanto, nosso coração, se devidamente constrangido pelo amor de Cristo, irá querer servi-Lo e não buscarão recompensas. Contudo, Deus tem o prazer de encorajar Seus servos com a promessa de galardões, e Ele nos disse algo sobre eles em Sua Palavra.
Galardões privados
Há galardões dados que não serão públicos, mas sim algo privado e pessoal entre nós e o Senhor. Isto é mostrado em Apocalipse 2:17, onde lemos: “Ao que vencer darei Eu a comer do maná escondido e dar-lhe-ei uma pedra branca, e na pedra um novo nome escrito, o qual ninguém conhece senão aquele que o recebe”. Esta será a comunhão e o gozo pessoal com o Senhor – aquilo que é a própria aprovação do Senhor daquilo que tivermos feito. Todo Cristão receberá uma pedra branca, mas cada uma será diferente, assim como o Senhor faz Sua própria avaliação de nossa vida e o que fizemos por Ele. O novo nome traz diante de nós a comunhão individual com o Senhor, à medida que cada um goza dessa comunhão pessoal com Ele.
Galardões públicos
Haverá também recompensas públicas, e estas estão conectadas com o reino milenar e com a exibição da glória de Cristo durante esse tempo. O Senhor Jesus é agora rejeitado e o caráter santo de Deus não é exibido neste mundo, mas durante o Milênio a justiça reinará. O caráter santo de Deus será publicamente vindicado, e a Seu amado Filho, a Quem este mundo expulsou e crucificou, será dado o lugar que Lhe pertence. É apropriado que Deus escolha ao mesmo tempo dar reconhecimento público àqueles que serviram fielmente e sofreram com Cristo durante o tempo de Sua rejeição.
Galardões públicos são claramente mostrados a nós na parábola das minas em Lucas 19:12-27. Aqui encontramos o Mestre, retratado como um homem nobre, partindo por um tempo, mas dando a cada um de Seus servos uma mina para usar em Sua ausência. A responsabilidade é trazida e, portanto, há uma diferença na recompensa dada a cada um. Aquele que é mais diligente no uso de Seu dom (ilustrado pela mina) recebe uma recompensa maior, e a recompensa aqui assume a forma de autoridade administrativa, sob Cristo, no reino vindouro. Vemos aquele que ganha dez minas recebendo autoridade sobre dez cidades, enquanto o que tem cinco minas recebe autoridade sobre cinco cidades. “Se sofrermos, também com Ele reinaremos” (2 Tm 2:12). “Teu Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente” (Mt 6:6 – ARC). Se tivermos servido a Deus fielmente enquanto o Senhor Jesus é rejeitado, Deus recompensará abertamente aqueles que foram fiéis a Ele durante esse tempo. Da mesma forma, os doze apóstolos vão assentar-se “sobre tronos, julgando as doze tribos de Israel” (Lc 22:30).
Tais recompensas serão maravilhosas! O reino durará mil anos – mais do que qualquer império humano durou na história deste mundo. No entanto, essas recompensas públicas serão apenas para a duração do Milênio, pois quando o Senhor Jesus “tiver entregado o reino a Deus, o Pai”, o reino, como tal, cessará. Não haverá mais necessidade de administração neste mundo, pois durante o estado eterno a justiça habita.
Coroas
Deus também nos falou sobre várias coroas que Ele dará como recompensas. Estas são, sem dúvida, recompensas públicas também, mas elas são distintas das posições administrativas no reino. As coroas estão mais ligadas à energia da fé em superar as adversidades na vida Cristã e perseverar apesar das dificuldades. Como crentes em Cristo, todos estaremos na casa do Pai, mas é como vencedores que estaremos no trono com Cristo. As coroas estão associadas àquele lugar que teremos com Ele em Seu trono. Há pelo menos três coroas distintas mencionadas na Palavra de Deus.
Coroa de glória
“E, quando aparecer o Sumo Pastor, alcançareis a incorruptível coroa de glória” (1 Pe 5:4). Esta coroa está ligada a pastorear o rebanho de Deus e procurar ajudar o povo de Deus. O povo de Deus é precioso para Ele, e Ele valoriza aqueles que se comprometem a pastoreá-los, sob a direção do Sumo Pastor. Pedro havia testemunhado os sofrimentos de Cristo e estava compartilhando deles, mas ele esperava ser “participante da glória que se há de revelar” (1 Pe 5:1). Aqui em baixo, muitas vezes não há muita glória ligada ao serviço ao povo de Deus, e frequentemente o trabalho é feito fora dos olhos do público. No entanto, naquele dia, aqueles que trabalharam como pastores do rebanho de Deus receberão a coroa de glória do Sumo Pastor.
Coroa da justiça
Paulo menciona a coroa da justiça no final de sua vida, na segunda epístola a Timóteo, onde ele diz: “Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo Juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a Sua vinda [Aparição – JND]” (2 Tm 4:8). Paulo havia sido fiel durante sua vida, e o Senhor havia lhe mostrado que sua hora de partida estava próxima. A vinda do Senhor deve ser a esperança apropriada de todo crente, mas além disso está a Aparição, quando o Senhor Jesus terá o Seu lugar de direito. É certo que esperemos que o Senhor venha para nós a qualquer momento, mas ocasionalmente motivos egoístas podem entrar nisso. Talvez nós queiramos ser retirados deste mundo por causa de toda a tristeza, conflito e oposição ao crente. No entanto, quando pensamos na Aparição, é Ele mesmo que está diante de nós, pois nosso bendito Mestre será então exaltado e glorificado publicamente. Mais do que isso, a recompensa desta coroa será justa, pois o Senhor é o justo Juiz. O que fazemos e os motivos que nos levam a fazê-lo, podem ser julgados erroneamente agora, mas naquele dia todos serão justos, e a coroa será uma recompensa para aqueles que amam a Sua Aparição.
Coroa da vida
A coroa da vida está conectada com a morte neste mundo, e é uma coroa que pode ser conquistada de duas maneiras distintas. Quando o Senhor Se dirige à assembleia em Esmirna, em Apocalipse 2, eles estavam passando por um período de terrível perseguição. Sua palavra de encorajamento para eles foram: “Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida” (Ap 2:10). Se o ódio do mundo faz com que o crente faça o sacrifício supremo de dar sua vida por Cristo, Deus o recompensa com uma coroa de vida. O homem pode matar apenas o corpo, mas não pode tocar no que é real e vital. O conhecimento da salvação e da possessão da vida eterna em Cristo dá ao crente a coragem de abrir mão de sua vida natural, pois a vida eterna é dele e a coroa da vida.
No entanto, nem todo crente é chamado a abrir mão de sua vida natural e morrer por Cristo. Alguns, como o apóstolo João, morreram de morte natural, assim como muitos dos servos do Senhor. Será que eles não podem ganhar essa coroa da vida?
Encontramos a mesma coroa mencionada em Tiago 1:12. “Bem-aventurado o varão que sofre a tentação; porque, quando for provado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor tem prometido aos que O amam”. Uma coisa é abrir mão da vida passando pela morte do corpo, mas o crente também pode abrir mão de sua vida vivendo para Cristo, resistindo à tentação dia após dia, semana após semana, mês após mês e talvez ano após do ano. Nesse sentido, ele é como aquele de quem o Senhor disse: “quem, neste mundo, aborrece a sua vida, guardá-la-á para a vida eterna” (Jo 12:25). Aquele que desiste de suas próprias ambições e desejos neste mundo, a fim de seguir a Cristo de todo o coração, descobrirá que ele também receberá a coroa da vida. É preciso coragem do Senhor para permanecer firme diante da morte, mas também é preciso coragem para resistir continuadamente aos esforços do mundo e de Satanás para nos arrastar para baixo. Todo crente pode ganhar a coroa da vida!
Todo redimido terá uma coroa no dia vindouro. Que privilégio será tê-la e nos assentarmos no trono com Cristo! No entanto, o que faremos com essas coroas? Em Apocalipse 4, dominados por uma profunda percepção da graça de Deus, seja na salvação ou no serviço, faz com que “os vinte e quatro anciãos prostravam-se diante do que estava assentado sobre o trono, adoravam O que vive para todo o sempre e lançavam as suas coroas diante do trono, dizendo: Digno és, Senhor” (Ap 4:10-11). Uma percepção de Sua dignidade nos faz sentir nossa própria indignidade, e então buscaremos somente a Sua glória, não a nossa.
Eternidade
Finalmente, queremos chamar a atenção para uma recompensa que parece transcender as outras, em certo sentido, embora certamente envolva o caráter da “pedra branca”. Na parábola dos talentos (Mt 25:14-30), a soberania de Deus é enfatizada, enquanto a responsabilidade do homem é trazida diante de nós mais na parábola das minas em Lucas 19. Aqui na parábola dos talentos, é prerrogativa do Mestre dar a cada servo como Ele deseja, e assim alguns receberam mais talentos do que outros. A recompensa dada não é proporcional ao número de talentos, mas sim à fidelidade em usá-los. Aqui a recompensa é simplesmente: “Entra no gozo do teu Senhor” (Mt 25:21, 23). Quem pode medir ou dar os limites de tal coisa? Não existe um senso real de distinção entre os crentes, mas sim o desfrute daquilo que é infinito e eterno – o gozo do Senhor. Quão maravilhoso é que isso permanecerá por toda a eternidade, quando o reino chegar ao fim e quando, por toda a eternidade, Deus será “tudo em todos” (1 Co 15:28). Deus gostaria de nos ter trabalhando para este fim, apreciando e sendo encorajados pela promessa de recompensas, mas percebendo que mesmo a recompensa será absorvida pelo “gozo do teu Senhor” que será eterno e infinito.
