Origem: Revista O Cristão – Governo e Cristianismo

Um Cristão no Poder Político

É significativo que, enquanto as Escrituras do Novo Testamento dão orientações amplas para o comportamento do marido para com a esposa e da esposa para com o marido, dos filhos para com os pais e dos pais para com os filhos, do servo para com o senhor e do senhor para com o servo, e enquanto elas também estabelecem a conduta propriamente dita de alguém sujeito para com os poderes constituídos, elas não dão instruções sobre a maneira de se portar em um cargo de confiança na política.

Um Cristão sob autoridade tem amplas orientações sobre como agir. Um Cristão que exerce poder governamental não tem orientação alguma. Por que essa omissão? O caráter dos crentes como “não sendo do mundo”, como associados a Cristo em Sua “paciência” e como co-herdeiros com Aquele que Deus ainda não colocou na posse da herança explica completamente a omissão.

Andando fazendo o bem 

Mas Jesus, alguém pode perguntar, não “andou por toda a parte, fazendo o bem” (TB)? E não pode a posse de poder político e ocupação com melhor governo ser o meio de fazer um grande bem? Isso, no entanto, é o raciocínio do homem. Visto amplamente, à luz da verdade de Deus, um Cristão não pode fazer o bem pela ação política, pois o fim para o qual tudo está operando é o justo julgamento de Deus.

O que a Palavra nos ensina? Ela nos diz que Jesus fez o bem e também nos diz que os crentes são colocados aqui pelo mesmo objetivo para o qual Ele esteve aqui: “Assim como Tu Me enviaste ao mundo, também Eu os enviei ao mundo” (Jo 17:18). Como então Jesus fez o bem? Foi pelo exercício do poder político? Foi por combinações e sociedades mundanas? Foi buscando apoio popular? Embora tivesse o direito de governar e pudesse governar com justiça, Ele Se recusou absolutamente a receber poder. Sendo o poder oferecido pelo diabo, Ele imediatamente detectou e denunciou o enganador. Quando solicitado a tomar o lugar de um Árbitro, Ele respondeu: “Homem, quem Me pôs a Mim por Juiz ou Repartidor entre vós?” (Lc 12:14). Percebendo que o povo “haviam de vir arrebatá-Lo, para o fazerem Rei, tornou a retirar-Se, Ele só, para o monte” (Jo 6:15).

Em particular, ninguém jamais trabalhou como Ele para fazer o bem, mas o tempo para a bênção pública e governamental para a Terra ainda não havia chegado. O cetro ainda não havia sido colocado em Suas mãos pelo Único que tinha o direito de concedê-lo, e não o receberia de nenhum outro. Se tomado agora, deveria ser tomado ou do “deus deste mundo” ou do homem, e de nenhum destes Ele aceitaria o cetro. E de que maneira as coisas são diferentes agora? O Cristão pode receber o poder das mãos das quais Cristo recusou? Deus o dará aos coerdeiros enquanto Ele ainda está retendo o poder d’Aquele que Ele fez Herdeiro de todas as coisas?

T. B. Baines (adaptado)

Compartilhar
Rolar para cima