Origem: Revista O Cristão – Graça e Governo

O Governo Moral de Deus

Nos primeiros versos de 1 Pedro 3, o apóstolo nos impõe o belo caráter de Cristo que deveria marcar a companhia Cristã, mas depois nos encoraja a abraçar de todo o coração a vida Cristã e a recusar o mal, lembrando-nos dos princípios imutáveis do governo moral de Deus. A essência do governo, seja humano ou divino, é proteger e abençoar aqueles que fazem o bem e punir aqueles que praticam o mal. Com o homem, a corrupção e a violência podem com demasiada frequência arruinar seu governo, fazendo com que o bom sofra e o ímpio escape. Com Deus tudo é perfeito. Seu governo é exercido sem distinção de pessoas, retribuindo a todo homem, crente ou incrédulo, de acordo com seus atos.

A graça de Deus não anula o governo de Deus, nós não escapamos do governo de Deus tornando-nos Cristãos. Embora sejamos os objetos da graça, ainda é verdade que colhemos o que semeamos; não podemos usar o Cristianismo para cobrir o mal.

Uma vida de bem-aventurança 

O Cristianismo coloca diante de nós uma vida de bem-aventurança vivida em comunhão com Deus. Esta vida foi vivida em perfeição pelo Senhor Jesus, conforme estabelecido na “vereda da vida” traçada no Salmo 16. É uma vida que tem sua profunda alegria espiritual, pois o Senhor pode dizer desta vida: “As linhas caem-Me em lugares deliciosos”. Se, então, o crente vivesse essa vida e “porque quem quer amar a vida e ver os dias bons, refreie a sua língua do mal, e os seus lábios não falem engano; aparte-se do mal e faça o bem; busque a paz e siga-a” (1 Pe 3:10-11). Ao fazê-lo, ele encontrará no governo de Deus que ele é abençoado, ao passo que aquele que pratica o mal sofrerá, pois, de acordo com os princípios imutáveis do governo de Deus, “os olhos do Senhor estão sobre os justos, e os Seus ouvidos, atentos às suas orações; mas o rosto do Senhor é contra os que fazem males” (v. 12). Além disso, “qual é aquele que vos fará mal, se fordes zelosos do bem?” (v. 13). Até mesmo o mundo pode apreciar o homem que de maneira quieta prossegue seu caminho fazendo o bem

Governo moral 

Podemos, entretanto, perguntar se fazer o bem nos leva a prosperidade e fazer o mal leva a punição, então porque no mundo frequentemente vemos o piedoso sofrer e aqueles que fazem males aparentemente prosperam? Como pode ser que na mesma epístola que nos diz que o favor de Deus está sobre os justos, também temos os sofrimentos do povo de Deus trazidos diante de nós em grande detalhe do que em qualquer outra Escritura? Como é que, imediatamente após a passagem que promete “bons dias” como resultado de fazer o bem, lemos sobre a possibilidade de sofrer por fazer o bem?

Tais perguntas são respondidas se nos lembrarmos que durante este dia de graça o governo de Deus é moral e geralmente não direto e imediato. É verdadeiramente um governo moral no sentido de que o bem é recompensado por bênçãos espirituais e não pela prosperidade material, de modo que, enquanto o apóstolo coloca diante de nós a possibilidade de sofrer por causa da justiça, ele ainda pode acrescentar: “bem-aventurados sois”.

O governo de Deus não é geralmente direto, pois a tristeza e a punição que são as consequências do mal nem sempre são imediatas e visíveis. Para ver o resultado final do governo de Deus – seja na bênção daqueles que fazem o bem ou na punição do malfeitor – devemos olhar além do tempo presente e esperar o mundo vindouro.

Governo oculto 

Enquanto o governo de Deus continua em toda a sua perfeição absoluta, no momento está em grande parte oculto, e como alguém disse: “É preciso ter fé para aceitar o fato de que o governo moral de Deus prevalece acima de toda a confusão”. Que o crente se lembre de que, apesar de todas as aparências em contrário, sempre é verdade que fazer o bem levará à bênção e à tristeza. Tanto a bênção quanto a tristeza podem ser experimentadas em medida agora, mas a bênção será totalmente conhecida no mundo vindouro.

H. Smith (adaptado)

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