Origem: Revista O Cristão – Graça

A Dispensação da Graça

Graça é, sem dúvida, um dos assuntos mais maravilhosos que nos é revelado na Palavra de Deus. Traz diante de nós o imerecido favor de Deus para com o homem e, como tal, lida com todos os homens em uma base comum. A graça nunca passa por cima do pecado, mas, pelo contrário, mostra o horror e o terror dele. Sua própria demonstração confirma toda a ruína do homem, pois se o homem pudesse se aperfeiçoar pelo seu próprio poder, não haveria necessidade de graça. Por outro lado, essa mesma ruína se torna a ocasião de mostrar o caráter de amor de Deus. A graça de Deus vem onde o homem é completamente mau e, em tal condição, nada além da graça pode satisfazer sua necessidade. O supremo triunfo da graça foi visto na cruz, pois onde o pecado do homem atingiu seu apogeu ao crucificar o Filho de Deus, o amor de Deus trouxe a salvação por esse mesmo ato, e a graça de Deus providenciou o perdão por essa mesma rejeição.

O evangelho da graça 

A graça caracteriza especialmente a dispensação Cristã, e o evangelho que agora é pregado é apropriadamente chamado por Paulo de “o evangelho da graça de Deus” (At 20:24). A graça é mais que uma convicção pela consciência. Minha consciência pode ser exercida quanto ao pecado, mas um sentimento de pecado sem que o coração seja tocado apenas me afastará de Deus, como fez Adão no jardim. A graça me faz perceber o meu pecado em todo o seu mal, mas então me permite provar que o Senhor é gracioso. Uma percepção de graça atraiu a mulher de Sicar para mais perto do Senhor Jesus, embora ela percebesse que Ele sabia tudo sobre o pecado dela. Fez dela corajosa para ir aos homens da cidade, dizendo: “Vinde e vede um homem que me disse tudo quanto tenho feito” (Jo 4:29). Quando eu não pude ir a Deus, Ele veio a mim e isso é graça.

Continuando em graça 

Isso, no entanto, é apenas o começo, pois a graça toca todos os aspectos da nossa vida Cristã. Paulo e Barnabé poderiam exortar os novos crentes em Antioquia da Pisídia a que “permanecessem na graça de Deus” (At 13:43), pois é a graça de Deus na qual andamos dia a dia. Um senso de graça me manterá feliz, pois ao estar ocupado com Ele, eu desfruto do Seu amor em minha alma. É bom perceber o que sou e ser humilhado por isso, mas se estou ocupado comigo mesmo, nessa medida estou fora do terreno de graça. O gozo e a paz vêm do conhecimento, não tanto do que somos, mas do que Ele é para nós, e isso é graça. No entanto, devo permanecer na presença de Deus, pois Sua graça é tão vasta que não posso aprendê-la fora d’Ele. Graça separada de Deus se torna uma desculpa para o pecado.

Graça em serviço 

Da mesma forma, essa mesma graça se mostrará em serviço, pois se eu recebi a graça, eu quero mostrá-la aos outros. A graça me encontrará em provações, permitindo-me passar por dificuldades que, de outro modo, seriam esmagadoras. Ela me manterá humilde, pois um senso de graça me fará perceber que tudo de bênção em minha vida é resultado da graça. Paulo poderia dizer: “Mas, pela graça de Deus, sou o que sou trabalhei muito mais do que todos eles; todavia, não eu, mas a graça de Deus, que está comigo” (1 Co 15:10). Essa mesma graça, no entanto, irá ao meu encontro quando eu falhar. Isso me restaurará e me permitirá levantar novamente e continuar. O governo de Deus pode surgir também, mas a graça me diz que Aquele que me salvou sabia exatamente como eu iria agir e me escolheu assim mesmo. Por estas e outras razões, Paulo termina várias de suas epístolas com a exortação: “A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja com todos vós”. Quando a ruína foi chegando, e a verdade foi sendo abandonada, Paulo pôde dizer a Timóteo, “Tu, pois, meu filho, fortifica-te na graça que há em Cristo Jesus” (2 Tm 2:1). Que seja mais assim conosco, nestes últimos dias da dispensação da graça!

W. J. Prost

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