Origem: Revista O Cristão – Graça e Governo
A Graça e o Governo com Adão
Em Gênesis 3 encontramos o homem como um pecador – um pecador arruinado, culpado e nu. Mas aqui também, encontramos Deus a graça para remediar a ruína, para limpar a culpa, e vestir sua nudez. Tudo isso Ele faz de Sua própria maneira. Ele silencia a serpente e a destina à eterna desonra. Ele estabelece a Sua própria glória eterna e fornece tanto a vida como a justiça para o pecador – tudo por meio da Semente ferida da mulher. Ora, isso era graça – graça ilimitada – graça gratuita, incondicional e perfeita – a graça de Deus. O Senhor Deus dá Seu Filho para ser, como “a semente da mulher”, ferido para a redenção do homem – ser morto para fornecer um manto de justiça divina para um pecador nu. Esta, repito, foi a graça da natureza mais inconfundível.
Mas então, que seja cuidadosamente observado que, em conexão imediata com esta primeira grande manifestação de graça, temos o primeiro ato solene do governo divino. Foi a graça que vestiu o homem. Foi o governo que o expulsou do Éden. “E fez o SENHOR Deus a Adão e a sua mulher túnicas de peles [de pele – JND] e os vestiu”. Aqui temos um ato da graça mais pura. Mas então lemos: “E, havendo lançado fora o homem, pôs querubins ao oriente do jardim do Éden e uma espada inflamada que andava ao redor, para guardar o caminho da árvore da vida”. Aqui temos um ato solene de governo. A túnica de pele era a doce garantia da graça. A espada flamejante era o solene emblema do governo. Adão foi o objeto de ambos. Quando ele olhava para a túnica, ele podia pensar na graça divina, porém quando olhava para a espada, ele se lembrava do governo divino.
Por qual razão foi que o Senhor Deus expulsou o homem, se Ele já o tinha perdoado? A graça perdoa, mas as rodas do governo giram em toda a sua terrível majestade. Adão foi perfeitamente perdoado, mas seu pecado produziu seus próprios resultados. A culpa de sua consciência foi removida, mas não o “suor do teu rosto”. Ele foi perdoado e vestido, mas isso foi entre “espinhos e cardos”.
Acontece com muita frequência que a graça e o governo se confundem e, como consequência necessária, a graça é roubada de seus encantos e o governo é destituído de suas dignidades solenes. O pleno e irrestrito perdão dos pecados, que o pecador pode desfrutar, com base na gratuita graça, raramente é apreendido, porque o coração está ocupado com as severas sanções do governo. As duas coisas são tão distintas quanto quaisquer duas coisas podem ser, e essa distinção é claramente mantida no terceiro capítulo do Gênesis, como em qualquer outra seção da Palavra inspirada de Deus. Será que os “espinhos e cardos” com que Adão se viu cercado, em sua expulsão do Éden, interferiram no pleno perdão que a graça anteriormente lhe tinha assegurado? Claro que não. Seu coração havia ficado contente com os brilhantes raios da lâmpada da promessa e ele mesmo vestido com o manto que a graça tinha tecido para ele, antes que ele fosse enviado para uma terra amaldiçoada e que gemia, para ali labutar e lutar, pelo justo decreto do trono do governo. O governo de Deus “expulsou o homem”, mas não antes que a graça de Deus o perdoasse e o vestisse. Isso o enviou para um mundo de profunda tristeza, mas não antes de colocar na mão a lâmpada da promessa para animá-lo nessa tristeza. Ele poderia suportar o solene decreto do governo na proporção em que ele experimentasse a rica provisão da graça.
