Origem: Revista O Cristão – Babilônia

A Grande Babilônia

Vimos a história e o caráter da Babilônia política, desde seus primórdios na parte inicial da história do homem nesta Terra. Mas no final da Bíblia, em Apocalipse 17-18, temos um grande sistema religioso que é chamado de “a grande babilônia” – um sistema que é destruído pela besta romana e os reinos que compõem seu império. Podemos perguntar o que é esse sistema e como ele está associado ao nome de Babilônia.

Quando o Senhor Jesus vier em favor dos Seus santos, para levar cada verdadeiro crente para casa a estar com Ele, um grande vazio será deixado neste mundo, no momento em que milhões de pessoas serão subitamente levadas embora. Mas, sabendo que esse evento ocorrerá um dia, Satanás estará a postos, embora, é claro, sem saber quando o Senhor virá. Ele terá tudo em seu devido lugar, pensando que, já que a Igreja partiu, ele poderá ter tudo do seu jeito. Um desses planos será o surgimento da besta romana e, mais tarde, do anticristo. Mas ele planejará, também, edificar a ascensão da Babilônia religiosa.

A Babilônia religiosa 

Muito pouco é dito na Palavra de Deus, quanto à ascensão da Babilônia religiosa, pois ela já existe. Sua descrição mostra que ela não pode ser outra coisa senão a Roma papal; o seu caráter é retratado nos termos mais fortes possíveis, e também seu julgamento. Sua reputação já foi mencionada em outros dois lugares na Palavra de Deus (Ap 14:8; 16:19), mas nos capítulos 17 e 18 temos um registro mais completo de seus caminhos e sua derrota final. Seu comportamento é tão sério, que o Senhor dedica muito tempo detalhando sua posição exaltada e sua subsequente queda. Qual é então o caráter terrível desse sistema?

Seu caráter 

Primeiro de tudo, ela assume uma aparência muito religiosa, mas com associações completamente mundanas. Mais do que isso, ela assume a posição de verdadeira igreja e assume o lugar de ser o testemunho de Deus na Terra. Ela é a imitação de Satanás depois que todo verdadeiro crente for arrebatado, e enganará a muitos. Durante a primeira metade do período da tribulação – um período de três anos e meio – ela governará de fato o mundo político no Ocidente, pois está registrado que “e vi uma mulher assentada sobre uma besta de cor escarlate” (Ap 17:3). A besta romana, a cabeça do Império Romano revivido, estará governando os vários reinos associados a ele, mas o sistema religioso por sua vez irá governar o império e direcionar seu curso, pelo menos por um tempo. Seu orgulho e autossatisfação são avassaladores. A mulher está sentada “sobre muitas águas”, indicando que ela terá ampla influência. Alguém disse de forma muito apropriada: “O Império Romano revivido, com sua confederação de reis, ao buscar subverter todo o temor de Deus e estabelecer a adoração da imagem da besta, aparentemente encontrará no papado corrupto um instrumento preparado para alcançar esses fins malignos, pois esse sistema maligno é, e sempre tem sido, marcado pela mais grosseira idolatria”.

Perseguição 

Segundo, ela será uma forte perseguidora dos piedosos naquele dia, assim como tem perseguido os verdadeiros santos de Deus através dos séculos. Tudo o que restar naquele tempo, que pretenda qualquer coisa do Cristianismo professo, fará parte da “grande Babilônia” e fará parte de todo o sistema maligno. Qualquer um que se opor a ela será selvagemente perseguido, como foi com o povo de Deus por centenas de anos sob a Roma papal.

Riquezas 

Em terceiro lugar, o sistema será fabulosamente rico. O sistema papal sempre foi conhecido por sua riqueza, e mais de uma vez no passado foi alvo da avareza e saques feitos por autoridades civis. Talvez o exemplo mais evidente disso tenha ocorrido na Inglaterra, entre os anos de 1536-1541, quando Henrique VIII executou o que foi chamado de “A Dissolução dos Mosteiros”. Durante esse período, ele dissolveu mosteiros, conventos e priorados, se apropriando de seus recursos e rendas. Parece, no entanto, que a riqueza desse sistema religioso atingirá o ápice durante o período da tribulação, pois ele, não só será uma organização religiosa, mas também será caracterizado como uma cidade fortemente envolvida em atividades comerciais. O estímulo para tudo isso pode ser o Arrebatamento da Igreja, que deixará um vazio o qual Satanás preencherá rapidamente. É um triste comentário sobre a Cristandade evangélica de hoje, que muitos de seus líderes religiosos, ainda que verdadeiros crentes, sejam incrivelmente ricos, alguns com um patrimônio líquido de milhões de dólares. Em Apocalipse 17-18, esse falso sistema não é apenas rico, mas está evidentemente imerso nos negócios mundiais. Quando ele for derrubado, grande parte do comércio mundial será afetado negativamente. Como tudo isso acontecerá, não podemos ter certeza, mas, novamente, parece que mudanças importantes acontecerão pouco tempo depois que a Igreja for chamada para casa.

Sua queda 

Sua queda acontecerá quando o sistema político da besta se cansar da tirania da “mulher” que a dirige e a guia, e então derrubará a “mulher”. Nós lemos sobre os poderes civis – o reino da besta – que estes “aborrecerão a prostituta, e a porão desolada e nua, e comerão a sua carne, e a queimarão no fogo” (Ap 17:16). Isso provavelmente acontecerá no meio do período da tribulação e abrirá caminho para outro poderoso líder religioso, o anticristo. Embora seja o sistema político que destruirá a mulher, com todo o seu comércio, isso é claramente a vontade do Senhor, pois lemos que ela “será queimada no fogo, porque é forte o Senhor Deus, que a julga” (Ap 18:8). Muitos vão chorar por ela, pois a queda desse sistema terá um tremendo efeito sobre o comércio, e as mercadorias por ela comercializadas não estarão mais disponíveis. No entanto, tal será o ódio contra esse sistema que ele será totalmente destruído, apesar da perda de bens caros. Porém, mais do que o comércio e os negócios, sofrerão, juntamente com essa destruição, a vida familiar organizada e os trabalhos manuais serão interrompidos, e até mesmo as artes como a música “nunca jamais em ti se ouvirá” (Ap 18:22 – ARA).

O que é mais solene, entretanto, é que entre todas as mercadorias com as quais ela negociava, encontramos “almas humanas” (Ap 18:13). Vale ressaltar que eles estão no final da lista, mostrando, sem dúvida, que os homens e seu bem-estar eterno são comercializados como bens materiais e animais, e são de última importância.

Seu caráter 

Quando vemos nesses capítulos o caráter real desse sistema religioso, não é difícil entender por que Deus aplicou o nome Babilônia a ele, seja como a mulher que controla o poder temporal ou como a cidade que controla o comércio e os negócios. Desde o início, Babilônia foi conhecida por seu orgulho, sua riqueza, sua rejeição às reivindicações de Deus e a perseguição ao Seu povo. Tudo isso atinge seu ápice em um sistema religioso – o estado final da Cristandade, quando tudo o que é verdadeiro for retirado de seu meio no Arrebatamento.

As testemunhas de Deus 

Contudo, Deus não Se deixará sem testemunho. Embora saibamos que todo verdadeiro crente estará em segurança com Cristo no lar quando tudo isso acontecer, haverá aqueles judeus piedosos que pregarão o evangelho do reino e também aqueles que crerão em sua mensagem. Eles defenderão as reivindicações do Senhor durante aquele período terrível, e a ordem para eles é: “Sai dela, povo Meu, para que não sejas participante dos seus pecados e para que não incorras nas suas pragas” (Ap 18:4). A separação do mal sempre foi o princípio de santidade de Deus neste mundo, e Ele terá Seus santos durante este tempo, que são chamados a cortar qualquer conexão com essa organização corrupta. Só assim serão preservados e evitarão o julgamento que recairá sobre aquilo que é tão abominável a Deus.

Embora ainda não tenha chegado a hora de tudo isso acontecer, a mesma voz é um aviso para nós neste dia da graça de Deus, quando notamos o início de todas essas coisas em nosso mundo. O caráter da Babilônia está alcançando rapidamente a Cristandade, ao vermos total impiedade, luxuria e orgulho descaradamente associados com o nome de Cristo. A única maneira de ser fiel ao Senhor e ser um testemunho a este mundo é separar-se dele, custe o que custar.

W. J. Prost

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