Origem: Revista O Cristão – Coração

Guarda o Teu Coração

Provérbios 4 conclui renovando o chamado para se dar ouvidos às palavras de um pai revestidas da autoridade de Jeová.

“Filho meu, atenta para as minhas palavras; às minhas razões inclina o teu ouvido. Não as deixes apartar-se dos teus olhos; guarda-as no meio do teu coração. Porque são vida para os que as acham e saúde, para o seu corpo. Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as saídas da vida. Desvia de ti a tortuosidade da boca e alonga de ti a perversidade dos lábios. Os teus olhos olhem direitos, e as tuas pálpebras olhem diretamente diante de ti. Pondera a vereda de teus pés, e todos os teus caminhos sejam bem ordenados! Não declines nem para a direita nem para a esquerda; retira o teu pé do mal” (Pv 4:20-27).

O ouvido que escuta, a mente atenta e o coração 

Quando a afeição dos pais, no temor d’Aquele que se digna a nos ensinar, deseja trazer lições de sabedoria ao filho, o ouvido que escuta e a mente atenta não podem ser dispensados. O respeito pessoal, embora devido, não é suficiente: os ouvidos, os olhos e, sobretudo, o coração têm sua parte a cumprir. Tal treinamento deve ser mantido “no meio” do coração. O que mais pode-se comparar com o que tem Cristo como fonte, caráter, objeto e alvo? “N’Ele, estava a vida, e a vida era a luz dos homens” (Jo 1:4). Não é de se admirar, então, que se possa acrescentar: “Porque são vida para os que as acham e saúde, para o seu corpo”, ou como o apóstolo diz a seu próprio filho Timóteo, “a piedade para tudo é proveitosa, tendo a promessa da vida presente e da que há de vir. Esta palavra é fiel e digna de toda aceitação” (1 Tm 4:8-9). Sem dúvida, também, o Cristianismo deu um imenso acréscimo à verdade com a vinda do Filho de Deus, pois, “sem dúvida alguma, grande é o mistério da piedade: Deus se manifestou em carne, foi justificado em espírito, visto dos anjos, pregado aos gentios, crido no mundo, recebido acima na glória” (1 Tm 3:16 – ARF). Sim, o segredo da piedade é n’Ele assim conhecido conforme Ele é; todo o resto é apenas uma bela demonstração da carne, que brilha por um momento antes de se apagar para sempre.

Daí o chamado para “guardar o teu coração sobre tudo o que se deve guardar”. É necessária a máxima vigilância, “porque dele procedem as fontes da vida” (ARA).

O centro moral 

A Escritura sempre vê o coração como o centro moral do qual dependem toda a conduta externa e o andar. Por isso, o Senhor, em Lucas 8, fala daqueles que, ouvindo a Palavra com coração reto e bom, a guardam e dão fruto com perseverança. Em João 15, Ele diz: “Se vós estiverdes em Mim, e as Minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito” (Jo 15:7). Isto, de fato, é piedade: habitar n’Aquele que é vida e salvação e paz; e Suas palavras serem, não apenas obedecidas, mas constantemente apreciadas, resultando em orações subindo e respostas descendo. Não admira, então, que Seu Pai é glorificado, muitos frutos produzidos, e o Senhor Jesus não se envergonha de possuir tais pessoas como Seus discípulos.

Mas, enquanto isso, ainda é permitido que o mal continue ao redor, e o que dificulta tudo, ele está em nossa própria natureza, o velho homem. Que ele foi crucificado com Cristo a fim de que o corpo do pecado fosse anulado, para que não mais sejamos escravos do pecado, é o nosso bendito conhecimento pela fé. Isso não é razão real para negarmos a existência dessa coisa maligna em nós, mas o melhor e mais poderoso fundamento para que o pecado não “reine” em nosso corpo mortal, pois não estamos sob a lei, mas sob a graça. Portanto, embora esse conhecimento pudesse ser obtido no Velho Testamento, tanto naquela época como agora, a palavra é: “Desvia de ti a falsidade da boca e afasta de ti a perversidade dos lábios” (Pv 4:24). A Epístola de Tiago é a prova clara da importância que isso tem e que é ainda mais insistida, se é que possível, do que no passado.

Os olhos e os pés 

Há um outro apelo, igualmente urgente. “Os teus olhos olhem para a frente, e as tuas pálpebras olhem direto diante de ti” (Pv 4:25). Cristo sempre foi o objeto da fé, e agora Ele é revelado como o caminho, não menos que a verdade e a vida. Mas, moralmente falando, o olho é de grande importância, o estado de nossa visão espiritual. Assim como Cristo dá olhos para aqueles que nasceram cegos, somente Ele torna e mantém clara a nossa visão. “A luz do corpo é o olho. Se, pois, o teu olho for bom, também todo o teu corpo será cheio de luz; mas, se o teu olho for mau, também o teu corpo será cheio de trevas. Toma cuidado, portanto, para que a luz que está em ti não seja trevas” (Lc 11:34-35 – KJV). Não nos esqueçamos da penetrante palavra. Cristo guia com segurança só quando o olho é bom.

Também recebemos direção em detalhe. “Pondera a vereda de teus pés, e todos os teus caminhos sejam bem ordenados!” A negligência não provém da fé tanto quanto a pressa, e escorregamos das duas formas por falta de dependência e atenção à Palavra de Deus.

O caminho de Cristo é estreito, porém direto através deste mundo para Ele Mesmo na glória. Os santos sempre foram chamados a andar tendo Deus diante de seus olhos, e a vontade d’Ele agora é declarada para assim honrar o Filho. Portanto, “não declines nem para a direita nem para a esquerda; retira o teu pé do mal”, pois o mal está em ambos os lados.

W. Kelly (adaptado)

Compartilhar
Rolar para cima