Origem: Revista O Cristão – Compartilhando com Cristo
Herdeiros, Sofredores e Glorificados com Cristo
“Não recebestes o espírito de escravidão para estardes outra vez com temor, mas recebestes o espírito de adoção, pelo qual clamamos: Aba, Pai. O Espírito mesmo dá testemunho com o nosso espírito de que somos filhos de Deus. E se filhos, também herdeiros; herdeiros de Deus, e coerdeiros de Cristo, se realmente padecemos com Ele, para que também com Ele sejamos glorificados” (Rm 8:15-17 – TB).
Nossa associação com Cristo é particularmente mencionada: “E se filhos, também herdeiros; herdeiros de Deus, e coerdeiros de Cristo, se realmente padecemos com Ele, para que também com Ele sejamos glorificados”. Três coisas são trazidas à tona: (1) nossa posse, “coerdeiros”; (2) nosso privilégio, “padecemos com Ele”; (3) nossa perspectiva, “com Ele sejamos glorificados”.
Uma herança
Sabemos que a herança é nossa, inalienável e segura – “uma herança incorruptível, incontaminável e que se não pode murchar, guardada nos céus para vós” (1 Pe 1:4). O sofrimento de um tipo ou de outro, como nossa porção presente neste mundo, é o que podemos esperar; aceitamos isso, ou logo aprendemos por experiência. Sim, e “todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições” (2 Tm 3:12). Então, além de tudo isso, a glorificação é a nossa perspectiva de acordo com o propósito de Deus, pois, Quem “os justificou, também os glorificou” (Rm 8:30). Pode-se notar como tudo flui do relacionamento – “se filhos, então herdeiros”. O direito e o vínculo que provêm do nascimento andam juntos. Somos filhos de Deus, aqui e agora. O significado dessa verdade – o relacionamento com Deus e a importância de perceber a verdadeira natureza do vínculo espiritual que provém do nascimento – por mais que a enfatizemos, nunca enfatizaremos o suficiente, dada sua magnitude.
Adoção
Este é um novo relacionamento com Deus, no qual os crentes são admitidos. Ele é construído sobre outro plano e de uma natureza totalmente diferente de qualquer outro anteriormente apreciado pelo homem. O elo é formado por meio de sermos nascidos de novo espiritualmente, nascidos de Deus, pela vida eterna que temos n’Ele e por Deus enviar o Espírito de Seu Filho em nosso coração que clama: “Abba, Pai”. Como aqui em Romanos 8, onde temos a propriedade (v. 14), a adoção (v. 23) e a manifestação (v. 19) apresentadas em conexão com a posição de sermos “filhos de Deus”, o próprio vínculo de nascimento imediatamente se evidencia: “Recebestes o espírito de adoção de filhos, pelo qual clamamos: Abba, Pai. O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus” (vs. 15-16). Encontramos aqui a herança ligada com o nosso relacionamento com Deus como Seus filhos.
Filiação
Gálatas liga a herança com filiação (Gl 4:7). Não há aqui uma diferença essencial na questão da herança, embora haja uma distinção importante, “crianças” e “filhos”. O nascido de novo é um filho de Deus que, recebendo a Cristo e crendo em Seu nome, é nascido “não do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus” (Jo 1:12-13 – ARA). Todos eles são filhos de Deus que têm “fé em Cristo Jesus” (Gl 3:26). Se por um lado temos o laço ou o vínculo de relacionamento que legitimamente permeia a família de Deus, por outro há o estabelecimento do lugar e da posição, embora também da responsabilidade, caracterizando aqueles que, sob a economia Cristã, estão assim relacionados. O que nossa passagem mostra, então, é que nossa herança não se liga apenas à filiação (com toda a riqueza de privilégio e lugar implícita no termo), mas que ela está envolvida no próprio vínculo de nascimento – “se filhos, então herdeiros”. Não estamos, portanto, duplamente seguros em nossa herança, por direito e por vínculo, pela graça de Deus?
Coparticipantes
“Herdeiros de Deus”! Que porção é a nossa! Não um simples legado de alguém a quem a morte levou. Também não é simplesmente como a “herança dos santos na luz”, ainda que ela possa ser assim caracterizada. Somos coerdeiros com Cristo. Não é um legado deixado em testamento, como já foi dito, mas sim uma associação de bênção a qual somos trazidos. Devemos ser coparticipantes com Cristo, como nos mostra Efésios 1, naquilo que resultar do cumprimento do propósito de Deus.
J. T. (adaptado)