Origem: Revista O Cristão – O Homem Celestial
Paulo, O Homem Representante de Deus
Filipenses 3:20
O apóstolo Paulo é um homem que representa esta dispensação em sua pessoa, em seu ministério e em seu modo de vida. Sua salvação e apostolado ilustram para nós os caminhos de Deus nesta dispensação. Estamos vivendo na dispensação da graça de Deus, e sua vida é um padrão para nossa vida neste dia da graça de Deus.
Sua pessoa
Em sua pessoa vemos a manifestação tanto da graça como da justiça desta dispensação. Saulo de Tarso foi utilizado pelo Espírito de Deus a fim de representar nele a graça e a justiça que agora nos são trazidas. Ele magnifica a graça da dispensação quando ele diz ser o maior dos pecadores, mostrando que a graça de Deus pode alcançar e fluir até mesmo para o maior dos pecadores (1 Tm 1:15).
Quando Paulo trouxe a tona o caráter da justiça desta dispensação, ele fala de si mesmo como inculpável se referindo à justiça que está na lei, mas então ele coloca essa justiça de lado e a considera como perda e refugo (Fp 3:8 – ARA). A verdadeira justiça que nos foi revelada por meio dele é a justiça de Deus em Cristo.
Paulo não apenas exibe a graça de Deus e o dom da justiça de Deus, mas também ilustra o modo atual de Deus mostrar Sua graça na vida do crente. Paulo teve que aprender que ele havia se equivocado quanto ao caminho de bênção e de glória. Ele teve que aprender, como todo crente tem que aprender, que quando ele estava fraco, então ele era forte, pois a graça de Deus é aperfeiçoada na fraqueza. Com seu “espinho na [ou “para a” – JND] carne” ele representa os crentes nesta dispensação em suas fraquezas, mostrando que a fraqueza é a condição adequada para a demonstração atual da graça e do poder de Deus (2 Co 12:9).
Aos olhos do mundo, o “espinho para a carne” é visto como uma mancha. A beleza que um mundo podia ver e apreciar estava maculada por essa mancha. Em espírito, Paulo teve revelações maravilhosas e o segredo de Deus estava com ele de uma maneira abençoada, mas diante dos homens havia uma mancha sobre ele. Tudo isso está de acordo com a dispensação. Os santos são exaltados em Cristo, mas diante dos homens eles devem ser humilhados, pois o mundo não os conhece. A dispensação não permite confiança na carne. Deus colocou a carne de lado como algo sem proveito algum. O homem em Cristo não deve olhar para as coisas como o homem na carne faz, isto é, de acordo com sua aparência exterior. Não devemos medir ou comparar as coisas por qualquer regra desse tipo. Pela aparência exterior, havia um espinho em Paulo que provocava o desprezo dos homens.
O espinho na carne de Paulo veio do mesmo amor que o arrebatou ao paraíso. Se ele tivesse permanecido na inteligência completa do Espírito, ele não teria orado por sua remoção, e então ele teve que aprender a se gloriar em suas fraquezas. Ninguém é perfeito, além do próprio Mestre. Por mais favorecido e honrado que tenham sido Paulo e outros, não há nenhum deles que seja perfeito, exceto o Senhor. Isso conforta nossa alma. Deus descansa bem satisfeito n’Ele para sempre, mas somente n’Ele. Ele nunca teve que revogar um desejo Seu, nem voltar atrás com uma oração que chegou ao ouvido do pai.
Seu ministério
A pregação de Paulo foi para todo o mundo e representa a abrangência da graça de Deus nesta dispensação. As boas novas da graça de Deus deveriam ir até os confins da Terra. Para ilustrar essa mensagem de graça para todos os homens, Paulo fala de seu ministério como se estendendo à direita e à esquerda, de Jerusalém chegando até Ilírico. Ele havia recebido “apostolado, para a obediência da fé entre todas as gentes”, e se sentia devedor tanto aos gregos quanto aos bárbaros, tanto para os sábios quanto aos ignorantes. Ele falou aos judeus, aos devotos, ao povo e aos filósofos (Atos 17). Seu propósito era abarcar toda a Terra. Deus estava em Cristo reconciliando o mundo Consigo mesmo. Ele estava chamando os homens de todos os lugares ao arrependimento. Quando Paulo não pôde sair mais pregando o evangelho, sendo o prisioneiro de Jesus Cristo para os gentios, ele “recebia todos quantos vinham vê-lo, pregando o Reino de Deus e ensinando com toda a liberdade as coisas pertencentes ao Senhor Jesus Cristo” (At 28:30-31).
Nos tempos judaicos, as ordenanças de Deus estavam todas em Jerusalém. Ali era onde os homens deveriam adorar. O sacerdote permanecia no templo, pois a dispensação era aquela que se recusava ter comunhão com outras pessoas, mas em justiça guardava o rebanho de Deus confinado na terra da Judéia. Agora a dispensação é de graça, saindo em atividades de amor, para reunir as ovelhas perdidas que se desviaram sobre as montanhas. A pregação é, portanto, a grande ordenança de Deus agora. A pregação é a nova designação de Deus, algo que está além dos meros serviços de um templo isolado. A pregação de Paulo dessa nova dispensação para todos os homens apresenta o padrão para todos nós.
No ministério de Paulo, vemos o que o mundo consideraria ser “a loucura de Deus” e “a fraqueza de Deus”. Paulo deu testemunho do Cristo crucificado. Cristo na cruz era fraqueza e loucura no julgamento dos sábios deste mundo (1 Co 1:27). Então Paulo e seu ministério não vieram com excelência de fala ou de sabedoria aos olhos dos homens. Sua pregação não era com palavras sedutoras, mas ele estava entre os santos em fraqueza, temor e em grande tremor (1 Co 2:3).
Seu modo de vida
Paulo viveu na Terra como cidadão do céu, porque “a nossa cidade [pátria – ARA] está nos céus” (Fp 3:20). Ele aprendeu de Cristo tão efetivamente e ele foi capacitado de uma forma tão bendita, por meio da graça, para exibir o caráter da dispensação, que o Espírito diz que ele era “para Deus… o bom cheiro de Cristo”. Ele era um padrão tão pleno daquele modo de vida ao qual somos chamados que ele poderia dizer: “Tornai-vos todos meus imitadores, irmãos, e observai aqueles que assim andam conforme nos tendes por modelo” (Fp 3:17 – TB).
A vida de Paulo foi uma “manifestação da verdade”. A verdade de Deus revelada a Paulo para dar à Igreja foi vista não apenas em seus ensinamentos, mas foi demonstrada por sua maneira de viver. Sua vida de fé refletia a verdade que ele recebia e dispensava aos outros. A conduta da fé é sempre de acordo com o princípio dos tratamentos atuais de Deus. Como João diz: “Amados, se Deus assim nos amou, também nós devemos amar uns aos outros”. Como Pedro diz: “Não tornando mal por mal ou injúria por injúria; antes, pelo contrário, bendizendo, sabendo que para isto fostes chamados, para que, por herança, alcanceis a bênção” (1 Pe 3:9). Isto é, sendo bênção concedida a nós, bênção é requerida de nós.
No modo de vida de Paulo, nós traçamos o espírito de Cristo e os grandes princípios dos tratamentos atuais de Deus com a Igreja. O Filho de Deus esvaziou-Se da glória que possuía antes de o mundo existir e, enquanto esteve na Terra, Se recusou a pedir o serviço das legiões de anjos. Assim, Paulo, no Espírito de Cristo, embora livre de todos, se tornou servo de todos, tornando-se todas as coisas para todos os homens para o bem deles (1 Co 9:22). Desta forma, sua vida reflete o amor imensurável e incansável de Deus, que nos visitou no evangelho da graça de Deus!
Adaptado de Paul’s Apostleship and Epistles
