Origem: Revista O Cristão – A Defesa da Família
Homem e Mulher
Macho e fêmea
No princípio, Deus criou. Nessa obra, Ele criou seres viventes, como os animais, as aves e os peixes, segundo a sua espécie, dando a eles uma alma vivente. Como última obra dessa criação, Ele criou o homem, dizendo: “Façamos o homem à Nossa imagem, conforme a Nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a Terra, e sobre todo réptil que se move sobre a terra. E criou Deus o homem à Sua imagem; à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou” (Gn 1:26-27).
O homem era especial. Ele deveria estar acima de todo o resto da criação; ele foi criado à imagem de Deus para representá-Lo; ele foi criado à semelhança de Deus; ele foi criado em duas formas distintas: como um macho e como uma fêmea. Sendo criado dessa forma, como um macho e uma fêmea, Deus abençoou o homem, dizendo: “Frutificai, e multiplicai-vos, e enchei a Terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a Terra” (Gn 1:28).
A parte física da criação de Deus e os seres viventes foram trazidos à existência simplesmente com Deus falando para que eles existissem: “E disse Deus: Haja… Produza… Ajuntem-se… Produzam… E assim foi”. Mas Sua criatura, o homem, foi formado e recebeu vida de uma maneira especial, “Então formou o SENHOR Deus o homem do pó da terra, e soprou em seus narizes o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente” (Gn 2:7).
Deus e Jeová Deus
Deus cria, pois Ele é Aquele que sempre existiu e que habita a eternidade. Sua primeira obra foi criar o tempo e espaço e depois criar coisas para habitar o tempo e espaço. Ao fazer isso, Ele Se refere a Si mesmo como “Deus”. Quando Ele cria o homem e prepara uma morada para ele, Ele Se apresenta como o “SENHOR Deus” (Jeová Deus). Esse título/nome traz um relacionamento diante de nós – o relacionamento que Ele deve ter com o homem. Ao contrário do animal, o homem é criado como um ser moral em seu relacionamento com Deus, com seu semelhante, e em suas responsabilidades sobre a Terra criada.
A posição moral do homem
Tendo fornecido e colocado o homem no jardim do Éden com provisões para seu alimento, Jeová agora coloca o homem em seu relacionamento moral Consigo. Ele não sugere, não aconselha, não dá livre arbítrio, Ele ordena obediência. “E ordenou o SENHOR Deus ao homem, dizendo: De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore da ciência do bem e do mal, dela não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás” (Gn 2:16-17).
Nenhuma companheira ajudadora semelhante a ele
Sabemos que “há um só Deus”. Também sabemos que Ele Se revelou a nós como Pai, Filho e Espírito Santo. Então, no ato de criar o homem, ele diz: “Façamos o homem à Nossa imagem, conforme a Nossa semelhança”. Tendo colocado o homem no jardim, ordenando-lhe que obedecesse, poderíamos dizer que tudo está bem, mas Jeová Deus não diz isso. Ele disse: “Não é bom que o homem esteja só; farei para ele uma companheira ajudadora semelhante a ele” (Gn 2:18 – JND). Deus traz cada alma vivente a Adão para ele nomear, e ele dá nomes a todas. Foi encontrada no processo alguma alma que fosse adequada para ser sua companheira ajudadora? Não. “Mas quanto a Adão, ele não encontrou nenhuma companheira ajudadora semelhante a ele” (Gn 2:20 – JND).
Homem e mulher
O Pai e o Filho têm sido companheiros por toda a eternidade. O homem deveria ser como eles. Mas até então o homem não era, pois não tinha companhia, nem ajudadora, semelhante a ele. “Então o SENHOR Deus fez cair um sono pesado sobre Adão, e este adormeceu; e tomou uma das suas costelas, e cerrou a carne em seu lugar. E da costela que o SENHOR Deus tomou do homem formou uma mulher, e trouxe-a a Adão. E disse Adão: Esta é agora osso dos meus ossos, e carne da minha carne; esta será chamada mulher, porquanto do homem foi tomada” (Gn 2:21-23 – ACF).
Deus provê o que o homem precisa para ser completo: Ele “formou a mulher e a trouxe ao homem” (AIBB). Adão a chama de “mulher”. Ela não é somente um tipo biologicamente diferente da raça humana. Ela é tirada do homem, ela é osso dos seus ossos e carne da sua carne. Deus agora nos apresenta dois conjuntos de termos, cada um com seu próprio significado e importância. Macho e fêmea são termos dos dois tipos diferentes de ser humano necessários para ser fecundos e perpetuar a raça. Homem e mulher nos dão a natureza de sua relação um com o outro, a sua adequação para serem companheiros de ajuda, para compartilharem uma intimidade especial um com o outro – para serem “uma só carne”.
Marido e esposa
A relação do homem com a mulher agora é levada um passo adiante: “Portanto, deixará o varão o seu pai e a sua mãe e apegar-se-á à sua mulher [esposa – JND], e serão ambos uma carne” (Gn 2:24).
Um homem deve deixar a família de seu pai e mãe para estar em um relacionamento com uma mulher como sua esposa. Ele se apegará a ela e eles “se tornarão uma só carne” (JND).
A natureza de ser “uma só carne” nos é dada pela declaração: “E conheceu Adão a Eva, sua mulher [esposa – JND]; e ela concebeu, e teve a Caim, e disse: Alcancei do SENHOR um varão” (Gn 4:1). Caim cresce, deixa seu pai e sua mãe, toma uma esposa e, “conheceu Caim a sua mulher [esposa – JND], e ela concebeu e teve a Enoque” (Gn 4:17).
Gênero
Deus criou macho e fêmea. A vontade do homem não pode alterar esse fato. Como mostram os versículos a seguir, Deus deu uma maneira muito, muito simples de saber quem é macho e quem é fêmea. Sem exceção, o homem produz a “semente” e a mulher fornece o “ventre” (ou “madre”). Se você é um produtor de semente, então você é um macho; se você fornece um ventre (ou madre) para essa semente, então você é uma fêmea.
Homem, o pai
“Para que em vida conservemos semente de nosso pai” (Gn 19:34).
“Também o homem quando sair dele a semente de cópula” (Lv 15:16).
“Ou um homem cuja semente da cópula tenha saído dele” (Lv 22:4 – JND).
“Achei Davi, filho de Jessé, homem segundo o Meu coração, que fará toda a Minha vontade. Da descendência deste [da semente desse homem – JND], conforme a promessa, trouxe Deus a Israel o Salvador, que é Jesus” (At 13:22-23).
O macho, como Deus o criou, recebeu os meios de produzir “semente”. Quando sua semente é concebida no ventre da fêmea e produz o fruto – uma criança –, ele é o pai da criança.
Mulher, a mãe
“Se uma mulher conceber e tiver um varão” (Lv 12:2).
“E à mulher disse: Multiplicarei sobremodo os sofrimentos da tua gravidez; em meio de dores darás à luz filhos” (Gn 3:16 – ARA).
“Vendo, pois, o SENHOR que Léia era aborrecida, abriu a sua madre; porém Raquel era estéril” (Gn 29:31).
“Estou eu no lugar de Deus, que te impediu o fruto de teu ventre?” (Gn 30:2).
“Assim como tu não sabes qual o caminho do vento, nem como se formam os ossos no ventre da que está grávida, assim também não sabes as obras de Deus, que faz todas as coisas” (Ec 11:5).
A fêmea, como Deus a criou, é provida de um “ventre”. Nesse ventre ela recebe a semente do macho. Conforme Deus escolhe, essa semente é “concebida”. Se a concepção ocorre, a mulher é chamada de “grávida” e uma criança começa a ser formada e a crescer no ventre. Quando a criança, fruto do ventre, nasce, ela é a mãe da criança.
Concepção e uma só carne
“E conheceu Adão a Eva, sua mulher, e ela concebeu, e teve a Caim” (Gn 4:1).
“Entra tu, deita-te com ele, para que em vida conservemos semente de nosso pai” (Gn 19:34).
“Também o homem quando sair dele a semente da cópula” (Lv 15:16).
“Ou não sabeis que o que se ajunta com a meretriz faz-se um corpo com ela? Porque serão, disse, dois numa só carne” (1 Co 6:16).
O meio pelo qual a semente do macho entra no ventre da fêmea é descrito nos versículos anteriores. Tal ato, quer seja um ato de casamento ou um ato de pecado, resulta em que “serão… uma só carne”.
Concepção e vida
Embora um homem possa “conhecer” uma mulher e sua semente entrar no ventre dela, é importante reconhecer que somente Deus é Quem dá a vida.
“Assim, tomou Boaz a Rute, e ela lhe foi por mulher; e ele entrou a ela, e o SENHOR lhe deu conceição, e ela teve um filho.” (Rt 4:13)
Somente Deus, como Senhor da vida, controla se a concepção ocorrerá ou não. Quando Deus dá a concepção, uma nova vida começa. Dar o direito de abortar uma criança concebida, crescendo no ventre, é dar o direito de matar.
Jacó entendeu. “Vendo, pois, o SENHOR que Léia era aborrecida, abriu a sua madre; porém Raquel era estéril” (Gn 29:31). “Então, se acendeu a ira de Jacó contra Raquel e disse, estou eu no lugar de Deus, que te impediu o fruto de teu ventre?” (Gn 30:2). “E lembrou-Se Deus de Raquel, e Deus a ouviu, e abriu a sua madre. E ela concebeu, e teve um filho, e disse: Tirou-me Deus a minha vergonha” (Gn 30:22-23).
Divórcio
Deus decretou que não era bom que o homem estivesse sozinho. Ele proveu a Adão uma ajudadora. E ela se tornou sua esposa e a mãe de seus filhos. Eles eram “uma só carne”. Com o passar do tempo, alguns decidiram “repudiar” a própria esposa e se casar com outra. Quando o Senhor Jesus veio, Ele apresentou ao homem o reino de Deus – um reino de justiça, paz e alegria no Espírito Santo. Ele veio como o Rei dos Judeus. Eles O rejeitam e então Ele diz a Seus seguidores que, como Filho do Homem, Ele deve sofrer, morrer e ressuscitar. Como parte do Seu sermão no monte, Ele disse: “Também foi dito: Aquele que repudiar sua mulher, dê-lhe carta de divórcio. Eu, porém, vos digo: qualquer que repudiar sua mulher, exceto em caso de relações sexuais ilícitas, a expõe a tornar-se adúltera; e aquele que casar com a repudiada comete adultério” (Mt 5:31-32 – ARA).
Mais tarde, os fariseus abordaram o assunto novamente. “Então, chegaram ao pé d’Ele os fariseus, tentando-O e dizendo-Lhe: É lícito ao homem repudiar sua mulher por qualquer motivo?” (Mt 19:3). O Senhor responde à pergunta: “Ele, porém, respondendo, disse-lhes: Não tendes lido que, no princípio, o Criador os fez macho e fêmea e disse: Portanto, deixará o homem pai e mãe e se unirá à sua mulher, e serão dois numa só carne? Assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não separe o homem” (Mt 19:4-6).
Não aceitando a resposta do Senhor e a razão que Ele dá – “no princípio, o Criador os fez macho e fêmea” –, eles apelam para o que Moisés disse: “Replicaram-Lhe: Por que mandou, então, Moisés dar carta de divórcio e repudiar? Respondeu-lhes Jesus: Por causa da dureza do vosso coração é que Moisés vos permitiu repudiar vossa mulher; entretanto, não foi assim desde o princípio. Eu, porém, vos digo: quem repudiar sua mulher, não sendo por causa de relações sexuais ilícitas, e casar com outra comete adultério e o que casar com a repudiada comete adultério” (Mt 19:7-9 – ARA).
Eunucos
Os discípulos do Senhor acham o que Ele diz difícil de aceitar, pois em seus pensamentos se perguntavam, em vista do que Ele disse, se de fato seria uma boa ideia se casar (Mt 19:10). Então Ele lhes responde dizendo, primeiramente: “Nem todos podem receber esta palavra, mas só aqueles a quem foi concedido” (Mt 19:11).
Então, o Senhor explica Sua resposta dizendo: “Porque há eunucos que assim nasceram do ventre da mãe; e há eunucos que foram castrados pelos homens; e há eunucos que se castraram a si mesmos por causa do Reino dos céus. Quem pode receber isso, que o receba” (Mt 19:12).
Embora, no princípio, Deus tenha criado o macho e a fêmea e os tenha trazido ao estado de “uma só carne” ao serem unidos como marido e mulher, havia alguns que não podiam e outros que optaram por não entrar nessa santa união. Eles eram chamados de “eunucos”.
Devido ao pecado e seus efeitos sobre o homem, alguns nasceram em uma condição defeituosa e anormal que os impediu de se tornarem “uma só carne”.
Alguns foram colocados nessa condição por atos de homens. Em vários exemplos no Velho Testamento, homens foram feitos eunucos por homens e depois colocados por seus senhores para cuidar de mulheres. Como eunucos, eles não podiam ser tentados a ser “uma só carne” com as mulheres.
Deus criou o homem com o desejo natural de ter uma companheira, semelhante a ele. E ele estabeleceu a maneira adequada para homens e mulheres viverem juntos como marido e mulher. Desde o princípio tem sido assim. No entanto, o Senhor deu a alguns o dom de serem capazes, por causa do reino de Deus, de negar esse desejo natural e se dedicarem totalmente ao Senhor e aos Seus interesses.
Assim, o Senhor conclui dizendo: “Quem pode receber isso, que o receba” (Mt 19:12). Aqueles que eram capazes de assim proceder, poderiam fazê-lo. Mas nem todos eram capazes de viver acima do que é natural de acordo com a natureza e, portanto, deveriam se casar.
Cristianismo
O Cristianismo muda muitas coisas. Agora, pela fé em Deus e em Seu evangelho, o homem é uma nova criação em Cristo Jesus. Ele nasce de novo com uma nova vida e natureza; ele é um filho de Deus, parte da família de Deus; ele é um membro do corpo de Cristo e parte de Sua noiva. Seu destino é viver com Cristo, na casa do Pai, no céu. Lá, o casamento não existirá mais, mas todos serão transformados para terem o corpo fisicamente perfeito e sem pecado.
Nós temos nova vida, um incrédulo não tem. Não devemos entrar num jugo desigual de nos unirmos com um incrédulo por meio do casamento. “Não vos prendais a um jugo desigual com os incrédulos; pois que sociedade tem a justiça com a injustiça? Ou que comunhão tem a luz com as trevas?” (2 Co 6:14 – AIBB). O incrédulo é caracterizado pela injustiça e pelas trevas, enquanto o crente é caracterizado pela justiça e pela luz.
Quando o Senhor falou sobre o divórcio, os discípulos se perguntaram se de fato convinha casar. Agora, estando na luz do Cristianismo, aprendemos: “Mas, por causa da prostituição, cada um tenha a sua própria mulher, e cada uma tenha o seu próprio marido. O marido pague à mulher a devida benevolência, e da mesma sorte a mulher, ao marido” (1 Co 7:2-4).
Paulo era um eunuco por causa do reino de Deus. De si mesmo e de outros, conforme o que disse o Senhor, “quem pode receber isso, que o receba”, Paulo diz: “Porque quereria que todos os homens fossem como eu mesmo. Mas cada um tem de Deus o seu próprio dom, um de uma maneira, e outro de outra. Digo, porém, aos solteiros e às viúvas, que lhes é bom se ficarem como eu, mas se não podem conter-se, casem-se. Porque é melhor casar do que abrasar-se” (1 Co 7:7-9). Ele dá mais detalhes sobre o assunto em 1 Coríntios 7:25-38.
Mas, se já somos casados quando “chamados”, o que fazemos então? O Senhor nos ordena: “Todavia, aos casados, mando, não eu, mas o Senhor, que a mulher se não aparte do marido. Se, porém, se apartar, que fique sem casar ou que se reconcilie com o marido; e que o marido não deixe a mulher. Mas, aos outros, digo eu, não o Senhor: se algum irmão tem mulher descrente, e ela consente em habitar com ele, não a deixe. E se alguma mulher tem marido descrente, e ele consente em habitar com ela, não o deixe. Porque o marido descrente é santificado pela mulher, e a mulher descrente é santificada pelo marido. Doutra sorte, os vossos filhos seriam imundos; mas, agora, são santos. Mas, se o descrente se apartar, aparte-se; porque neste caso o irmão, ou irmã, não está sujeito à servidão; mas Deus chamou-nos para a paz. Porque, donde sabes, ó mulher, se salvarás teu marido? Ou, donde sabes, ó marido, se salvarás tua mulher?” (1 Co 7:10-16).
Andando no estado em que foi chamado
Uma pessoa quando “chamada” em algum momento da vida é trazida ao seu novo e maravilhoso relacionamento com Deus. Somos chamados a ser um povo celestial que continua a viver na Terra até que Cristo venha para nos reivindicar como Sua noiva, antes de trazer juízo sobre a Terra e estabelecer Seu reino.
Então, como esse chamado afeta a nossa condição atual e a nossa relação com os outros? “E, assim, cada um ande como Deus lhe repartiu, cada um, como o Senhor o chamou. É o que ordeno em todas as igrejas. É alguém chamado, estando circuncidado? Fique circuncidado. É alguém chamado, estando incircuncidado? Não se circuncide. A circuncisão é nada, e a incircuncisão nada é, mas, sim, a observância dos mandamentos de Deus. Cada um fique na vocação [no estado – AIBB] em que foi chamado. Foste chamado sendo servo? não te dê cuidado; e, se ainda podes ser livre, aproveita a ocasião. Porque o que é chamado pelo Senhor, sendo servo, é liberto do Senhor; e da mesma maneira também o que é chamado sendo livre, servo é de Cristo. Fostes comprados por bom preço; não vos façais servos dos homens. Irmãos, cada um fique diante de Deus no estado em que foi chamado” (1 Co 7:17-24).
A circuncisão foi dada como um sinal da aliança entre Abraão e Jeová. Tem ela alguma coisa a ver se fomos chamados sendo Judeus ou gentios? Não. O importante é a “observância dos mandamentos de Deus”. Somos chamados sendo “servos” (escravos)? Devemos declarar a escravidão injusta? Devemos nos envolver politicamente e tentar mudar as leis que nos governam? Não. Somos “servos de Cristo”.
Graça e governo
“A graça perdoa – sim, perdoa de forma gratuita, plena e eternamente. Porém aquilo que é semeado deve ser colhido. Um homem pode ser enviado por seu mestre para semear um campo com trigo e, por ignorância, frouxidão ou desatenção, semeia algumas ervas daninhas. Seu mestre fica sabendo de seu erro e, no exercício de sua graça, ele o perdoa – o perdoa de forma gratuita e plena. E agora? O perdão gracioso mudará a natureza da colheita? Certamente não, e, portanto, no devido tempo, quando as espigas douradas deveriam cobrir o campo, o servo o verá coberto com as ervas daninhas que semeou. A visão das ervas daninhas o faz duvidar da graça de seu mestre? De maneira nenhuma. Assim como a graça do mestre não alterou a natureza da colheita, a natureza da colheita também não toca, nem por um momento, a graça do mestre, nem interfere em nada no seu perdão. As duas coisas são perfeitamente distintas. Além disso, o princípio ainda seria verdadeiro, mesmo que o mestre, pela aplicação de uma habilidade extraordinária, extraísse da erva um medicamento infinitamente mais valioso do que o próprio trigo. Ainda permaneceria válido que “tudo o que o homem semear, isso também ceifará” (Gl 6:7). Esse versículo é uma declaração breve, porém bem abrangente, do grande princípio governamental – um princípio sério e, ao mesmo tempo, prático. “Tudo o que o homem semear”; não importa quem ele é. Assim como é a sua semeadura, assim será a sua colheita. A graça perdoa, mas, se você semear ervas daninhas na primavera, você não colherá trigo na hora da ceifa.”