Origem: Revista O Cristão – A Presença do Senhor
Horebe: O Monte de Deus
Quando Elias chegou a Horebe, o monte de Deus (1 Reis 19), a palavra do Senhor veio a ele com a pergunta perspicaz: “Que fazes aqui, Elias”? O profeta deixou o caminho do serviço com seu sofrimento e perseguição, e buscou um lugar de segurança em meio à solidão no deserto. Então, a consciência seria sondada e ele prestaria conta ao Senhor por suas ações.
Como é difícil continuar no caminho do serviço quando tudo aparentemente acaba em fracasso! Em seguida, estamos prontos para fugir de nossos irmãos, abandonar o serviço ativo e buscar descanso em algum esconderijo solitário. Mas o Senhor nos ama muito para nos deixar descansar em lugares calmos de nossa própria escolha. Ele levanta a questão em nossa consciência: ‘O que você faz aqui?’ Nenhuma dessas questões foi levantada na solidão de Querite ou no lar em Serepta. O profeta foi levado ao ribeiro solitário e à casa da viúva pela palavra do Senhor, mas depois, havia fugido para a caverna em Horebe diante da ameaça de uma mulher.
Três Razões para Fugir
Elias deu três motivos para fugir para a caverna. Primeiro, ele disse: “Tenho sido muito zeloso pelo SENHOR, Deus dos Exércitos”. Mas a ocupação com o nosso próprio zelo sempre levará ao desapontamento. Então, ele reclamou do povo de Deus dizendo que por causa de sua condição desesperançosa tornou-se inútil continuar trabalhando no meio deles. Por fim, ele disse: “E eu fiquei só, e buscam a minha vida para ma tirarem”. Daí ele deu as costas para eles e procurou descanso e abrigo na caverna solitária.
A pergunta do Senhor traz à luz a verdadeira condição da alma do profeta, mas ele ainda tinha que conhecer o verdadeiro motivo de sua fuga. Não foi de modo algum porque seu zelo não conseguiu efetuar qualquer mudança, nem por causa da terrível condição do povo de Deus, ou porque procuraram tirar sua vida.
Nunca houve zelo como o zelo do Senhor Jesus. Ele podia dizer: “Pois o zelo da tua casa me devorou” (Sl 69:9), e ainda assim Ele teve que dizer: “Debalde tenho trabalhado, inútil e vãmente gastei as minhas forças” (Is 49:4). Também, a condição de Israel nunca foi mais terrível do que quando o Senhor esteve no meio deles. Mas, apesar de tudo isso, e apesar de repetidas vezes eles procurarem tirar Sua vida, ainda assim Ele nunca, nem por um momento, Se desviou do caminho da perfeita obediência ao Pai. Ele nunca procurou retirar-Se para segurança de alguma caverna solitária. Ele manteve Seu caminho perfeito no caminho da obediência ao Pai e serviço desinteressado aos homens. Queremos saber o segredo dessa bela vida? Aprendemos sobre ela quando O ouvimos dizer: “Tenho posto o SENHOR continuamente diante de mim; por isso que ele está à minha mão direita, nunca vacilarei” (Sl 16:8). Além disso, Ele não olhou para o caminho áspero que teve que pisar, mas para o final glorioso da jornada. “Também a minha carne repousará segura… Far-me-ás ver a vereda da vida; na tua presença há abundância de alegrias; à tua mão direita há delícias perpetuamente” (Sl 16:9, 11).
A Presença do Senhor Diante D’Ele
Elias tinha fugido, portanto, só porque ele falhou em manter o Senhor sempre diante dele. Ele olhou para a aspereza do caminho e não para o fim glorioso para o qual estava sendo levado. O fracasso de sua vida devota em efetuar qualquer mudança na condição perversa do povo e a perseguição a que ele foi submetido nunca o teriam afastado do caminho de serviço se ele tivesse mantido o Senhor diante dele. E o que importa a aspereza da jornada se o fim da história acaba com ele sendo levado para o céu em uma carruagem de glória!
Então, o Senhor fala novamente a Elias: “Sai para fora e põe-te neste monte perante a face do SENHOR”. Elias pôde dar muitas razões plausíveis para fugir para a caverna, mas a verdadeira razão foi que ele falhou em manter o Senhor diante dele. A explicação do testemunho corajoso diante de Acabe, seu poder de levantar o filho da viúva e o poder para trazer fogo do céu e comandar a chuva é simplesmente porque ele se movia e agia com fé diante do Deus vivo. A explicação de sua fuga, por outro lado, é que ele agiu com medo de uma mulher. Ao dirigir-se ao rei apóstata ele pôde dizer, “o SENHOR dos Exércitos, perante cuja face estou”; quando contemplava a rainha má, aconteceu o contrário, é Jezabel de quem eu fujo.
A Voz Mansa e Suave
Elias teve que aprender outra lição para ser levado conscientemente à presença do Senhor. Ele havia visto o fogo descer sobre o Carmelo e os céus “negros de nuvens e vento” na chegada da chuva. Ele havia conectado a presença do Senhor com essas manifestações terríveis da natureza. Ele tinha pensado que, como resultado dessas demonstrações poderosas de Deus, toda a nação se converteria a Deus em profundo arrependimento, e no momento, de fato, eles caíram sobre seus rostos e confessaram: “Só o SENHOR é Deus!” Mas nenhum reavivamento real aconteceu. Elias teve que aprender que o vento, o terremoto e o fogo podem de fato ser servos de Deus para despertar os homens, mas a menos que a “voz mansa e suave” seja ouvida, nenhum homem é realmente ganho para Deus. O trovão do Sinai deve ser seguido pela voz mansa e suave da graça, se o coração do homem deve ser alcançado e ganho. Deus não estava no vento, no terremoto, ou no fogo, mas na voz mansa e suave.
“E sucedeu que, ouvindo-a Elias, envolveu o seu rosto na sua capa, e saiu para fora, e pôs-se à entrada da caverna”; Elias estava na presença do Senhor, como resultado imediato ele “envolveu o seu rosto na sua capa”. Longe do Senhor falava sobre si mesmo, na presença do Senhor escondeu-se a si mesmo. Mas ainda existia orgulho, amargura e raiva em seu coração, então o Senhor novamente o sondou através de uma pergunta: “Que fazes aqui, Elias?”. Deus terá todas as coisas descobertas em Sua presença. Elias mais uma vez descarregou seu espírito. Tudo o que ele disse era verdade quanto ao fato, mas o espírito em que foi dito estava totalmente errado. É fácil discernir o orgulho ferido e o espírito amargurado por trás de suas palavras, que levaram o profeta a falar bem de si mesmo e nada além do mal do povo de Deus. Então ele teria que ouvir o julgamento solene de Deus.
A Designação de Substitutos
Primeiro o Senhor diz: “Vai, volta pelo teu caminho”. O profeta teve que refazer seus passos. Então ele teve que designar outros instrumentos para continuar a obra do Senhor. Elias havia se queixado do mal do povo de Deus? Agora, seria sua dolorosa missão nomear Hazael, rei da Síria, como um instrumento para castigar o povo de Deus. Elias tinha fugido da ameaça da ímpia Jezabel? Então ele teve que nomear Jeú para ser rei sobre Israel, que seria o instrumento para julgar Jezabel. Ele tinha falado bem de si mesmo e pensado que apenas ele permaneceu? Então ele teve que nomear Eliseu para ser profeta em seu lugar. O profeta tinha pensado que ele estava sozinho e que ele era o único homem por quem Deus poderia trabalhar? Então ele teve que aprender que Deus tinha sete mil que não haviam dobrado o joelho a Baal. Elias realmente tinha sido muito zeloso por Deus, mas ele não tinha sido capaz de ver os sete mil ocultos de Deus. Ele pode ver o mal da massa, ele pode ver o que Deus estava fazendo no julgamento, mas ele foi incapaz de discernir o que Deus estava fazendo em graça.
Silêncio Sobre Si Mesmo
Na presença desta mensagem solene, o profeta foi reduzido ao silêncio. Ele não tinha mais uma palavra a dizer por si mesmo. No Carmelo, ele disse ao rei e a todo o Israel: “Só eu fiquei por profeta do SENHOR”. No Monte Horebe, ele havia dito duas vezes na presença do Senhor: “e eu fiquei só”. Mas finalmente ele aprendeu a lição saudável de que ele era apenas um entre sete mil.
Finalmente, podemos notar outra característica comovente neste incidente, e essa é a consideração dos procedimentos de Deus, mesmo no momento da repreensão. Alguém disse: “Deus agiu com Elias como sendo um servo amado e fiel, mesmo no momento em que Ele o fez consciente de seu fracasso na energia da fé, pois Ele não fez os outros saberem disso, mesmo que tenha nos comunicado isto para nossa instrução”.